O poeta espanhol Antonio Machado (1875-1939) é responsável por alguns dos mais belos versos de todos os tempos: “Caminhante, não há caminho/ O caminho se faz ao caminhar”. André Oliveira, 33, acredita nessas palavras. Tanto que o compositor belo-horizontino escolheu a palavra “caminho” para batizar seu disco de estreia, mas no idioma iorubá, de origem africana.
“Oná” enfileira 12 canções autorais, algumas delas em parceria, como no caso de “Sapeando”, que também traz a assinatura da violinista Nath Rodrigues. Esse é um dos exemplos da diversidade e do ecletismo do álbum, capaz de transitar por ritmos como choro, baião e afoxé, com influências que vão desde a música mineira barroca que fundamentou o movimento Clube da Esquina até referências da produção afro-brasileira.
Essas raízes africanas dão o tom da faixa “Oná Irepó”, que abre os trabalhos com uma forte presença percussiva. “Mulher”, “Espere Um Pouquinho”, “Cheiro de Saudade”, “Entre Amigos” e “Pra Chover pra Chorar” conduzem o trabalho a um lugar lírico.
“Canto aos Ancestrais” encerra o CD reforçando a sua mensagem principal de pertencimento e garantindo unidade sonora dentro da heterogeneidade.