Dos 24 autores que tiveram fotos selecionadas para integrar a nova coleção do Museu de Arte de São Paulo (Masp), quatro são de Minas Gerais: Miguel Aun e Zezinho Faria, de Belo Horizonte; Rui Cezar dos Santos, de Nova Lima; e Rodrigo Zeferino, de Ipatinga.

Três trabalhos de cada um deles foram escolhidos a partir da indicação do fotógrafo mineiro Pedro David, autor de "Paisagem Submersa" (CosacNaify). David possui fotos suas na coleção desde 2005. "Quis fazer um panorama da fotografia em Minas por diferentes épocas. Então indiquei algumas influências, contemporâneas ou não", explica Pedro.

Todos os anos, o acervo de imagens do Masp cresce com as doações à Coleção Pirelli-Masp de Fotografia. Este ano, na 17ª edição para definir o novo acervo, a Pirelli adquiriu 80 novas obras, relação na qual os mineiros foram integrados.

As imagens estarão expostas no museu entre 12 de março e 5 de maio.

Um dos fotógrafos recém-selecionados, Miguel Aun diz que fotografa "flagrantes da vida".
"Quando vejo uma cena interessante na rua, eu clico", diz Miguel, fotógrafo há mais de 30 anos. Duas de suas imagens foram feitas nos anos 80, no interior do Estado, e a outra no local onde hoje está a praça JK, entre a vila Acaba Mundo e o bairro Sion.

Além de fazer fotos publicitárias, Miguel se dedica a cenas cotidianas que acontecem sob luzes atraentes. "Sou movido a luz", conta.

Artesania. Fotógrafo laboratorista, Zezinho Faria foi indicado à coleção do Masp por ter "uma linguagem especial" e por trabalhá-la "de uma maneira contemporânea", como justifica Pedro David. Zezinho fotografa sempre em P&B e processa o material no estúdio montado em sua casa. Trancafiado na sala escura, desenvolve um trabalho autoral, produzindo fotomontagens por meio de sobre-exposições de negativos e viragem de selênio, processo que resulta na tonalidade sépia, que ele aplica em alguns pontos da imagem.

"Estou quase sempre com minha câmera. Faço fotos aleatórias e, depois disso, entro no laboratório e vejo as possibilidades de fazer uma cena usando várias imagens, montando e sobrepondo negativos diferentes. No laboratório eu crio uma outra imagem, com uma outra percepção", conta Zezinho
Ele começou a fotografar em 1975 e abandonou os serviços encomendados em 2000 para se dedicar à produção autoral. "Com o meu trabalho quero chamar a atenção para a prática do laboratório", diz ele, lamentando que o processo fotoquímico está sendo abandonado. "Tinha mais interação. Aprendi muito no laboratório com a convivência com outros fotógrafos."