Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro, encerra nesta sexta-feira, às 19h30, o projeto Aulão, parte da programação online da edição 2020 do Cura - Circuito Urbano de Arte, que é disponibilizada no canal do youtube (www.youtube.com/CURACircuitoUrbanodeArte) do circuito de arte, de forma gratuita e acessível.
Com a impossibilidade das atividades presenciais, em função do novo coronavírus, a programação virtual foi pensada de modo a discutir questões da atualidade. Krenak é considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.
Ele nasceu no Vale do Rio Doce, em 1954. Os Krenak registravam uma população de cinco mil pessoas no início do século XX, número que se reduziu a 600 na década de 1920 e a 130 indivíduos em 1989. Na época, Ailton pressagiou: "Se continuarmos nesse passo, nós vamos entrar no ano 2000 com umas três pessoas". Felizmente isso não aconteceu.
Contando com esforços também do próprio Ailton, os Krenak fecharam o século com 150 pessoas. Com 17 anos Ailton migrou com seus parentes para o estado do Paraná. Alfabetizou-se aos 18 anos, tornando-se a seguir produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980 passou a se dedicar exclusivamente à articulação do movimento indígena. Em 1987, no contexto das discussões da Assembléia Constituinte, Ailton Krenak foi autor de um gesto marcante, logo captado pela imprensa e que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas.
Em 1988, participou da fundação da União das Nações Indígenas (UNI), fórum intertribal interessado em estabelecer uma representação do movimento indígena em nível nacional, participando em 1989 do movimento Aliança dos Povos da Floresta, que reunia povos indígenas e seringueiros em torno da proposta da criação das reservas extrativistas, visando a proteção da floresta e da população nativa que nela vive.
Nos últimos anos, Ailton retornou a Minas Gerais, para ficar mais perto do seu povo. Atualmente, está no Núcleo de Cultura Indígena, ONG que realiza desde 1998 o Festival de Dança e Cultura Indígena, idealizado e mantido por ele na Serra do Cipó, visando promover o intercâmbio entre as diferentes etnias indígenas e delas com os não-índios.