O conflito entre Marcius Melhem, ex-diretor de humor da Globo, e um grupo de mulheres liderado por Dani Calabresa, ganhou um novo capítulo na última terça-feira (22/7). Melhem e o jornalista Ricardo Feltrin, que cobriu as acusações contra o humorista, se tornaram réus por violência psicológica e perseguição contra quatro mulheres que acusam a dupla de terem disseminado "comentários públicos constrangedores e desqualificadores das vítimas e testemunhas", o que teria desencadeado mensagens de ódio nas redes sociais contra elas.

Este processo é um desdobramento das defesas que Melhem fez, em suas redes sociais, ao ser acusado de assédio sexual por Dani Calabresa e um grupo de mulheres com quem trabalhou em 2020.

O caso de Dani prescreveu, mas o de outras mulheres segue em aberto e, para julgá-lo, há uma audiência marcada para a primeira semana de agosto. Em paralelo, o compliance da Globo afirmou ao Ministério Público do Trabalho do Rio que o suposto assédio de Melhem não foi comprovado.

A juíza Juliana Benevides decidiu acatar a denúncia após o processo, que corre em sigilo, ser transferido da Justiça de São Paulo para a Justiça do Rio de Janeiro.

Outras quatro mulheres, que processaram a dupla pelos mesmos crimes, mas no Rio de Janeiro, não tiverem sucesso e o caso foi arquivado. Agora, o restante, que abriu o processo em São Paulo, teve sua denúncia transferida para a capital fluminense e obteve êxito.

Procurada, a defesa de Melhem diz que os fatos tratados na ação são os mesmos que já foram analisados e arquivados por outro juízo e diz estar confiante de que será comprovada a inocência do humorista.

Já Feltrin diz em nota que "a acusação de 'violência psicológica' contra um jornalista sempre configurou uma tentativa de censura por parte da advogada das acusadoras" e que todas as acusações foram combinadas entre as mulheres. "A decisão da juíza de rejeitar tudo isso, e decidir de forma monocrática a prosseguir com o processo, não me espanta nos tempos atuais", afirma ainda.

A decisão de terça-feira não entra no mérito da acusação, isto é, não julga se Melhem e Feltrin violentaram psicologicamente e perseguiram este grupo de mulheres, e sim decide analisar o caso. Agora, os réus devem se manifestar, por escrito, em até dez dias.

No caso aberto no Rio, em que Melhem teve êxito, a promotora Fabíola Lovis concluiu que as postagens feitas por ele - 132 vídeos publicados nas redes sociais abordando o caso - seriam apenas para se defender. Ela destacou um laudo assinado por quatro peritas do MP que se debruçaram sobre os vídeos.

"A análise técnica apontou que o discurso das vítimas é sugestivo de 'combinação', apresentando, ainda, muitas contradições", afirmou a promotora. As atrizes entraram com recurso, mas a Justiça manteve arquivamento. Não cabe mais recurso.