Em 2011, poucos meses antes de gravar o disco “Fôlego”, o seu primeiro de estúdio, Filipe Catto estreou Belo Horizonte. Agora ele volta à cidade, após fazer uma turnê em Portugal, trazendo um show numa versão diferente daquele que o público mineiro conheceu há quatro anos. Nesta segunda, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, o cantor vai se apresentar sozinho, acompanhado apenas do seu violão, marcando o encerramento da programação do I Inverno das Artes.
Com esse formato, ele, de certa forma, reencontra o momento inicial do seu trabalho e, ao mesmo tempo, celebra a sua atual relação com a música. “Antes de eu ter a minha carreira, eu sempre tocava em bandas de rock. Mas, numa época da minha vida, dois amigos que estavam nessa comigo resolveram fazer intercâmbio e, da noite para o dia, eu me vi sem um grupo. Foi aí que eu comecei a encarar a ideia de fazer tudo sozinho. Eu marquei um show, assinei com o meu nome e apareci cantando em voz e violão”, recorda Felipe Catto.
“Só depois de um bom tempo eu lancei ‘Fôlego’, e, a partir disso, eu sempre estive no palco com instrumentistas”, acrescenta. Isso começou a mudar em 2013, quando a convite de Cida Moreira ele resolveu recuperar o violão. “Eu não tocava o instrumento nem a guitarra há muito tempo. Mas, com o projeto Eviscerado, a Cida me estimulou muito. Ela me disse que eu teria que tocar para ela cantar e essa experiência me trouxe mais confiança”, afirma Catto.
Se a proposta sugerida por Cida soava a princípio como um desafio, ela também o fez perceber uma outra possibilidade de atuação. Além das apresentações cuidadosas com elementos musicais e visuais, ele começou a notar também a potencialidade existente num show mais cru.
“Eu vinha daquela configuração mais teatral para chegar nesse lugar que se aproxima do momento em que as músicas nascem, com uma crueza muito grande. No formato de voz e violão, há também um silêncio maior, e acho que fica um clima muito gostoso, a música se torna grandiosa. No ano passado, eu viajei para Portugal e me apresentei dessa forma. Eu achei tudo muito rico, porque pude reencontrar o lugar da voz com o instrumento das composições. Outra coisa é poder olhar para o público como se tivesse na sala da minha casa. Acho que isso é um privilégio para mim e para eles também”, sublinha.
No espaço que tem cerca de 176 lugares, o encontro com Catto será, portanto, moldado pelo intimismo. Ele observa que isso também favorece bastante o improviso. Por isso, além de interpretar canções como “Adoração”, “Sala”, “Ave de Prata”, “Flor da Idade”, haverá algumas surpresas e novidades. “Eu tenho uma estrutura em mente, mas tudo vai se resolver muito na hora. A ideia é que o repertório esteja aberto, inclusive para mim. Dependendo do que eu sentir vontade cantar, vou sacar algumas músicas na hora”, diz o artista.
Com o seu segundo disco de estúdio já gravado, ele afirma que deverá cantar do novo álbum apenas a faixa “Depois de Amanhã”, que nasce da sua parceria com Paulinho Moska. “Essa eu já venho mostrando em alguns shows e vai estar neste também, mas não vou cantar outra do CD novo porque eu quero que tudo depois seja uma surpresa”, justifica.
O seu próximo trabalho será recheado de composições inéditas, escritas por autores contemporâneos. “São textos muito atuais que falam do que estamos vivendo em 2015, por isso não há no disco nenhuma nostalgia”, frisa.
Enquanto ainda define a data e os shows que virão com o lançamento futuro, Catto reforça estar curtindo essa fase tão reveladora de si. “Poder chegar nesse lugar de voz e violão é também estar tão despido, sem máscara e aparatos, que eu acho que isso vem esclarecendo muitas questões para mim. De certa forma, eu penso que eu estou falando: ‘É isso o que eu faço, é isso o que sou’. Apesar de tudo, o que tenho na minha vida é a voz, o instrumento, o palco e o público. Enquanto essas coisas existirem, eu vou estar por aí”, conclui.
Discografia
Atualmente, Filipe Catto trabalha na finalização do quarto trabalho de carreira. Os anteriores foram: “Saga” (EP) – 2009; “Fôlego” – 2011; e ao vivo “Entre Cabelos, Olhos e Furacões” – 2013.
Agenda
O quê. Show de Filipe Catto
Quando. Nesta segunda, às 20h30
Onde. Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro)
Quanto. Ingressos esgotados