Os ingressos no novo espetáculo do Grupo Corpo, o "Piracema", que será apresentado em Belo Horizonte, começam a ser vendidos nesta sexta-feira (1/8). Os bilhetes podem ser comprados neste link, que estará disponível a partir do meio-dia, e custarão entre R$ 39,80 e R$ 280.

O espetáculo faz sua estreia nacional em São Paulo, no dia 13 de agosto. Em Belo Horizonte, a montagem será apresentada de 27 a 31 de agosto. De quarta a sábado às 20h e domingo às 18h. Em setembro, será a vez de Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro receberem o espetáculo.

Além de "Piracema", o espetáculo "Parabelo", de 1997, com inspiração sertaneja e música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, volta aos palcos. 

O espetáculo

Uma inovação radical no método de trabalho dos criadores Rodrigo e Cassi neste balé. Um desafio e tanto, a partir da proposta do diretor artístico Paulo Pederneiras. Com a companhia dividida em dois grupos de 11 bailarinos, cada um dos coreógrafos criou e ensaiou independentemente todo o balé, para depois reunir e combinar as duas versões.

“Nossas duas visões se completam. Foi uma experiência riquíssima”, é o que Rodrigo Pederneiras considera sobre o processo de criação. “Cassi é nossa cria, domina a linguagem e, ao mesmo tempo, traz novos elementos, sua bagagem internacional, os dez anos em que evoluiu em outros cenários”. Limites rígidos foram estabelecidos. “Não podíamos nem circular na área em que o outro grupo estava ensaiando”, revela Cassi Abranches. “Deu um frio na barriga, mas topamos a proposta do Paulo e a dança cumpriu seu papel integrador”.

E foi exatamente dois meses antes da estreia, em 13 de junho, que os dois grupos finalmente assistiram o trabalho um do outro e os coreógrafos passaram a reunir as concepções. “Nesse momento, foi uma emoção, choro, alegria”, lembra Paulo Pederneiras. A obra combinada resulta inteira, desafiadora, “uma terceira via”, define Rodrigo. “Nossas visões têm características próprias, claro – sou mais intimista na movimentação, Cassi é mais explosiva e aberta”.

Na música, utopias e distopias 

O balé Piracema traduz a música de Clarice Assad que, dividida em três grandes movimentos, traça um arco que se inicia no tribal, no ambiente natural intocado, passa pela polifonia sinfônica do clássico e termina no eletrônico, urbano, contemporâneo. 

Primeira mulher a compor uma trilha para a companhia, Assad encarou, em suas palavras, “uma maratona”. “Foi minha primeira trilha, e logo com o gigantesco Grupo Corpo, de quem sou absolutamente fã”, conta a compositora direto de Chicago, onde mora. “Honrada e lisonjeada. Encaramos juntos um processo maravilhoso, que me ensinou muito”. 

Ela trabalhou com o percussionista Keita Ogawa, a orquestra de cordas New Century Chamber, de São Francisco, e com participações especiais como a de seu pai, o grande violonista e compositor Sérgio Assad. “Usei bastante minha voz em harmonias vocais e até lancei mão, na terceira parte, de ruídos e sons criados por inteligência artificial. No final das contas, foi um quebra-cabeças que o Corpo e eu montamos lado a lado, criando um panorama de evolução, mudança e revolução do mundo. E ainda não sabemos se caminhamos para uma utopia ou uma distopia. Mas o poder regenerativo da arte é real”.

Escamas

O diretor artístico Paulo Pederneiras foi buscar, para a cenografia, um material inusitado – e que se alinha à ideia dos cardumes da piracema.  Recobriu o fundo (de 16m x 7m) e as pernas (laterais do cenário) com nada menos que 82 mil tampas de latas de sardinha. “Montamos numa rede as tampas metálicas e a imagem de escamas se projeta”. Paulo assina também a iluminação ao lado de Gabriel Pederneiras, diretor técnico do grupo.

A criação dos figurinos ficou a cargo da dupla de designers Alva, os irmãos Susana Bastos, artista e estilista, e Marcelo Alvarenga, arquiteto. É a primeira vez que os dois criam para a dança. “De acordo com a atmosfera da música e o desenvolvimento do balé, trabalhamos com os conceitos de natureza e tecnologia, ora em conflito, ora em harmonia”, explica Marcelo, que trabalhou como arquiteto com Freusa Zechmeister, falecida em 2024 - ela assinou os figurinos do grupo de 1981 a 2022. “Partimos da pesquisa sensorial e emocional e do léxico construído por Paulo e Freusa ao longo de tantos anos, que sempre acompanhamos”, completa Susana.

Partindo de uma cartela de cores terrosas, com detalhes em prata e em cores fortes, a dupla usa malhas justas como base, com detalhes sutis nos cortes e um leve enchimento nos quadris e nos ombros, tornando mais indistintas as figuras masculinas e femininas. “Vamos avançando nas transições do balé com uso de cores frias e de tecidos leves e transparentes como o tule e o crepe georgette, com acréscimos eventuais como uma meia diferente para fazer contrapontos fugazes”, continua Susana. 

Parabelo

Parabelo, de 1997, leva do coreógrafo Rodrigo Pederneiras a definição de “a mais brasileira e regional” de suas criações.Dos cantos de trabalho e devoção, o baião cadenciado e contrapontos rítmicos emerge uma escritura coreográfica de grande força expressiva, repleta de jogo de cintura e marcação de pé.

O cenário de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras exibe ex-votos de igrejas interioranas em dois painéis, de 15m X 8m, que dão sustentação cenográfica ao espetáculo. Os figurinos de Freusa Zechmeister têm, na primeira parte, a intensidade das cores velada por um tule negro, à exceção das sapatilhas. Na explosiva reta final do balé, as malhas coloridas se libertam do véu. 


SERVIÇO

Espetáculo "Piracema"

Quando. 27 a 31 de agosto [qua a sáb, 20h • dom, 18h]

Onde. Palácio das Artes • Av. Afonso Pena, 1537 tel: (31) 3236-7400

Quanto. R$ 39,80 a R$ 280,00 Eventim – abertura da bilheteria 1 de agosto –(sexta-feira) a partir de 12h •   

classificação indicativa: livre