Os versos poderiam perfeitamente se encaixar em canções de sucesso da última hora: “desde janeiro não vejo você/ meu coração é um picolé e pode derreter”. O que dá um giro completo nessa rotação é a dicção própria que a banda Rosa Neon emprega às suas canções. 

Formada por Luiz Gabriel Lopes, Mariana Cavanellas, Marcelo Tofani e Marina Sena, a trupe deixa propositadamente escapar um tom de deboche ao redor desse discurso. 

É o que se pode chamar de “brega indie”, ou aquela famosa contrição entre crítica e público, nó que Zeca Baleiro e Eduardo Dussek desfizeram por meio do humor em algumas canções. Aqui, a estratégia é a mesma. 

Desde novembro, o grupo divulgou na internet cinco canções autorais, todas com videoclipe. Não é por acaso, afinal de contas a imagem é outro fator importante dessa concepção artística.
“Fala Lá Pra Ela”, “Estrela do Mar”, “Brilho de Leão”, “Ombrim” e “Picolé” unem referências que vão do funk carioca ao tropicalismo psicodélico dos Mutantes e de Tom Zé.

Ao que tudo indica, são o prenúncio de um trabalho consistente capitaneado por jovens e talentosos artistas. No fundo de tudo estão questões contemporâneas como identidade de gênero e sexualidade, sempre relativas à liberdade.

Veja videoclipe da banda Rosa Neon: