Personagens das ruas de Belo Horizonte, os Bolinhos que estampam prédios e viadutos, e já ganharam tridimensionalidade em esculturas, agora podem se mexer e convidam a arriscar um passinho quem passa pela Festa da Luz, que tem início nesta quinta-feira (14/8), colorindo o baixo centro da capital mineira até domingo (17/8), com 13 instalações espalhadas na região.
Entre as artistas com obras na atual edição, a grafiteira Raquel Bolinho não vê a hora de ver o projeto ganhar vida. Tanto que os personagens, na versão dançante e iluminada, já têm aparecido para ela em sonhos. “Estou louca para ver eles prontos!”, admite.
No festival, seus icônicos bolinhos convivem com obras que exploram temas como a ancestralidade negra e o sagrado feminino até a poesia urbana, passando por experiências imersivas em LED, laser mapping e fibra óptica.
As criações são assinadas por nomes como Criola, Rafael Cançado, com o projeto Homem Gaiola, Coletivo Levante e VJ Bah, todos belo-horizontinos, além da paulistana radicada em Curitiba Francine de Paula, a Dpaula, o paulistano Alex Senna, o italiano Carlo Bernardini, artista convidado em parceria com o Consulado da Itália em BH, e do coletivo francês Spectaculaires, em colaboração com a Embaixada da França no Brasil. Completam a relação os poetas Amara Moira, de Campinas, autora do elogiado “Neca: Romance em bajubá” (2024), e Francisco Mallmann, de Curitiba, cujo título mais recente é “Tudo o que leva consigo um nome” (2021).
Alguns desses artistas já são veteranos no evento, um dos principais de arte pública e tecnologia do país, que neste ano se inspira no tema “Culturas Urbanas”, celebrando manifestações como hip hop, grafite, funk e dança de rua.
“O espaço urbano é um terreno fértil para manifestações artísticas e de resistência. Em tempos de criminalização da cultura de rua, é urgente reconhecer sua potência e garantir sua presença na paisagem da cidade”, avalia Juliana Flores, diretora artística e curadora do festival.
No caso dos Bolinhos, a proposta nasceu de conversas entre Raquel e Juliana. “Era um sonho ter o Bolinho participando. Minha ideia é explorar o personagem no maior número de linguagens possíveis e a Festa da Luz me dava essa oportunidade”, conta a artista. Ela lembra que, já de largada, pensou em criar figuras em movimento, e logo associou a ideia à dança. Após considerar uma estética em LED, mais contemporânea, acabou optando por outro caminho: o neon retrô, inspirado nas placas antigas de comércio, com seu apelo saudosista. “As placas de neon piscam para você entrar, e a obra tem essa ideia: Bolinhos dançando como um convite para entrar na foto com eles, dançar com eles”, explica.
O trabalho parte de dois movimentos simples, inspirados em passinhos de hip hop de 1984 a 2010, que Raquel pesquisou para criar a coreografia dos personagens, representados em um grupo de oito dançarinos, que ocupam a nova área com arquibancada na Rua Sapucaí.
“Foi tudo rapidíssimo, coisa de um mês e meio entre a primeira reunião e a confecção. Acho que vai ficar muito lindo, e que o Bolinho, já popular em BH e região metropolitana, vai alcançar um público ainda maior. Ele é infinito”, celebra.
Além das 13 instalações espalhadas pelo baixo centro de BH, a programação do festival – realizado pelo Governo de Minas, CEMIG e parceiros – inclui performances e abarca eventos igualmente emblemáticas da cidade, como o Duelo de MCs no Viaduto Santa Tereza e o Velha Guarda do Soul. Outras atrações do evento são o Arrastão Samba D’ouro e o Karaokê da Bia, que convidam o público a soltar a voz, o Trovão Tropical – Carrinho Projetor e o Na Régua – Cortes na Barbearia da Rua Tamóios.
SERVIÇO:
O quê. Festa da Luz 2025
Quando. A partir desta quinta (14/8); até domingo (17/8)
Onde. No baixo centro de Belo Horizonte
Quanto. Gratuito