Audionovela

Pelas ondas da internet

'Os Bollagattos', que estreia nesta quinta (15) na Ubook, resgata a fórmula das radionovelas que fizeram sucesso no Brasil

Por Renato Lombardi
Publicado em 15 de março de 2018 | 03:00
 
 
 
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Quando o assunto é novela, há sempre aquela pessoa que acompanha tudo e aquela que torce o nariz, mas “ouviu falar” do que está acontecendo nos principais folhetins. Essa paixão do brasileiro fez com que o país se tornasse um dos principais produtores de telenovelas do mundo. Mas, antes da televisão, essas histórias chegavam a diversas cidades pelas ondas do rádio – as radionovelas, transmitidas ao vivo, foram um dos destaques da chamada Era de Ouro do Rádio, entre os anos 40 e 50. A emoção e a sensação de acompanhar o desenrolar dessas tramas só ouvindo a voz dos atores poderão ser vividas – e também relembradas – a partir desta quinta (15) com a estreia da audionovela “Os Bollagattos”, que será disponibilizada, às 17h, na Ubook, plataforma de audiolivros por streaming.

Um dos idealizadores do projeto, o diretor e roteirista Luis Antonio Pereira afirma que a ideia surgiu para resgatar uma parte importante da cultura brasileira “que ficou esquecida ou na memória de algumas pessoas”. Apaixonado por radionovelas, Pereira revela que em 1992 estava com o projeto de produzir algo no formato, porém precisou ser arquivado. No fim do ano passado, numa conversa com um amigo, surgiu a possibilidade de fazer uma audionovela e disponibilizá-la na internet. “No dia seguinte criei o roteiro do primeiro capítulo”, conta ele, eufórico.

A audionovela conta a história da família Bollagattos, que lidera o crime no Rio de Janeiro de 1945. Dona Vitória Bollagatto (Raquel Fabbri) é a matriarca da família. Miguela (que será interpretada por três atrizes) nunca quis se envolver nos negócios ilícitos, mas, após a mãe sofrer um atentado, patrocinado pela família Tortellini, ela se torna mais temida que a própria matriarca.

Ao passar por esse processo, o ouvinte perceberá uma mudança também na personalidade de Miguela: no começo, ela é mais reticente (Priscila Fantin); depois, ganha confiança e torna-se uma mulher mais alegre e espalhafatosa (Bianca Rinaldi); transformando-se em melodramática e sombria ao final (Maytê Piragibe). No elenco também estão Paloma Bernardi, André Ramiro, Paulo Hamilton, Brendha Haddad, Daniel Braga e Henrique Pires.

“Tem humor e tem drama. Quis contar a história do crime organizado do Rio comandado pelas mulheres. Gosto dessa inversão de papéis. Gosto de escrever sobre mulheres fortes, porque tive na minha vida exemplos assim, que ajudaram na minha criação”, pontua.

Tecnologia. Diferentemente das radionovelas transmitidas por emissoras como Nacional e Tupi, “Os Bollagattos” não será ao vivo. Todos os 15 capítulos da história já foram gravados – cada um terá 30 minutos de duração e será disponibilizado sempre às quintas-feiras.

“A gente gravou todos os diálogos e a narração e depois fez a pós-produção. As novas tecnologias, inclusive para a sonoplastia, vão fazer com que a audionovela chegue com uma qualidade técnica melhor para o público”, ressalta Pereira.

Transmissão

“Os Bollagattos” será disponibilizada pelo Ubook, plataforma de audiolivros por streaming. Os capítulos também serão reproduzidos pela rádio online Bla FM 12 dias após serem disponibilizados no Ubook.

 

Formato empolga elenco da trama

Fazer uma audionovela é uma novidade celebrada pelo elenco de “Os Bollagattos”. Bianca Rinaldi, que interpreta a protagonista Miguela na segunda fase – considerada a mais alegre da personagem –, conta que gostou da experiência. “Eu sempre achei interessante como o som mexe com a nossa imaginação. Acho que as radionovelas nunca deveriam ter acabado”, observa a atriz. “Estou louca para as pessoas ouvirem e acompanharem ‘Os Bollagattos’. É um trabalho muito gostoso, e espero que tenha continuidade”, afirma.

“É muito legal essa volta da radionovela, que foi algo muito importante no nosso país. Eu me lembro de conversar sobre isso com os meus avós, de ficar imaginando como as pessoas tinham contato com a dramaturgia pelo som”, conta o ator Daniel Braga.

Na trama, ele terá mais de um papel – alguns são antagonistas, outros, coadjuvantes. “A gente fica muito preocupado em fazer uma voz diferente para cada personagem. Dessa vez, quis pensar em cada um deles, no que cada um quer. Durante as gravações, deixei que a voz acompanhasse naturalmente o que havia mentalizado”, explica.

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