"Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, não é apenas o único longa-metragem brasileiro a conquistar um Oscar, mas agora também se torna o primeiro filme do Brasil — e de toda a América do Sul — a receber o prestigiado Grand Prix Fipresci. Este prêmio, concedido pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica, foi anunciado em 2 de setembro e será entregue no dia 19, durante a abertura do 73º Festival de San Sebastián.
Salles, que esteve no festival em 2024 com sua obra sobre a ativista Eunice Paiva (1929–2018) na seção Perlak, retorna a um local que ele considera uma "casa do cinema". O certame basco, sediado em Donostia, Espanha, anualmente dedica um momento de sua cerimônia de abertura para que a mais importante instituição da crítica cinematográfica internacional reconheça vozes autorais de destaque, e Salles é agora uma delas.
Em entrevista ao C7nema há um ano, Salles relembrou sua conexão com San Sebastián: "San Sebastián é o festival onde estreou Terra Estrangeira; tudo começou aí. O grande crítico José Carlos Avellar foi o nosso padrinho nessa jornada, e sinto a sua falta todos os dias. Regressei a San Sebastián com Central do Brasil e Diários de Motocicleta, que ganharam o prêmio do público, e mais recentemente com o documentário sobre Jia Zhang-ke, Um Homem de Fenyang. Voltar a San Sebastián é um pouco como regressar a uma casa do cinema, apresentada por Avellar”.
Mal sabia ele que seria ali que sua adaptação do romance biográfico "Ainda Estou Aqui", de Marcelo Rubens Paiva, receberia uma das mais importantes honras concedidas pela intelligentsia do cinema. Salles modestamente afirmou: “O filme é um grão de areia num universo muito amplo, e espero que muitos outros filmes e livros possam trazer mais testemunhos desse tempo, o do Brasil da ditadura".