Valentina Herszage nasceu no ano de 1998. Portanto, não chegou a ser uma espectadora contumaz dos programas de Hebe Camargo (1929-2012). “Mas sempre tive a imagem dela como a de uma mulher cheia de joias, muito simpática e comunicativa. É indiscutível como ela hipnotizava o público com seu jeito tão único de ser”, pontua a hoje atriz. Por uma dessas maquinações da vida, Valentina foi o nome escalado para viver a saudosa apresentadora na minissérie global “Hebe” (disponível na Globoplay), dos 14 aos 28 anos – na segunda fase, a veterana Andréa Beltrão assume o papel, como no cinema.
“No dia 8 de março (do ano passado), que é o dia do aniversário da Hebe (a apresentadora nasceu em Taubaté) e, também, o Dia Internacional da Mulher, a produtora de elenco da série, Andrea Imperatore, me ligou dizendo que o Mauricio Farias, o diretor artístico, queria falar comigo – e me convidar para estar no elenco”, rememora a jovem atriz.
Além do impacto do convite para encarnar um verdadeiro mito da TV brasileira, Valentina também ficou surpresa por um outro motivo – este, bem curioso. “Não sabia que a Hebe era morena na juventude”, diverte-se. Ao saber que Andrea Beltrão era a atriz que encarna a apresentadora “mais velha”, a felicidade da moça se expandiu. “Sou fã dela desde sempre, e foi um encontro incrível. Fizemos a preparação juntas e ficamos muito próximas”, festeja.
A preparação de Valentina se estendeu por cinco meses e demandou três preparadoras diferentes. “Fazia corpo com a bailarina Marina Salomon, prosódia com a Íris Gomes da Costa e canto com a Cris Delanno. Nos encontrávamos diariamente para um processo de pesquisa bem intenso e detalhado. Andrea ia em muitas das minhas preparações – como ela já tinha filmado o longa, já tinha uma pesquisa pronta e muito ampla”, relembra.
Além dos encontros, Valentina passou a assistir a performances de Hebe Camargo todos os dias. “Todos os vídeos possíveis. E lia tudo que dizia respeito a ela. Fui cada vez mais me aproximando desse universo”.
Com todo este empenho, a sua relação com o mito alcançou outro grau. “Pude admirá-la de uma outra forma, com mais profundidade. Entender a história por trás de todas essas figuras tão grandiosas é uma maneira de apreciá-las mais ainda. Eu não tinha conhecimento da sua força de dizer aquilo que pensa, de lutar e defender aquilo que acreditava e do seu passado humilde. E de como ela se tornou o que é”.
Com dez capítulos, “Hebe”, a série, também traz, no elenco, Marco Ricca, Danton Mello, Ângelo Antonio, Flavio Migliaccio, Sandra Corveloni, Walderez de Barros, Gabriel Braga Nunes e outros.
Na sétima arte, premiações
Valentina nasceu no Rio de Janeiro. Bisneta de poloneses (daí a origem do sobrenome), cresceu em uma família que sempre teve a arte como uma referência importante. Além da performance na telinha, ela também já deu o ar da graça no teatro e no cinema. “Amo as três (plataformas), embora tenha tido mais experiência com o cinema, que foi onde comecei profissionalmente, com o “Mate-me Por Favor” (de Anita Rocha da Silveira). Com ele ganhei o prêmio de melhor atriz do Festival do Rio em 2015. E eu e o elenco principal do filme ganhamos o prêmio Bisato D'oro (da crítica independente concedido em Veneza) de melhor interpretação, E, ainda, o Janela de Cinema, no mesmo ano. É um trabalho muito especial para mim”, diz ela.
Em 2019, ela rodou “The Seven Sorrows of Mary”, do diretor português Pedro Varela e, em novembro, fez a protagonista do filme “Raquel 1:1”, de Mariana Bastos. Para 2020, está previsto o lançamento do filme “O Homem Onça”, de Vinicius Reis, que filmou em 2018.
No teatro, Valentina integra o elenco da montagem brasileira de “Lazarus”, de David Bowie (1947-2016) e Enda Walsh. “Eu já era fã do trabalho do Felipe Hirsch quando ele e a Marcela Altberg me convidaram para fazer o teste para o musical. Sempre ouvi Bowie desde pequena, com meu pai, mas, definitivamente, Felipe me apresentou toda a obra dele com muito cuidado, abrangendo todas as suas fases. Ficamos mais de um mês estudando David Bowie”. A montagem, aliás, volta em cartaz em breve. “Vamos fazer uma temporada no Rio de Janeiro no final de fevereiro e início de março”, avisa.