Escândalo

Acusado de abuso, brasileiro curador de cinema é comparado a Harvey Weinstein

Segundo o site ‘The Intercept’, 16 mulheres afirmam que foram agredidas sexualmente por Gustavo Beck, envolvido com diversos festivais internacionais

Por Da redação
Publicado em 01 de setembro de 2020 | 19:31
 
 
 
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Responsável por auxiliar na curadoria de diversos festivais de cinema internacionais, o brasileiro Gustavo Beck está sendo acusado por pelo menos 16 mulheres de abuso sexual. As revelações foram feitas pelo site “The Intercept”, que trouxe o depoimento de sete dessas vítimas. Elas relatam casos de agressões, estupros e violência física e psicológica durante os bastidores dos festivais e em outros eventos relacionados ao cinema. 

O estopim para a denúncia foi uma publicação no Facebook feita pela norte-americana Cat de Almeida, em que relata um abuso sexual por parte de Beck. Segundo o “The Intercept”, a maioria das mulheres ouvidas preferiu manter o anonimato, por medo de represálias. 

A situação remete ao caso do produtor norte-americano Harvey Weinstein, que foi condenado a 23 anos de prisão por abusar de diversas funcionárias e atrizes, como Rose McGowan e Ashley Judd. A revelação dos crimes cometidos por Weinstein desencadeou diversas outras acusações e serviu de pontapé inicial para o movimento #metoo, que expõe abusadores na indústria cinematográfica. 

Considerado extremamente influente no meio e uma referência de cinema latino-americano nos festivais internacionais, Beck trabalhou como programador convidado do Festival Internacional de Cinema de Rotterdam, na Holanda, e como curador nos festivais Viennale, na Áustria, e Bafici, na Argentina. Ele também está envolvido com a edição 2020 do IndieLisboa, de Portugal, e de acordo com a reportagem do "The Intercept", com o Mubi, um canal de streaming voltado para produções independentes. 

Repercussão

Para a reportagem, Gustavo Beck, que atualmente mora em Portugal, negou os casos e acusou a ex-namorada, a cineasta Deborah Viegas, de criar falsos relatos para prejudicá-lo. O Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR, na sigla em inglês), afirmou que vai abrir uma investigação interna para apurar as acusações.

Já a assessoria de imprensa da Mubi no Brasil afirmou que Gustavo Beck nunca trabalhou na empresa. Como freelancer, já escreveu artigos que foram publicados na "Revista Notebook", da Mubi, sendo que o último artigo que ele enviou foi publicado em setembro de 2019. A plataforma alegou, ainda, que não contará com contribuições de Gustavo Beck no futuro.

"Gustavo Beck escreveu anteriormente artigos que foram publicados na 'Revista Notebook' da Mubi. Não realizaremos contribuições com Gustavo Beck no futuro. A Mubi não tolera abuso sexual de qualquer tipo e nossos pensamentos estão com as mulheres afetadas", afirmou a nota divulgada na imprensa.
 

 

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