O ano de 1969 foi emblemático para o rock. E marcante em vários aspectos. Álbuns especiais e históricos, mudanças de concepção, nascimento de bandas viscerais e despedidas de outras. Woodstock marcou uma geração e praticamente definiu o que seria um festival de música.
Os Beatles começavam a sair de cena, enquanto os Rolling Stones se despediam de um de seus fundadores, Brian Jones, encontrado morto na sua própria piscina no mês de julho. O Who levaria o rock a outro patamar, criando uma ópera.
Bandas seminais colocaram no mercado mais de um disco no mesmo profícuo ano – o Led Zeppelin soltou seus dois primeiros petardos, enquanto o Creedence Clearwater Revival lançou nada menos do que três álbuns.
Naquele 1969, outra banda lançou dois álbum, sendo que um era uma trilha sonora. Não, não eram os Beatles. O Pink Floyd colocou no mercado “More”, trilha sonora e terceiro álbum da banda britânica, e o conceitual e intrigante “Ummaguma”, definindo muito do seu caminho a partir dali.
Cinquenta anos depois, o som não envelheceu. Seguiu como referência para muito do que viria nas cinco décadas seguintes. Foram estabelecidos patamares que nunca saíram do radar de quem fez, consumiu ou curtiu rock desde então.
Em dezembro de 1969, os Rolling Stones lançaram “Let It Bleed”, um de seus álbuns clássicos e com título provocativo. No mesmo mês, decidiram encerrar sua turnê norte-americana com um show gratuito em Altamont, um autódromo na Califórnia. Para abrir, convidados como Santana, Jefferson Airplane, Crosby, Stills, Nash and Young e Flying Burrito Brothers.
Para fazer a segurança, os Hell’s Angels. O evento, tumultuado, terminaria com confusões e morte. “O sonho acabou”, diria John Lennon, em “God”, lançado em 1970. O fim dos dourados anos 60 se daria ali, de forma simbólica. O som de 1969 seguiria eterno.
No Brasil, uma mutação surgia
O rock brasileiro ainda se estabelecia, mas em 1969 um álbum marcaria a história da música no país. O clássico e genial “Mutantes” foi lançado nesse mesmo poderoso ano. A banda de Rita Lee e dos irmãos Sérgio e Arnaldo Baptista é espetacular do início ao fim.
Com elementos brasileiros misturados a uma forte influência do rock britânico, a trupe reuniu canções como “Dom Quixote”, “Algo Mais” e “Caminhante Noturno” nessa mesma obra. Não bastasse, tem a parceria com a genialidade de Tom Zé em “2001” e “Qualquer Bobagem”. Icônico.
Outro disco que trouxe guitarras em destaque em 1969 foi “Gal”, terceiro álbum da cantora baiana Gal Costa. Experimental, com mixagem suja e guitarras rascantes, apresentava versões poderosas para músicas de Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Gilberto Gil e Jards Macalé.
Sons dos mais variados gêneros
A série de álbuns marcantes lançados há 50 anos renderia um livro. Além dos citados (veja na página 3) e outros tantos, artistas influentes colocaram no mercado discos importantes em suas respectivas histórias. É o caso de Joe Cocker, com “With a Little Help from My Friends”, do profícuo Frank Zappa com “Hot Rats” e, com sua banda The Mothers of Invention, “Uncle Meat”.
O Fleetwood Mac dava passos importantes em “They Play On”, enquanto o bardo Bob Dylan registrava “Nashville Skyline”, e Nick Drake, “Five Leaves Left”. Não pode ser deixada de lado a voz rascante de Janis Joplin, com seu “I’ve Got dem’ Ol Kozmic Blues Again Mamma”. E não custa lembrar que, se não teve álbum em 1969, Jimi Hendrix soltou um single, com “Stone Free”.
Outros sons que traziam influências importantes para o rock eram marcados pelos totens James Brown, com “Say It Loud (I’m Black and I’m Proud)” e Sly and The Family Stone, com o impagável “Stand!”. Um ano para não esquecer.