Televisão

Juliana Paes sobre Maria Marruá virar onça em 'Pantanal': 'Não é estilo X-Men'

Atriz fala sobre a novela da Globo e o processo de construção da personagem que é mãe de Juma

Por Renato Lombardi
Publicado em 06 de abril de 2022 | 16:11
 
 
 
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Interpretar Maria Marruá no remake de “Pantanal”, na Globo, é motivo de orgulho para Juliana Paes. Além da admiração por Cássia Kis, intérprete da personagem na primeira versão - “Eu sempre fui muito fã dela”, afirma - , a atriz celebra o fato de o trabalho lhe proporcionar mergulhar na própria memória afetiva, relembrando quando assistia à novela, nos anos 1990, com a família. Ela também faz questão de ressaltar um ponto importante que Maria Marruá lhe ofereceu: se despir de vaidades e aparecer na TV de uma maneira que o público, até então, não estava acostumado a vê-la.

Juliana afirma que quando foi chamada para participar de “Pantanal” demorou apenas “dez segundos para aceitar o papel. “Quando o Papa (Rogério Gomes, diretor artístico da novela) me ligou, eu falei: ‘Começamos quando? Quando é que a gente viaja?’”, conta. “Eu tinha vontade de conhecer o Pantanal também, que ainda não conhecia. Sabe quando junta a fome com a vontade de comer? Juntou tudo! É um desafio por ser um personagem de uma atriz que admiro tanto, de quem eu sou fã, a história e todo o entorno”, justifica.

Para a atriz, que acompanhou a versão original de “Pantanal” exibida em 1990, a história criada por Benedito Ruy Barbosa “está num lugar de memória afetiva, de lugar de conforto” para ela e para muitos brasileiros de sua geração. “Eu me lembro exatamente da posição do meu pai e minha mãe sentados, da cor do sofá onde eles ficavam sentados, e de as vezes estar na sala com eles”, relembra Juliana, que cita uma curiosidade sobre o pai. “Ele nunca foi de ver novela, só passou a ver quando eu comecei a fazer. Mas meu pai parava pra ver essa novela”, recorda.

Juliana defende que é muito importante investir nessa memória afetiva: “Porque toca num lugar de muita emoção”. “Claro que para as novas gerações vai ser novidade, mas tem um público cativo de novela, que ama novela, que no meu sentir está muito emocionado de revisitar essa história”, diz. Fato que se comprova pela boa audiência da novela, tanto na TV quanto nas redes sociais. “Creio que não é só pela história, mas por essa sensação, por essa emoção que essa novela traz, por uma nostalgia”, pontua.

Uma verdadeira onça

Juliana descreve Maria Marruá como uma mulher “forjada na dor”, após perder três filhos e também pela violência que vivenciou na perda da terra que ela e a família havia adquirido com muito trabalho. "Quando você não tem mais nada, você só tem a si mesmo e os seus próprios instintos. Eu tentei trabalhar a Maria nesse lugar”, afirma.

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E foi o contato com o Pantanal que fez a atriz entender a força dessa mulher, que fica conhecida na região por se transformar em onça. Para muitos personagens, é apenas uma lenda, mas a novela já mostrou que não é bem assim. A primeira cena que mostrou Maria como onça (ela se transformou no animal para defender a filha de uma cobra) foi muito elogiada nas redes internet. Mas, ao contrário do que muita gente imaginou, não foi uma transformação que o público pôde acompanhar.   

“A gente não vai ver nenhuma cena no estilo ‘X-Men’, uma transformação completa acontecendo. Acho que essa escolha foi um acerto, porque trabalhar essa percepção, como cada personagem fala dessa mulher que vira onça, é um tempero gostoso de ver”, comenta Juliana.

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'É gratificante poder abrir mão da vaidade'

Para dar vida à Maria Marruá, mãe de Juma (interpretada por Alanis Guillen), Juliana Paes conta que precisou abrir mão da própria vaidade, situação que ela garante lidar muito bem. Nesse processo de construção da personagem, a atriz conta que, além da caracterização feita por Valeria Toth, com a inserção de marcas de expressão e também da tonalidade da pele, ela optou por parar de pintar as unhas e deixar os cabelos naturais.

“A gente vive nesse universo às vezes muito estético e eu tenho recebido muitas perguntas nesse sentido, de como é se ver envelhecida ou maltratada. O espírito da pergunta, parece, que vem no sentido de como é, para mim, fazer esse esforço. Não é esforço nenhum, pelo contrário”, afirma. “É gratificante poder abrir mão da vaidade, da estética vigente e, mais que abrir mão disso, ver beleza nisso. Eu vejo beleza nas olheiras, no cabelo branco, eu vejo poesia nessas marcas do tempo”, diz. “É um prazer poder abandonar essa mochila um pouco da idade, do perfeito, e não só gostar de fazer, mas também se deleitar com o resultado que isso tem”, ressalta. 

A atriz faz questão de exaltar as características dessa mulher forte e corajosa, que passa por muitos momentos de dor e que literalmente vira onça. “A gente começou a imaginar como seria o rosto de uma mulher que nunca se protegeu do sol, que nunca teve acesso a filtro solar”, cita Juliana. “Ela não é uma mulher que não se cuida, mas uma mulher em que o tempo agiu, o sol agiu”, comenta. “Acho que o personagem acontece mesmo depois que você coloca a roupa e que você se vê com o cabelo pronto, com a maquiagem pronta”, explica.

Energia do Pantanal

A temporada que passou no Pantanal gravando cenas da novela foram importantes para Juliana Paes. Segundo ela, o período na região foi fundamental para ajudá-la a construir sua Maria Marruá. “Se tivesse começado (o trabalho) pelo estúdio, não teria esse molho todo”, analisa a atriz.

“Quando você chega no Pantanal se depara com uma energia contemplativa; ele te convida a levantar as orelhas e lançar o olhar para fora. Essa energia de contemplação fica impregnada na gente, e mais do que isso, tem muito barulho porque os bichos cantam muito alto. É um barulho da natureza tão forte chamando”, explica ela. “Me senti muito conectada com os meus próprios desejos e me deu um estalo de que a Maria tem um pouco disso”, completa Juliana. 

Que perrengue!

As cenas que estão sendo exibidas e também a atuação do elenco têm arrancado muitos elogios dos telespectadores. Entretanto, por trás do resultado que o público vê na TV tem muitas curiosidades e perrengues. 

Juliana Paes lembra que durante a gravação no rio, em que Maria Marruá, grávida, aparece boiando, passou por um grande susto.  “Eu estava ali no meio do rio, paradona”, diz. "Quando eu vi era o André (que trabalha na produção da novela) gritando: ‘Sai!’”, recorda. “Quando eu olho, o jacaré já vinha assim, traçando uma reta. O jacaré viu aquela carcaça boiando, carcaça boa, barriga pra cima, falou: 'É nessa que eu vou'. Eu saí correndo, barriga pendurada, aquela loucura!”, conta ela, aos risos.

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