O animador e game designer Ale McHaddo terminava de compor os créditos finais de seu novo trabalho quando atendeu a reportagem do Magazine, por telefone, alguns minutos depois do horário previamente combinado. "Ainda bem que atrasou um pouco, foi melhor para eu terminar esse trabalho", disse, de imediato.
A rotina de McHaddo é assim: diversos projetos em andamento, muitos compromissos de trabalho, decisões tomadas a todo instante. Em seu estúdio, o 44 Bico Largo, na capital paulista, ele mantém uma equipe responsável por, junto consigo, desenvolver jogos de videogame e desenhos animados, tanto autorais quanto institucionais.
Pertencem à primeira categoria os dois trabalhos mais conhecidos de McHaddo no circuito de festivais de cinema: "A Lasanha Assassina" (2002) e "O Fantasma da Ópera" (2003). Ambos lhe deram prêmios e reconhecimento.
"Foi por causa da Lasanha... que começamos a fazer animações na empresa", conta ele. Até então, a 44 Bico Largo era especializada apenas em criar games. Hoje, está em negociações para estrear uma série animada na TV norte-americana inspirada no mais recente projeto lançado por McHaddo, o curta "Osmar".
O desenho narra as angústias do personagem-título, uma fatia de pão de fôrma que, por ser a primeira do pacote e ter uma casca durinha num dos lados, é sempre preterida em prol das "irmãs" mais saborosas. Desiludido, Osmar procura a ajuda de um terapeuta. "Gosto de olhar para esses detalhes que as pessoas não dão muita atenção e inserir humor", comenta o animador.
Com o filme, McHaddo foi premiado na MIP Junior, uma feira de produções infantojuvenis realizada em Cannes, na França. O que deu mais alegria ao diretor foi ter sido agraciado pela escolha de um júri formado por crianças. "É o nosso público direto, né?", comenta. "Isso mostrou que estamos acertando no público ao qual miramos inicialmente. Mais que isso, provou também que o nosso trabalho pode ser visto fora do Brasil sem dificuldade de entendimento e nos colocar numa posição de destaque para novos projetos".
Paixões. McHaddo conta que, ao mostrar a proposta de "Osmar" a possíveis parceiros, ouvia recusas cheias de clichês - que o fazia, aliás, parecer o próprio pão de fôrma abandonado. "Diziam que as crianças não se interessam por fatias de pão, ou que um personagem perdedor como aquele não faria sucesso", relembra. "A premiação na França mostrou ser exatamente o contrário a essas máximas que vão sendo inventadas como desculpa para não fazer".
Empolgado, McHaddo já se prepara para colocar no mundo sua nova animação. A ideia é que ela seja um longa-metragem - o primeiro de McHaddo -, mas, perfeccionista e matreiro, ele e sua equipe fizeram uma versão inicial em curta.
Será também a estreia do animador no uso do 3D. "Queremos, primeiro, testar a técnica e, depois, transformar o projeto em longa", adianta. "Todo mundo tem vontade de realizar uma animação em 3D, mas queremos ver como fica antes". Era este que estava sendo finalizado por McHaddo quando ele atendeu ao Magazine, na última segunda-feira.
O filme deverá se chamar "BugiGangue" e será protagonizado por uma turminha de amigos às voltas com alienígenas e o salvamento da galáxia. A versão de "teste" vai ser exibida a um público seleto, no intuito de captar as impressões do uso do 3D.
Ainda que se assuma como animador de 2D, McHaddo é bastante adepto e empolgado com as potencialidades da terceira dimensão. "Os óculos de hoje não incomodam como os de antigamente".
O próprio "BugiGangues" nasceu como desenho tradicional, mas, em vista da invasão de animações em 3D nos últimos anos, McHaddo e sua equipe recomeçaram o projeto. "Lançar, hoje, desenho que dispensa o 3D é ir na contramão do que tem sido feito no mundo", acredita. "O cinema está ampliando a imersão do espectador. Não se trata mais de ficar jogando objetos de dentro da tela, como já foi característica do 3D, mas criar um novo ambiente, convidar o público a entrar no universo da ficção. Estamos fazendo este novo trabalho pensando nessa perspectiva".
Games. Os jogos eletrônicos são uma das grandes - senão, a maior - paixões de McHaddo. E isso vem desde a infância, quando ele ainda atendia por seu nome de batismo, Alexandro Machado (o pseudônimo artístico veio bem depois).
"Jogo bastante, tanto em computador quanto nos consoles", diz. O hábito não se resume apenas a momentos de diversão. Para McHaddo, jogar é também uma forma de aprimorar o trabalho e as suas visões artísticas, inserindo novos elementos na criatividade necessária ao dia a dia.
"Sou muito influenciado pelos games, por sua linguagem, pela velocidade da narrativa e dos cortes", conta.
McHaddo pensa íntimas relações entre os videogames e os caminhos que ele mesmo desenvolve nas animações da 44 Bico Largo. "Eu passo a encarar os personagens como peças de um jogo, o filme se torna o tabuleiro e, a partir disso, desafio o espectador a uma partida".
Conheça mais do trabalho de Ale McHaddo
Fundação
Bico Largo, empresa de propriedade do animador Ale McHaddo, foi fundada em 1996.
Interação
No site oficial da empresa - especializada em games e animações -, é possível criar CD-roms, web pages, ler histórias em quadrinhos com personagens criados pela equipe de McHaddo e enviar cartões. Acesse www.44bicolargo.com.br
Na web
No site Porta Curtas (www.portacurtas.com.br), patrocinado pela Petrobras, é possível assistir aos dois trabalhos mais conhecidos de Ale McHaddo, "A Lasanha Assassina" e "O Fantasma da Ópera"
Acesso
A visualização no Porta Curtas é gratuita, sendo permitido apenas assistir aos filmes, sem fazer download
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