OURO PRETO - Aberto com o início da programação da 20ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), como terceiro espaço de exibição, juntamente com o Centro de Convenções e a Praça Tiradentes, o anexo do Museu da Inconfidência foi oficialmente batizado neste domingo (29), passando a ganhar o nome de sala Joaquim Pedro de Andrade, em referência ao diretor carioca que realizou “Os Inconfidentes” (1972), sobre a insurreição mineira contra a Coroa Portuguesa no século XVIII.
Com a sala de 90 lugares, que terá programação contínua, Ouro Preto volta a ter uma sala de cinema, após o fechamento do Cine Vila Rica para reforma em 2018. “Sempre ouvi falar (do anexo do Museu da Inconfidência), mas nunca tinha visitado. No ano passado, quando o Joel Pizzini fez lá um longa sobre José Tavares de Barros, no qual fiz parte, vi que tínhamos um cinema perfeito. Então fizemos um trabalho com o Museu da Inconfidência para transformar o espaço em cinema”, registra Raquel Hallak, coordenadora da CineOP.
Sobre o Vila Rica, Raquel explicou, em coletiva realizada nesta segunda-feira, que a Universo Produção, instituição responsável pela CineOP, trabalhou oito anos em busca de recursos para o cinema. “Conseguimos junto à Codemge recursos de reforma e manutenção, mas, na mudança de governo de Pimentel para Zema, houve um distrato e novo contrato foi feito, em que o comodato e a manutenção deixaram de existir, mas mantendo a reforma”, explica a coordenadora.
“A primeira parte destes recursos já está de posse da universidade (a UFOP) e lentamente, já que isso tem mais de cinco anos, os projetos estão sendo licitados. Não sei se vai ter recurso suficiente para equipá-lo com tecnologia de última geração. Nós ficaremos como fiscais dessa obra porque vai muito além da CineOP. A própria campanha para o curso de cinema da UFOP tem a ver com o Vila Rica, porque, além da sala de exibição, a parte de baixo é cheia de salas, podendo ter laboratórios e salas de oficina”, assinala.
Para Raquel, Ouro Preto tem tudo para ser um curso completo de cinema, com ações de difusão e formação. A criação do curso, por sinal, foi anunciada dentro da programação da Mostra pelo Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC) da Universidade de Ouro Preto, e terá ênfase em preservação. Raquel lembrou a emoção do diretor Cacá Diegues, falecido neste ano, ao exibir “Xica da Silva” (1976) num Vila Rica lotado, principalmente por uma nova geração de espectadores.
(*) O repórter viajou a convite da organização da Mostra de Cinema de Ouro Preto