8 de março

Dia Internacional da Mulher: confira, aqui, dicas de leitura

De ícones como Joan Didion, Isabel Allende e Nelle Bly a novos expoentes, como a atriz Maria Flor, há várias opções

Por Patrícia Cassese
Publicado em 08 de março de 2022 | 19:23
 
 
 
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No Dia Internacional da Mulher, listamos, aqui, algumas dicas de leitura, com  títulos de livros que chegaram no mercado recentemente. Confira. 

"Dez Dias Num Hospício" (Editora Fósforo). Vamos à premissa: em 1887, Nellie Bly tinha 23 anos quando recebeu do editor do New York World a missão de se infiltrar como paciente no famigerado “asilo de lunáticos de Blackwell's Island”, em Nova York. Sim. Ela ludibriou a instituição, fingindo demência. Publicada, a reportagem provocou um escândalo, levando o governo de NY a promover uma investigação e aumentar os recursos para as instituições psiquiátricas. No lado pessoal, ela acabou sendo contratada - até então, atuava como free-lancer -, dando início a uma série de reportagens investigativas conhecidas como "reportagens-proeza", por envolverem alto grau de risco. O prefácio da edição brasileira traz dados bem interessantes da vida da autora, que faleceu em 1922. Imperdível.

"Violeta" (Bertrand Brasil). Este é lançamento. O novo livro de Isabel Allende é um romance histórico narrado em uma forma de carta - mais precisamente, de Violeta del Vale ao neto. O arco temporal tem como ponto de partida a pandemia de gripe espanhola nos anos 20, quando a personagem veio ao mundo em uma sexta tempestuosa, e chega até o ano de 2020, quando o mundo é assolado pela Covid. "É uma estranha simetria eu ter nascido numa pandemia e morrer em outra", diz ela. Autora sobre a qual falar algum coisa seria chover no molhada, Isabel Allende volta a cravar frases de ficar na memória, como esta: "Há encruzilhadas no destino que não podemos reconhecer no momento em que se apresentam, mas, quando se vive tanto, como vivi, é possível vê-las com nitidez. Ali onde os caminhos se cruzam ou bifurcam precisamos decidir a direção que vamos tomar. Essa decisão pode determinar o curso do restante da nossa vida".

"Os Seis Meses em Que Fui Homem" (Editora Rosa dos Tempos). Ícone do movimento feminista no Brasil, Rose Marie Muraro (1930-2014) fundou a Rosa dos Tempos, primeira casa editorial feminista do país. O livro em questão foi lançado originalmente em 1990, e esta oitava edição chegou às livrarias em 2020. A apresentação ficou a cargo de Marcia Tiburi, que aponta: "Envolvendo arqueologia, estatística, física, história e sexologia, 'Os Seis Meses em Que Fui Homem' é um ensaio aberto, que tenta dar conta das principais questões do seu tempo, autoritarismo e religião, guerra fria e ideologia da libertação, abertura política e democracia". No livro, Muraro toca também em uma questão que cada vez mais se faz urgente: a ambiental. Vale dizer que as explanações se entrecruzam com relatos autobiográficos.

"Rastejando Até Belém" (Editora Todavia). A jornalista e escritora estadunidense Joan Didion, figura emblemática da cena cultural dos anos 1960, faleceu no ano passado, às vésperas do Natal, aos 87 anos. Meses antes, a editora Todavia havia lançado, no Brasil, "Rastejando Até Belém" (1968), que reúne 20 ensaios escritos por ela nos anos 60, sobre temas diversos. Em "John Wayne: Uma Canção de Amor", quando viaja à sua infância para rememorar o impacto do filme "Quando a Mulher Se Atreve", e a frase que marcou para sempre a sua vida. Ou "A Importância de Ter um Caderno", no qual ela cunha uma frase não menos que genial: "Acho que é aconselhável continuarmos aceitando as pessoas que um dia fomos, quer as consideremos companhias atraentes, quer não. Caso contrário, elas vão aparecer sem avisar e vão nos pegar de surpresa, batendo sem parar na porta da mente às quatro da manhã de uma noite maldormida, e exigindo saber quem as abandonou, quem as traiu, quem vai fazer as pazes".

"Simone de Beauvoir - A Biografia (Editora Nova Fronteira). Lançada em 2021, esta segunda edição do livro escrito pela filósofa, política e escritora Huguette Bouchardeau se debruça sobre um dos maiores ícones da libertação feminina. Dos tempos de criança, onde o gosto pela leitura se fez nota cedo, ao fim, passando por etapas importantes, como a amizade de vida com Élizabeth Lacoin, a Zaza, ou o círculo intelectual que frequentava ao lado do marido, Jean-Paul Sartre. 

"Cidade Feminista - A Luta pelo Espaço em um Mundo Desenhado por Homens" (Oficina Raquel). Aqui, a canadense Leslie Kern escreve sobre a vida das mulheres em grandes centros urbanos. Ela conta que começou a escrever o livro justamente quando o movimento #metoo eclodiu. As histórias reveladas ali, diz ela, ressoam com a vasta literatura sobre o medo das mulheres nas cidades. "A ameaça constante de violência aliada ao assédio diário molda a vida urbana das mulheres de inúmeras maneiras, conscientes e inconscientes. Assim como o assédio no local de trabalho afasta as mulheres de posições de poder e suprime suas contribuições para a ciência, política, arte e cultura, o espectro da violência urbana limita as escolhas, o poder e as oportunidades econômicas dela", assinala.


"Já Não Me Sinto Só" (Editora Planeta). A atriz Maria Flor tornou-se recentemente mãe, do fofo Vicente. Seu livro de estreia (que, vale dizer, é dedicado ao marido, Emanuel Aragão) nasceu em 2016, mas, na verdade, da vontade de escrever o roteiro de um filme - ela desistiu em função das novas políticas culturais adotadas no país. Como sempre gostou de livros, decidiu transmutar o projeto. No prefácio, ela cunha: "A história que estou tentando contar é de amor, a história de como eu encontrei o amor. É cafona, eu sei. Mas ele existe, o amor". A personagem se chama Maria, como ela, e também é uma atriz. Aqui, ela vai para o Jalapão, no Tocantins, onde vai gravar um filme sob a batuta de um diretor com quem teve uma história no passado.


"Vozes de Batalha" (Tusquets Editores). Marina Colasanti dispensa apresentações. O livro em questão se debruça sobre a trajetória de sua tia-avó, a cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni, que, como tantos de seu país, escolheu o Brasil, mais especificamente o Rio, para fincar raízes. Em 1925, ela se casa com o empresário Henrique Lage, junto a quem concebeu nada mais nada menos que o Parque Lage, um dos lugares mais bacanas do Rio de Janeiro. Gabriella Besanzoni se notabilizou principalmente no papel de Carmen. Como esperado, a obra também contempla trechos da própria vida de Marina Colassanti. A biografada é apresentada como uma mulher cujo olhar se voltava sempre para o futuro, inquieta e ativa.

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