João Barone assumiu a bateria dos Paralamas do Sucesso por acaso. Vital, que depois emprestou seu nome para o primeiro sucesso da banda, não pôde ir a um show e Barone, intimado aos 47’ do segundo tempo por Herbert Vianna e Bi Ribeiro, o substituiu às pressas. O trio nunca mais se separou. O disco de estreia, “Cinema Mudo”, foi lançado em 1983, mesmo ano em que “Vital e Sua Moto” explodiu nas rádios.

Em janeiro de 1985, o show no primeiro Rock in Rio marcou a história da banda, do rock brasileiro e de uma juventude que começava a respirar os novos e necessários ares democráticos após 21 anos de ditadura. De lá pra cá, os Paralamas do Sucesso colecionaram hits, lotaram estádios e se transformaram em um dos grupos mais importantes da música brasileira. Essa trajetória será passada a limpo em Belo Horizonte. 

Nesta sexta-feira (29/8) e também no sábado (30/8), João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna apresentam o show “Paralamas Clássicos – 40 anos” e perfilam sucessos como “Meu Erro”, “Óculos”, “Lanterna dos Afogados” e “A Novidade” no palco do BeFly Hall. Será uma celebração de uma carreira longeva, que ainda conserva o entusiasmo daqueles dias em que eles, jovens de 20 e poucos anos, se juntavam para tocar, se divertir e compor algumas canções para realizar o sonho de viver de música. 

“Quando a gente começou a premissa era essa. Ver que as três partes juntas funcionavam tão bem gerou um nível de satisfação muito grande, e essa satisfação de estar no palco ainda nos preenche. Talvez essa seja a explicação para estarmos aqui pensando no futuro de uma forma otimista e ativista”, comenta João Barone. 

“As músicas têm um lugar cativo no imaginário coletivo. É uma coisa inexplicável. Daí nossa celebração por conta desse tempo decorrido, das coisas que aconteceram, alegrias e tragédias. Somos resultado desse grande evento que foi o nosso encontro”, completa o baterista. 

As muitas histórias da banda inspiraram João Barone a escrever o livro “1,2,3,4! Contando o Tempo com Os Paralamas do Sucesso” (Editora Máquina de Livros), lançado em meados de 2024. Ao longo das mais de 400 páginas, o músico, autor de obras sobre a Segunda Guerra Mundial, mergulha nos bastidores e faz um testemunho pessoal que percorre desde o surgimento da banda à consolidação como um dos símbolos do BRock, como se convencionou chamar o rock brasileiro que despontou na década de 1980. 

Contando o tempo

A narrativa se desenvolve pelos anos seguintes e termina em um honesto relato sobre o acidente de Herbert Vianna, o medo diante da morte e as incertezas quanto ao futuro. No dia 4 de fevereiro de 2001, na cidade de Mangaratiba, no Rio de Janeiro, o ultraleve pilotado pelo compositor caiu no mar. Lucy Vianna, esposa do cantor, faleceu e Herbert, após ficar internado por mais de um mês, passando parte do tempo em coma, ficou paraplégico. O retorno aos palcos aconteceu em agosto de 2002.

“Em nenhum momento quis transformar o livro em uma biografia oficial, foi mais uma tentativa de contar minhas aventuras pela música. Parece que esfreguei a lâmpada do gênio e ele atendeu meu pedido: me tornei baterista como eu sonhava quando era criança”, conta.

Para João Barone, é simbólico pensar que os Paralamas do Sucesso já têm mais tempo de trajetória após o acidente de Herbert Vianna do que antes dele. A recuperação  do vocalista e a reinvenção da banda deram ainda mais força ao trio. “Quando cheguei às 400 páginas, pensei: ‘é melhor dar um tempo’. De repente, faço um segundo volume”, diz.

Histórias para um novo livro não vão faltar. Os Paralamas planejam um álbum de inéditas e seguem com a turnê pelo Brasil; em setembro, fazem duas apresentações na Argentina. “Nosso trabalho não está com prazo de validade vencido. O Herbert, essa mente brilhante da música brasileira, é um dos caras mais empolgados que conheço. Se dependesse dele a gente fazia um show por dia”, conclui João Barone.

Programe-se

O quê. Show “Paralamas Clássicos – 40 anos”

Quando. Sexta (29/8), às 22h, e sábado (30/8), às 21h

Onde. BeFly Hall (Av. Nossa Sra. do Carmo, 230 - Savassi)

Ingressos. A partir de R$ 130 na bilheteria ou pela plataforma Sympla