FILME

Documentário retrata a Estação Bernardo Monteiro, que ficou abandonada 30 anos

Imóvel foi inaugurado em 1910 e, após três décadas de descaso, foi reformado no ano passado

Por Felipe Pedrosa
Publicado em 25 de junho de 2020 | 08:00
 
 
 
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Em março recente, a Move Cultura, localizada no tradicional bairro Eldorado, em Contagem, na região metropolitana à capital mineira, lançou a série documental “Contagem do Tempo: Histórias e Memórias de Uma Cidade”, que tem como objetivo registrar o patrimônio material do município. E a terceira parte dessa leva cinematográfica acaba de vir à tona. No novo episódio, a personagem principal é a Estação Bernado Monteiro, que foi inaugurada em 1910, mas, desde 1988, ano em que o transporte de passageiros foi interrompido, ficou jogada às traças.

Rafael Aquino, produtor-executivo e coordenador da série de curtas-metragens, defende que os sete episódios que compõem o documentário é histórico, principalmente pelos locais ainda estarem abandonados. “A gente entende que, se esse registro não fosse feito, as próximas gerações jamais teriam noção da importância desses bens para a construção da cidade e da identidade do município”, explica o cientista social.

Na época em que o atual episódio da série “Contagem do Tempo: Histórias e Memórias de Uma Cidade” foi registrado, a Estação Bernardo Monteiro ainda não havia sido reformada. A restauração do local, aliás, foi finalizada em dezembro de 2019. Apesar dessa vitória para os moradores do município, os pontos mostrados nos demais capítulos seguem esquecidos. “Com exceção desse local, que na época estava em situação precária, a maioria desses bens, daqui alguns anos, se tudo caminhar da mesma maneira, não vão existir mais. São locais que estão com a existência comprometida e, se a gente não fizesse esse resgate, a história iria se perder”, explica Aquino ao portal O Tempo.

Dentre os personagens entrevistados para o capítulo sobre a Estação Bernardo Monteiro, está Natanael Moraes Batista, que viu o ofício de “agente de estação” passar do avó para o pai, e do pai para ele. O depoimento, inclusive, é emocionante. “Apito de locomotiva é canção de ninar para mim. Não me incomoda em nada, eu durmo tranquilamente, não perturba, até hoje eu gosto do apito do trem”, declara ele, que morreu no último dia 8 de abril.

Segundo Aquino, a despedida de Natanael foi um baque, pois ele sonhava em ver a Estação Bernardo Monteiro reformada e, claro, ter acesso ao filme. “Estamos tristes de não apresentar o trabalho para ele, mas vamos apresentar para a família, para os amigos. E este é um registro importante, por isso é significativo prestar essa homenagem para o Natanael”, confessa o produtor-executivo.

Os quatro últimos filmes da série “Contagem do Tempo: Histórias e Memórias de Uma Cidade” serão lançados ainda neste ano. Por ora, os três primeiros capítulos já podem ser conferidos no canal da Move Cultura no YouTube. No primeiro, a Casa de Cacos (veja abaixo) foi retratada e, no segundo, a Capela Imaculada Conceição.

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