O espetáculo “5X Comédia” é considerado, ao lado de outros trabalhos, um marco na história da comédia brasileira. A peça estreou em 1993 e voltou ao palco em diferentes versões, em 1995 e 1999. Entre as formações, participaram do espetáculo nomes como Andréa Beltrão, Denise Fraga, Diogo Vilela, Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Débora Bloch, Fernanda Torres, Miguel Magno, Cláudia Raia, Patrycia Travassos, Evandro Mesquita e Totia Meireles.
Agora, quase 20 anos depois, a peça retorna com os atores Luiz Miranda, Bruno Mazzeo, Debora Lamm, Fabiula Nascimento e Thalita Carauta. O trabalho pode ser visto neste sábado (2) e domingo (3), no Sesc Palladium.
Concebida por Sylvia Gardenberg, o “5X Comédia” ganha agora o olhar da irmã da diretora, Monique Gardenberg, produtora da montagem original. Também assume a direção Hamilton Vaz Pereira, diretor geral das três versões anteriores e um dos idealizadores do grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, que marcou toda uma geração de atores e, em especial, da comédia brasileira nos anos 70, dando origem a criações como a “TV Pirata”.
“O ‘5x Comédia’ vem depois disso e junto com o Subversões, Cia Baiana de Patifarias, o ‘Terça Insana’ e outros vários movimentos fazem o que eu chamo de uma comédia autêntica, que não é idiotizada, que não encontra nenhum tipo de raciocínio sobre o mundo atual. Vivemos um momento tão violento social e culturalmente que é importante que, assim como os dramas, as comédias consigam tocar nesse lugar”, comenta o ator Luiz Miranda.
Bruno Mazzeo chegou a assistir uma das versões do espetáculo. “O trabalho veio em um momento de concretização dessa geração de comediantes que vem desde Asdrubal, da ‘TV Pirata’. Era uma consagração. Foi a primeira vez que vi juntos no palco estrelas desse naipe”, conta.
A nova versão não se trata de uma remontagem. Ao contrário. A peça tem novos textos, escritos por dramaturgos de uma geração que têm se destacando na cena nacional fora da cena cômica como Antonio Prata, Jô Bilac, Julia Spadaccini e Pedro Kosovski.
“A gente queria que a graça viesse de questões cotidianas, mais do que de uma piada propriamente. No meu caso, escolhi Antonio Prata porque ele escreve crônicas e tem um estilo de humor que me identifico muito”, comenta Mazzeo, revelando a questão da personagem de seu esquete. “É um pai de primeira viagem que está às voltas com o filho, uma criança que não o deixa dormir há sete meses”, adianta.
Já a cena de Miranda tem sua própria assinatura na criação dramatúrgica. “Eu trabalho na seara mais política. Faço uma socialite que serve para dar uma certa alfinetada na burguesia e reflito como agem e vivem. Nesses últimos dias, tivemos um exemplo que veio de uma socialite que se prestou a fazer um vídeo com ataques racistas”, comenta Miranda em referencia a Day McCarthy. “A sociedade não pode permitir esse tipo de coisa doentil”, afirma.
Embora as cenas sejam independentes, Luiz Miranda observa certos diálogos e costuras na dramaturgia do espetáculo. “A presença desses autores faz com que os textos busquem certa inteligência no encontro com o público. Eles abordam o momento atual da nossa sociedade, falam de questões sociais que vivemos agora”, explica.
Como exemplo, ele cita a personagem de Debora Lamm que traz uma reflexão sobre os padrões femininos, a vida de uma princesa e lê Simone de Beauvoir na tentativa de construir uma nova mulher.
Serviço. Espetáculo “5 X Comédia”, neste sábado (2), às 21h, e domingo (3), às 19h, no Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, centro). Ingressos: Plateia I: R$ 100 (inteira); Plateia II: R$ 80 (inteira).
FOTO: André Gardenberg / divulgação |
Mazzeo interpreta um pai que não dorme há sete meses por causa do filho |