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Musical infantil ‘A Fabulosa Fábrica de Música’ chega a BH

Espetáculo que imagina a tragédia de um mundo sem música será apresentado neste domingo no Teatro Sesiminas

Por Alex Bessas
Publicado em 06 de abril de 2024 | 06:30
 
 
 
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Ao falar sobre o espetáculo “A Fabulosa Fábrica de Música - O Musical”, que chega a Belo Horizonte, neste domingo (7), após bem-sucedidas temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, Roberto Bomtempo é só elogios. “É uma história muito poética e divertida”, garante o diretor da montagem, sensivelmente envolvido pelo texto original de Adalberto Neto, que ele logo passa a resumir. 

“A história se desenrola a partir de um incidente trágico no (fictício) Colégio Beethoven, uma unidade de uma escola alemã no Brasil escolhida para receber uma caixinha de música com poderes mágicos”, narra. 

“Acontece que, no evento de inauguração, quando o presente é recebido, as crianças, tomadas de euforia, acabam deixando o item cair e ela se quebra, desencadeando um fato grave: o fim da música no mundo. Para reverter essa tragédia, as três crianças que derrubaram a caixinha – Flora, Mike e Luna – têm apenas 24 horas para reconstruí-la”, complementa, lembrando que o trio, então, é levado para uma fábrica de música, onde são surpreendidas por personagens que só haviam ouvido falar: os elementos da música, harmonia, melodia e ritmo, que se tornam seres humanos, além da figura do próprio Beethoven.

Elenco em cena na peça 'A Fabulosa Fábrica de Música - O Musical'

“Elas ficam surpresas com essa situação, até perceberem que essas figuras estão ali para ajudá-las a reconstruir a caixinha e devolver a música ao mundo”, expõe, analisando que a peça propõe uma reflexão sobre o que seria do mundo sem a música e, por conseguinte, sem a arte. “Além disso, o espetáculo trata de outros diversos temas, como o racismo, o preconceito, o bullying e a diversidade afetiva, passeando por todos esses temas de forma muito delicada, porque, afinal, estamos falando de uma obra que aborda o universo infantil”, sinaliza Bomtempo, que faz questão de ressaltar que o público, tanto no Rio quanto em São Paulo, recebeu muito bem todas essas questões, apresentadas de forma lúdica e bem-humorada.

Seleção musical

Como não poderia ser diferente, por se tratar de um musical, mais do que funcionar como trilha sonora, o repertório de “A Fabulosa Fábrica de Música”, que mistura canções e sinfonias, tem papel fundamental na condução da narrativa, dando fruição à história, levando o enredo para frente. É o que explica o diretor Roberto Bomtempo, que saúda o trabalho de direção musical de Roger Henri, autor de 19 das 37 canções que compõem a peça. Ele também elogia a ideia de combinar, na apresentação, tanto temas eruditos quanto populares.

“É uma ideia que veio já na dramaturgia proposta pelo Adalberto (Neto) e que funcionou muito bem”, explica, indicando que, além das músicas originais, criadas especificamente para a montagem, canções conhecidas são apresentadas. “Temos, por exemplo, sucessos de Gonzaguinha, Gilberto Gil, Rita Lee, Skank, Melin e Glória Groove”, enumera, elogiando o efeito dessa mistura: “É incrível, porque, a princípio, o público está embarcando em um espetáculo de composições desconhecidas ou temas eruditos. Então, de repente, vem uma música popular brasileira que envolve todo mundo”.

Capitão

Roberto Bomtempo diz que, desde que começou a trabalhar o texto para transformá-lo em um espetáculo teatral, imagina Beethoven para além do personagem histórico. “É claro que, na peça, ele encarna essa figura do grande compositor, mas também surge como um mágico, o capitão do time, aquela pessoa que percebe todas as questões das crianças e dos adultos”, diz, apontando que, no espetáculo, esse personagem atua como espécie de guia de toda história.

Elenco em cena na peça 'A Fabulosa Fábrica de Música - O Musical'

“Obviamente, ele traz para o musical as suas composições, que aparecem de duas  maneiras: uma delas no formato clássico, com regravações instrumentais que surgem em vinhetas, aparecendo rapidamente; e outra, com a sinfonia ganhando letra, que foi uma ousadia que fizemos”, assinala.

Para o diretor, a grande mensagem que o espetáculo passa é a de que o mundo não sobreviveria sem a arte, a delicadeza, o afeto, o amor e a generosidade. “A gente está passando por um período estranho. Hoje, nos deparamos com questões que a gente pensava que já tinham sido superadas, com crenças em doutrinas que achamos que não voltariam”, examina, concluindo que, como sociedade, temos que ter cuidado com a imposição de ideias violentas e autoritárias. “Acho que o espetáculo abre o olho de todo mundo para isso e mostra que, na verdade, temos que trocar afeto, amor e ideias positivas”.

Elenco

Idealizado pelos produtores Gustavo Nunes e Rose Dalney, “A Fabulosa Fábrica de Música - O Musical” tem no elenco, que interpreta as canções ao vivo, as crianças Pietro Cheuen, da novela “Todas as Flores”, Esther Samuel, que já participou do reality musical “The Voice Kids” e Manu Estevão, da premiada trama “Vai na Fé”, além dos adultos Du Herrera, Vannessa Mello, Rômulo Weber, Carol Donato, Vitória Rodrigues e Rodrigo Fernando.

Sobre a dinâmica de dirigir um elenco misto, Roberto Bomtempo reconhece existir, nesse contexto, uma série de desafios particulares. “Sinto ser importante mostrar para a parte mais madura que é preciso ter uma dose a mais de paciência, ter compreensão que as crianças precisam brincar, que elas se cansam mais rápido e daí a desconcentração aumenta”, defende, detalhando seu modo de trabalhar com cada grupo.

Elenco em cena na peça 'A Fabulosa Fábrica de Música - O Musical'

“No caso dos pequenos, eu deixei claro desde o começo, desde as audições e testes, que eu não queria atores mirins. Eu queria crianças. Acho que ator e atriz é uma profissão, que é algo que nós adultos exercemos após nos prepararmos. Logo, quando a criança é requisitada para estar em um espetáculo, na minha forma de ver, não estamos falando de profissionais”, reflete. “São crianças que têm vontade de estar ali, porque gostam de teatro, de cinema, de televisão, música e dança, e conseguem compreender que aquilo é uma fantasia, que elas vão estar ali brincando de ‘faz de conta’. Meu papel, neste caso, é mostrar que elas devem continuar a ser crianças dentro daquela proposta que está sendo apresentada”, diz, explicando que, ao lidar com este elenco, em vez de falar “vamos fazer a cena da escola”, ele convida essas crianças a “brincar de escolinha”.

“Já em relação aos adultos, noto que, muitas vezes, eles já chegam com muitas amarras, questões e certezas. O que eu preciso fazer, então, é quebrar essa lógica e propor que esses atores venham vivenciar essa nova experiência de peito aberto”, sustenta, garantindo que, no caso do musical, o elenco conseguiu estabelecer uma relação de estreita harmonia.

SERVIÇO:
O quê.
A Fabulosa Fábrica de Música, O Musical
Quando. Neste domingo (7), às 16 e às 19h
Onde. Teatro Sesiminas (r. Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)
Quanto. A partir de R$ 19,50 (meia). Ingressos disponíveis na bilheteria do teatro ou na plataforma Sympla.

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