O Instituto Inhotim realiza, neste fim de semana, a segunda edição do festival Jardim Sonoro. O evento começa nesta sexta (11/7) e vai até domingo, com uma programação que tem a proposta de integrar a música à experiência do museu de arte contemporânea, localizado em Brumadinho, e à natureza. Neste ano, o festival mergulha na temática da voz em suas dimensões musicais, políticas e poéticas, com apresentações de Djuena Tikuna, Luiza Brina, Mônica Salmaso, Cécile McLorin Salvant, Josyara, Tetê Espíndola, o grupo Ilê Aiyê e Brisa Flow.

Curadora do Jardim Sonoro, Marilia Loureiro explica que colocar a voz como protagonista nesta edição nasceu da vontade de fazer algo contrastante com a edição de estreia do festival, em 2024. “No ano passado a gente teve uma programação muito mais instrumental, muito mais imersiva, conectando o instrumento à paisagem. Embora o festival tenha trazido nomes como Paulinho da Viola e Maria Bethânia, havia uma ênfase maior no instrumental”, detalha ela, que assina a curadoria com Júlia Rebouças, diretora artística do Inhotim.

De acordo com Marilia, a segunda edição do festival mergulha na temática da voz, “como instrumento, como essa capacidade de fazer o corpo ressoar no espaço”. “A gente pensou a voz também de uma maneira muito diversa e plural: quais são essas modalidades de voz que a gente gostaria de ter?”, comenta a curadora, refletindo que a voz, além do som, se expande como manifesto, ativismo, fala, ritmo, canto e expressão.

A partir dessa proposta que foi montada a programação desta edição do Jardim Sonoro, que prioriza o diálogo entre vozes femininas. “Nosso grande destaque é a Cécile McLorin Salvant, uma jazzista que faz uma ponte com o canto lírico e figura entre as principais listas de jazz nos Estados Unidos. Trazê-la para cá e ter no mesmo dia a cantora mineira Luiza Brina, em ascensão, e a Mônica Salmaso, de São Paulo, com uma carreira já consolidada é muito especial. Observar onde essas vozes se complementam, se encontram e se desencontram era algo que nos interessava”, explica a curadora, referindo-se aos shows que acontecerão no sábado.

Ela também destaca a presença das artistas indígenas Djuena Tikuna (cantora e ativista do povo Tikuna, do Alto Solimões, no Amazonas, que abre o Jardim Sonoro) e a mineira Brisa Flow. “o Inhotim tem intensificado a programação indígena, por entender a importância de trazer essas artes para dentro do museu”, frisa Marília. “A gente também pensou muito em contemplar diferentes estados do Brasil”, defende Marilia, que também cita as apresentações de Tetê Espíndola (Mato Grosso) e, da Bahia, a cantora Josyara e o Ilê Aiyê, com destaque para as vozes femininas do grupo. 

Luiza Brina faz show do elogiado álbum “Prece”

Cantora, compositora, produtora e arranjadora, a belo-horizontina Luiza Brina é uma das atrações deste sábado do Jardim Sonoro. A apresentação é inspirada em “Prece”, quarto álbum da carreira da artista, lançado em 2024 e aclamado como um dos melhores discos do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). “Prece” também figura na lista dos 50 melhores álbuns de 2024 da NPR, uma das mais importantes rádios dos Estados Unidos.

“Esse disco reúne canções que intitulei de orações, e que se tornou uma espécie de linguagem para mim”, conta Luiza, que conta com a participação de artistas como Maurício Tizumba e Sérgio Pererê. 

Para o Jardim Sonoro, ela prepara um show mais intimista. “Vou me apresentar com voz e violão, acompanhada por Yuri Velasco na bateria e percussão. A partir de adaptações dos arranjos do disco, apresentaremos essa formação.”, revela ela, que celebra o convite para participar do festival. 

“Essa programação está realmente muito especial, até porque foge um pouco do óbvio que costumamos ver em muitos festivais. Estou muito feliz por dividir o palco com artistas que admiro imensamente, que vieram antes de mim, como a Mônica Salmaso, a Tetê Espíndola. E tem a Josyara, que é minha colega de geração”, afirma. 

Serviço

Jardim Sonoro – Festival de Música Inhotim (2ª edição)
Quando. Hoje, amanhã e domingo
Onde. Instituto Inhotim (Rua B, 20, Brumadinho)
Acesso gratuito para quem estiver no Inhotim (mediante pagamento de entrada no Parque).
Entrada no parque. R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia-entrada)