Audiovisual

Terror, fantasia e suspense: as faces do cinema de horror

Desafio de cineastas é tirar o público da zona de conforto, não importa se na tela há zumbis, fantasmas ou serial killers

Por Etienne Jacintho
Publicado em 26 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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Nos anos 20, “Nosferatu” aterrorizou o público, assim como “Frankenstein” fez nos anos 30. Com Bram Stoker e Mary Shelley como roteiristas, respectivamente, esses filmes deram forma mais real aos monstros que viviam apenas no imaginário das pessoas. Hoje, quase cem anos depois, o cinema continua povoando a mente do público com seres aterrorizantes, figuras fantasmagóricas, fenômenos sobrenaturais e muito, mas muito, sangue. Às vezes, há tanto sangue que o que era terror se transforma em comédia. Outras vezes, o suspense ganha contornos de terror.

Ao longo dos anos, alguns diretores como Alfred Hitchcock (1899-1980), Dario Argento, George Romero (1940-2017) e José Mojica Marins, especializaram-se no terror, criando obras-primas como “Psicose”, “Suspíria”, “A Noite dos Mortos-Vivos” e “À Meia-Noite Levarei sua Alma”. Outros diretores como David Cronenberg, Roman Polanski, Stanley Kubrick e até Steven Spielberg flertaram com o horror, inspirados por escritores como Stephen King, que deu ao mundo cinematográfico histórias como “O Iluminado”, “Carrie: A Estranha”, “It” e “Cemitério Maldito”. 
Todos estes são, claramente, filmes de terror: contém mortes violentas, eventos sobrenaturais, monstros e sangue. A categorização, no entanto, não é tarefa tão fácil.

O cineasta Ricardo Ghiorzi, por exemplo, coloca “Tubarão”, de Steven Spielberg, entre seus filmes de terror favoritos. Há quem acredite que “A Pele que Habito”, de Pedro Almodóvar, e “A Casa que Jack Construiu”, de Lars Von Trier, são filmes de terror. 

“Filme de terror é aquele que causa uma perturbação à ordem estabelecida”, define o jornalista Marcelo Miranda, idealizador do podcast Saco de Ossos. “Essa geração de idealizadores que cresceu com filmes de suspense e terror nas locadoras é menos utópica em relação ao gênero e tem essa facilidade de usar isso para falar sobre um mal-estar social”, diz Miranda. “Esses diretores usam o horror como ferramenta para chegarem onde querem.”

Polêmicos

Às vezes, os cineastas exageram no mal-estar, buscam o choque e criam obras tão perturbadoras que fazem o público passar mal e chegam a ser banidas. “A Serbian Film – Terror Sem Limites” (de Srdjan Spasojevic, 2010) é um desses casos. O diretor justificou a violência de seu filme como crítica à guerra, mas há quem questione. Na tela, perversões como pedofilia extrema e necrofilia causaram revolta e a exibição do filme foi proibida em muitos países, entre eles o Brasil.

Outro filme vetado foi “Holocausto Canibal” (de Ruggero Deodato, 1980). Acusado de ter cenas de mortes reais, o filme sobre canibalismo em uma tribo indígena da Amazônia ficou sem público, mesmo após o diretor afirmar que as cenas reais eram as de caça a animais. Já “Centopeia Humana” (de Tom Six, 2009) não foi banido, mas tampouco agradou ao público. O diretor é fã do japonês Takashi Miike, polêmico realizador de obras de extrema violência e perversões sexuais como “Visitor Q”. 

 

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