Cinema

Filme 'Marés' trata o alcoolismo sem causar náuseas nem explorar clichês

Diretor João Paulo Procópio não coloca seu protagonista em posição vexatória, mas mostra as consequências do álcool na vida dele

Por Etienne Jacintho
Publicado em 12 de setembro de 2019 | 03:07
 
 
 
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“Marés” é mesmo um ótimo título para o filme de João Paulo Procópio, que entre em cartaz hoje. No longa, Lourinelson Vladmir interpreta o fotógrafo Valdo, um cara bacana, divertido, sensível, comum. Como adora festas, ele está sempre rodeado de amigos. Claro que essas baladas são sempre regadas a álcool. À primeira vista, isso não parece ser um problema, até que personagem e espectador se tornam mais íntimos. 

Ao mostrar a relação de Valdo e das pessoas que o cercam com a bebida, o filme não usa clichês. Procópio não coloca seu protagonista em uma posição vexatória.

Quando passa mal fisicamente, ele o faz em particular. O que o espectador vê são as consequências da bebida na vida do personagem. Valdo apaga, acorda vomitado, tem a carteira de motorista apreendida, perde o respeito da mulher e a guarda da filha. 

Mas isso não acontece de uma hora para outra. O processo é lento, como na vida real. Valdo navega nas suas marés, sem ser rotulado pelo diretor, que não deixa brechas para que o espectador o enxergue com preconceitos e julgamentos. 

“Marés” é um filme sensível, honesto, que respeita o público ao abordar um tema delicado como o vício. A trilha sonora colabora com o bom roteiro interferindo, quando necessário, para refletir o interior de Valdo em sua tormenta pessoal.

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