'Pimentinha'

'Elis, a Musical' retorna aos palcos de BH comemorando 10 anos de sucesso

Espetáculo protagonizado por Laila Garin e que conta a trajetória de Elis Regina será encenado neste fim de semana no Sesc Palladium

Por Alex Bessas
Publicado em 02 de fevereiro de 2024 | 08:26
 
 
 
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Fenômeno de público e crítica, “Elis, A Musical” acumula números vultosos e representativos da força desta montagem, de 2014, que celebra a trajetória e o talento de Elis Regina (1945-1982), uma das maiores vozes da música brasileira.

Com texto de Nelson Motta e direção de Dennis Carvalho, o espetáculo arrasa-quarteirão soma mais de 360 apresentações, que alcançaram um público de aproximadamente 325 mil pessoas, conquistando prêmios nas mais diversas categorias. E é com a chancela de tão expressivo reconhecidamente que o projeto ganha, agora, uma turnê comemorativa dos 10 anos de sua estreia, voltando a ser encenado em um palco belo-horizontino nesta sexta-feira (2) e sábado (3).

“Estou muito feliz de voltar a BH com ‘Elis, A Musical’, um espetáculo que há 10 anos passou por aí em uma turnê, quando fomos recebidos lindamente”, comenta Laila Garin, que interpreta a “Pimentinha” alternadamente com Lílian Menezes.

Ela ainda lembra que sempre faz questão de passar pela capital mineira quando estreia uma nova peça. “Fui com ‘Gota d’Água’ (2019) e, com ‘Hora da Estrela’ (2021), fui duas vezes”, lembra. “E acho que, mais uma vez, seremos recebidos com muita emoção e entusiasmo do público”, anima-se.

Mas, ainda que as manifestações do público sejam uma constante nas apresentações do espetáculo, Laila admite, sem o risco de ser injusta, que alguns episódios foram especialmente emocionantes nessa trajetória. “Há dez anos, quando começamos a circular com a peça, os filhos e os amigos da Elis vieram assistir a gente, e foi lindo. O Jair Rodrigues e (Luiz Carlos) Miele, o Zuza Homem de Mello, e o Chico Batera, que tocava com ela, por exemplo, já estiveram na plateia”, rememora, inteirando que, neste ano, os netos da cantora, considerada uma das intérpretes fundamentais da música brasileira, foram assistir à peça. “Imagine a emoção! Eles estavam chorando muito, emocionado de conhecer, dessa maneira que propomos, a história da avó deles, que é a história deles também”, narra, fazendo menção a Rafaela Mariano, 17, filha de Pedro Mariano, e Antônio Baldini, 19, filho de Maria Rita, que assistiram a uma sessão especial da montagem realizada em São Paulo.

“Eu acho, inclusive, que essa é a grande vantagem de a gente estar de volta dez anos depois: além de celebrar esse musical que foi um marco em nossas vidas, ainda tem o bônus de apresentá-lo para uma nova geração, que, assim, pode conhecer a história de Elis de uma maneira sensorial e também informativa, porque, contando a história dela, a gente conta a história da música brasileira e, consequentemente,  conta também a história do país – afinal, os sucessos dela marcaram e são marcadores da nossa história”, analisa.

O espetáculo 

Laila Garin explica que, nesta turnê especial, o texto permanece praticamente inalterado – “só deixamos ele um pouquinho mais curto”, pontua, citando que, no elenco, também foram feitas apenas mudanças pontuais. “A gente tem um novo Jair Rodrigues, feito agora pelo Fernando Rubro, e um novo Ronaldo Bôscoli, interpretado, desta vez, por Flavio Tolezani. Já o Tom Jobim e o Luiz Carlos Miele são feitos pelo Santiago Villalba, enquanto o segundo marido de Elis, Cesar Camargo Mariano, volta a ser vivido pelo Claudio Lins”, situa.

Quanto à seleção musical, ela explica que houve a necessidade de adaptação, mas boa parte do repertório original foi preservada. “Tivemos o cuidado de manter os mesmos solos de Elis, porque é impossível tirar alguma música, embora, claro, sempre vai ter uma ou outra que alguém vai sentir falta, porque tudo que ela gravou virou sucesso”, examina.

Ao todo, no repertório, Laila estima passear por 30 canções – eram 38. “Algumas são medleys”, observa, detalhando que as músicas são usadas tanto como elemento narrativo quanto para reprodução de shows icônicos da cantora. “Dramaturgicamente, elas são uma ferramenta para falar dos momentos de encontro e separação, dos estados da alma de Elis”, pontua. “Além disso, são um elemento para reproduzir momentos históricos da carreira dela, como o Falso Brilhante, o Arrastão, o Filhos da Bossa, e o Como Nossos Pais”, enumera, complementando que o figurino mantém a concepção de Marília Carneiro, enquanto cenário e iluminação foram repaginados.

Memória do corpo

Voltar a viver Elis Regina, dez anos depois da primeira experiência neste papel, representou um novo desafio à Laila Garin. “Se antes, eu me dediquei à construção da personagem, desta vez, minha preocupação era em não parecer uma imitação de mim mesma, porque a peça foi tão bem-sucedida que seria natural querer fazer tudo exatamente igual, correndo o risco de fazer a cena de uma forma vazia”, reflete. Mas, não foi isso o que aconteceu.

“Nesse processo, eu voltei a me apaixonar por Elis. E entendi que eu também já sou outra depois de todo esse tempo, que o próprio país já é outro. A gente já passou por tanta coisa nesse tempo”, complementa. 

Laila detalha que sentia certa ansiedade em saber como seria retomar o papel. “Eu queria saber se, em meu trabalho de composição, eu lembraria de coisas… E, para minha surpresa, logo que começaram os ensaios – que dessa vez foram bem menos –, eu vi que meu corpo tinha uma memória orgânica daquela experiência de 10 anos atrás. E isso, por si, já foi lindo”, cita, acrescentando que, além disso, revisitou todo o material sobre a “Pimentinha”, como discos e entrevistas, bem como suas próprias anotações.

O resultado, diz, foi que, desta vez, o trabalho se tornou ainda mais prazeroso. “Agora, como eu me sinto abençoada por esse papel e, bem recebida pelo público, tenho um relaxamento maior – até pela segurança que adquiri com tudo o que fiz nesses dez anos. E tudo isso torna a experiência ainda mais prazerosa”, reconhece ela, que, em seguida, lembra da importância da montagem para sua própria trajetória artística.

“Esse espetáculo mudou minha vida”, resume. “Depois deste trabalho eu tive um reconhecimento a nível nacional, recebi convites para fazer mais trabalhos no audiovisual, tive autonomia na criação de projetos próprios, como o ‘Gota d’Água’, em que eu era coprodutora”, detalha, tratando o musical como um grande presente que Dennis Carvalho e a Aventura, produtora que, depois passou a fazer mais musicais brasileiros, deram a ela. “E foi, acima de tudo, um presente de Elis para mim”, conclui.

SERVIÇO:

O quê. Elis, a Musical - edição especial 10 anos.

Quando. Nesta sexta-feira (2), às 20h30, e sábado (3), às 16h30 e às 20h30. Sessões têm 2h15, sendo 15 minutos de intervalo.

Onde. Teatro SESC Palladium (r. Rio de Janeiro, 1046, centro).

Quanto. A partir de R$ 25 até R$ 180.

 

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