Nascido na Argentina, Oscar Quiroga iniciou seus estudos em astrologia ao radicar-se no Brasil, a partir da década de 70. Antes de fixar residência em São Paulo, ele estudava medicina em seu país de origem, onde abandonou o curso, em razão da ditadura civil-militar que subiu ao poder. Outras nações da América Latina também sucumbiram a essa forma nefasta de governo, exemplo do próprio Brasil, onde o astrólogo passou a viver.
De lá para cá, Quiroga tornou-se um nome de referência no universo do esoterismo, e, a partir desta segunda-feira, é ele quem vai assinar a seção de horóscopo publicada no Magazine. Suas primeiras considerações sobre o tema foram publicadas no “Estadão”, onde ainda permanece como colunista. Ao refletir sobre sua relação com a área, ele observa que houve uma profissionalização, especialmente na imprensa. “Quando eu comecei a escrever para os jornais, em 1986, os textos publicados eram uma porcaria. Já houve jornalistas que me confessaram que quem chegava atrasado à redação era punido com a obrigação de fazer o horóscopo. Então, os textos saíam daquele jeito... randômico”, dispara Quiroga.
Outro dado apontado por ele, que reflete uma transformação no tratamento dado à astrologia, é a maneira como ela passou a ser uma possibilidade de carreira para muitos interessados. “Na minha época, era o seguinte: astrologia não era algo que você tinha em mente fazer quando crescer. Então, essa não era uma vocação que você seguia, mas que caía no seu colo. E eu fiquei surpreso com uma matéria que saiu, cerca de 20 dias atrás, falando que atualmente há uma tendência de jovens abandonarem suas carreiras para seguirem a vocação de serem astrólogos”, relata Quiroga. “Isso mostra mudança de paradigma e significa que, pela primeira vez na história, a astrologia passa a ser contemplada como uma carreira”, completa ele.
Para Quiroga, ser astrólogo é mais do que entregar previsões aos leitores ávidos por quaisquer informações capazes de dar pistas sobre seu próprio destino. “Eu acho que o leitor tem que fazer suas próprias reflexões. A coluna não dá receitas prontas e é um chamado para o pensamento, para que nós coloquemos em prática nossas críticas diante dos nossos problemas. Dessa forma, o nosso ponto de vista pode estar integrado a um conjunto de eventos mais amplo possível”, observa Quiroga.
Em relação a seus próprios escritos, ele afirma que baseia-se, principalmente, na percepção de que os humanos fazem parte do reino da natureza e busca compreender os fenômenos a partir de uma visão conectada entre o homem e o planeta. “Às vezes, fico muito triste com a fala de algumas pessoas que dizem que a terra seria melhor sem os humanos. Mas é preciso entender que nós trouxemos para a realidade coisas que não poderiam ser geradas pela natureza, como a música, a arquitetura, a medicina, a ciência, a filosofia. Tudo isso não dá em árvore nem vem em rios. Isso surge a partir da presença humana”, conclui Quiroga.
O astrólogo também é autor de livros, entre eles “Astrologia Real”, “Entre o Nada e a Eternidade” e “Previsões para 2017”. A seus novos leitores, ele deixa um conselho: “Quem busca as colunas de astrologia está atrás de algo para si. Então, é importante, ao buscar esse tipo de conteúdo, que você não esteja completamente desarmado e indefeso. É importante ler esse conteúdo com olhar crítico”, diz.
Mais dicas de Quiroga
O astrólogo Oscar Quiroga lista abaixo algumas de suas preferências culturais.
Música. “Há músicas que tocam na alma e, às vezes, podem ser insultantes, como as de Frank Zappa (1940-1993), porque tratam de temas de maneira irônica e sarcástica. Gosto também de Miles Davis (1926-1991) e alguma coisa do universo pop, como Fine Young Cannibals”.
Séries. “Cresci vendo ‘The Twilight Zone’ e atualmente tenho gostado muito de ‘Maniac’, que estreou recentemente na Netflix”.
Literatura. “Sou leitor dos clássicos. Sempre gosto de reler Shakespeare, e aprendi a escrever português lendo Fernando Pessoa e Machado de Assis”.
Filmes. “Meus preferidos são os de suspense, como ‘O Iluminado’ e ‘Os Outros’”.