A morte do escritor Sérgio Sant’Anna, vítima da Covid-19, na madruada deste domingo (10) foi muito lamentada no meio literário mineiro. Para o escritor e jornalista Humberto Werneck, Sérgio foi mais que um grande escritor e um dos ficcionistas mais finos que o país teve nas últimas décadas: “Foi também um caso exemplar – e raro – de integridade artística e de fidelidade à literatura”. Werneck e o amigo se conheceram em meados dos anos 1960, quando o carioca passou uma temporada em BH. Ao todo, Sérgio morou na capital mineira por 12 anos, e a cidade teve papel decisivo em sua formação literária, a ponto de ele dizer, em entrevistas, que não se tornaria escritor se não tivesse morado em BH.

“Em seus começos, de que fui testemunha, ele esteve hesitante, sinal de que não lhe interessava o brilho fácil. Mas quando finalmente se decidiu, fez da literatura o centro de sua vida, e dessa missão prioritária nunca mais se afastou”, conta Werneck. 

Diretor do “Suplemento Literário” há 11 anos, periódico criado por Murilo Rubião em 1966 e no qual Sérgio publicou seus primeiros textos, Jaime Prado Gouvêa conheceu o carioca em 1968, antes de o escritor estrear na literatura. Em BH, ele teve contato com a turma do Clube da Esquina e ficou muito amigo de Fernando Brant. Sérgio também morou nos EUA e na Europa, o que, segundo Gouvêa, deu à literatura do contista um caráter universal.

“Ele publicou cada livro melhor que o outro, foi um dos destaques da chamada ‘Geração do Suplemento’. Fica para mim o grande ficcionista, que realmente ocupava um lugar de referência, estava no nível do Dalton Trevisan e do Luiz Vilela”, diz Jaime. “Ele estava em plena atividade, é uma perda terrível."

O gestor cultural e escritor Afonso Borges lamenta a sequência de mortes que tem se abatido sobre a área cultural devido à Covid-19. Segundo ele, uma das marcas do escritor é o cuidado e o esmero com as palavras e também sua criatividade. “Ele é sinônimo de moderno, de surpresa boa. Um mestre dos contos que nos deixa livros incríveis. Perdemos uma referência de qualidade de texto do ponto de vista literário”, diz Borges.

Confira a repercussão da morte de Sérgio Sant'anna nas redes sociais: