No ar na edição especial de “Fina Estampa”, na Globo, Dira Paes fala com carinho sobre sua personagem, Celeste - uma mulher humilde que, mesmo vivendo com o marido agressivo, sempre protege a filha, Solange (Carol Macedo), e a apoia a correr atrás de seus sonhos. Além da trama forte de sua personagem, a atriz contou que a trama de Aguinaldo Silva foi um marco por ser o primeiro papel dela em uma novela depois que ela se tornou mãe.
“A Celeste veio em um momento muito importante pra mim. Eu já era mãe, mas a Celeste tem uma filha muito mais contemporânea que ela, que quer o mundo, a vida, e vivencia a violência dentro de casa”, explica Dira. “A Celeste tem a sorte de ter uma filha que a ampara diante das decisões. Tem uma cumplicidade de mãe e filha que eu acho que deu a força pra Celeste se superar”, completa a atriz.
Essa cumplicidade é, para Dira, o grande destaque na relação entre mãe e filha. “Mesmo a mãe sendo violada fisicamente e moralmente, ela apoia a filha e a apoia a correr do seu sonho, para que Solange não repita seu ciclo de frustração”, conta a atriz. “Quando Celeste vê a filha dançando e cantando no palco, em um baile funk, ela sente orgulho, ela se realiza através da filha”, cita a artista.
A maternidade na vida real
Dira, que tem 50 anos, é mãe de Inácio, de 12, e de Martin, de 4. Ela conta que acreditava que seria mãe cedo, mas o sonho demorou um pouco a se concretizar. Antes de experimentar a maternidade na vida real, a atriz já havia sentido o gostinho de ser mãe somente na ficção.
“Eu fiz muitas mães antes de ser mãe e isso me trazia, além do desejo da maternidade, um sentimento de gostar de estar fazendo o personagem e uma vontade de ter aquilo na vida real. Depois que eu fui mãe, fiz várias novelas em que a maternidade era um assunto. Eu percebo que já sou outra mãe da época de 'Fina Estampa'”, garante.
Ela conta que a experiência que tem na vida real enriquece muito mais os personagens que interpreta. “O papel de mãe na dramaturgia, em geral, é muito rico, com diversas facetas. É um papel que pode levar a variadas compreensões do humano”, observa.
Questionada sobre o que é ser mãe em 2020, Dira Paes afirma: “Acho que é essa mãe que ouve o filho de 2020. Eu, por exemplo, preciso me alfabetizar digitalmente”. “Essa mãe de 2020 é uma mãe que precisa entender o novo universo que se apresenta através dessa vida que passa pelo computador, pela tecnologia. Os sentimentos vão se transformar também a partir desse novo formato de relações. Também vai se transformar, depois dessa pandemia (do novo coronavírus), o que é o normal”, explica.
Para ela, a mãe de 2020 precisa “se adaptar ao novo normal, assim como toda a sociedade”. “Tomara que os pais ajudem mais as mães, para que elas não fiquem tão sobrecarregadas. Eu acredito muito em uma mãe antenada com os novos comportamentos. E também acredito que temos que conseguir manter os valores vinculados ao afeto, para que a gente não se distancie do que é mais humano na gente, que são os sentimentos”, ressalta.
Todo mundo em casa
No Dia das Mães, comemorado neste domingo (10), Dira ficará em casa com o marido e os filhos e, por causa da pandemia do novo coronavírus, está seguindo a risca a recomendação de distanciamento social.
Ela revela que gosta de datas como o Dia das Mães, mas que não curte a pegada comercial. “Tento mais criar um ambiente, fazer uma comida gostosa. Neste domingo, vou entrar em contato com as mães da minha família, que são maravilhosas. Minha irmã Eneida é médica e está no olho do furacão lá em Belém, no Pará, com a pandemia. Neste momento, ela é a grande mãe da família. Neste domingo, minha vibração vai para essas mães que trabalham na saúde e que com certeza levam carinho e um pouco desse amor maternal aos pacientes”, afirma.