"Um espaço valioso e necessário para a reverberação de novas vozes individuais e coletivas que buscam compartilhar a potência de sua arte com o Brasil e o mundo".
É assim que o "fazedor de coisas" Lucas Soares define o papel que a Bienal Black Brazil Art (2BienalBlack) tem para a divulgação do trabalho de jovens artistas no país. Ele é um dos oitos realizadores mineiros convidados para a segunda edição do evento gratuito que acontece a partir desta quinta-feira (13) e segue em cartaz até 18 de julho deste ano em formato digital. A abertura será transmitida, às 19h, pelo canal oficial do projeto no YouTube.
Durante os seis meses de duração da mostra, o público também terá acesso à oficinas, apresentações e bate-papos exclusivos que estarão disponíveis online no site bienalblack.com.br.
Norteada pelo tema "Cartografia e Hibridismo do Corpo Feminino: Representação Visual e Afetiva", a Bienal vai reunir cerca de 250 obras entre pinturas, esculturas, instalações, videoarte, fotografia e performances, produzidas por novos talentos da arte contemporânea nacional e estrangeira.
Com trabalhos selecionados a partir de uma chamada pública, a exposição conta com a participação de mais de 100 artistas convidados, todos vindos de diferentes partes do Brasil e do exterior. Muitos dos projetos que estão na programação são resultado direto de duas residências internacionais promovidas pela mostra em 2021: a RAVC (Brasil/Uruguai) e a Incorporare (Brasil/Itália).
Após uma primeira edição realizada de modo presencial no último ano, a Bienal Black Brazil Art decidiu explorar o universo virtual em 2022.
"A pandemia da Covid-19 teve efeitos devastadores nas indústrias culturais e criativas em todo o mundo, e as medidas de confinamento pesaram na renda de artistas e profissionais da cultura. Por isso, aceitamos o desafio de apresentar uma exposição virtual que pudesse dividir com o público como a arte pode nos motivar em meio a situações extremas com a atual", explica Patrícia Brito, uma das curadoras da mostra ao lado da pesquisadora Priscila Costa e da multi-artista Zaika dos Santos.
Dividido em seis eixos – "Ninharias", "Persona Hacker", "Plantando Escuta", "Cartografia da Voz", "Corpo-Espaço" e "Incorporare" –, o recorte pincela produções desenvolvidas em sua maioria por mulheres negras. O objetivo é discutir o papel e a importância da representatividade feminina no mundo das artes.
"Nossa intenção é fomentar um circuito internacional e nacional que tenha foco na produção de realizadoras feministas, e assim instigar uma reflexão ampla sobre a diversidade de gênero", diz a mineira Zaika dos Santos.
"A Bienal quer estimular o hibridismo no campo das artes e assim ajudar a promover novos olhares e cruzamentos de conceitos de estética e execução que sejam conduzidos por mulheres", completa.
Mesmo que o cerne da discussão em pauta seja o feminino e a força da arte negra, os organizadores ressaltam que a exposição vai além e aposta no poder da multiplicidade.
"A Bienal Black não é para pessoas negras, mas sim para mostrar que há diversidade de gênero e raça nas artes. Enquanto eventos de arte ainda continuam sendo destinados a uma parcela reduzida da sociedade, queremos transpor as barreiras geográficas, sociais, e até raciais, e mostrar a pluralidade artística que existe no País", defende Patrícia Brito.
Mineiridade presente
Segundo Zaika dos Santos, a potência da arte contemporânea feita em Minas Gerais também está presente no evento.
"A Bienal conta com a participação de mineiras e mineiros em diferentes vias – como curadores ou mesmo artistas residentes e selecionados –, e essa representatividade acaba conversando de forma intensa com o resto do circuito nacional", afirma a curadora.
A belo-horizontina Bruna Emanuele, 25, é uma das artistas com trabalhos em exposição na mostra. Ela enxerga o evento como uma chance valiosa para mapear o nome de novos artistas de MG para o resto do mundo.
"Enquanto artista mineira, acredito que a Bienal Black Brazil Art tem tudo para contribuir com a visibilidade da arte produzida no Estado. Um evento dessa proporção, ainda mais sendo realizado em formato virtual, certamente vai gerar diálogos e acessos para além das fronteiras geográficas. Creio piamente nisto, afinal, a arte é fruto do encontro", concluiu.
Serviço
O quê: 2ª edição da Bienal Black Brazil Art
Quando: De 13 de janeiro a 18 de julho
Onde: Abertura acontece nesta quinta (13), às 19h, pelo canal oficial do projeto no YouTube. Na sequência, a programação segue pelo site bienalblack.com.br
Quanto: Gratuito