Entre 2016 e 2019, a atriz e tradutora carioca Alexandra Plubins morou na Espanha, onde realizou pesquisas na área do teatro. Foi lá que ela conheceu, por intermédio do diretor Miguel Alcantud, o conceito do microteatro. “Seria a versão teatral de um curta-metragem. É uma obra que dura 15 minutos em um espaço cênico de até 15 m² para um público de até 15 pessoas”, explica.

É com essa proposta intimista e inovadora nas produções brasileiras que Alexandra encena nesta setxa-feira, em três sessões, no Microteatro La Movida, espaço criado planejado exatamente para receber esse formato, a peça “A Cartomante”, inspirada no famoso conto homônimo de Machado de Assis, publicado pela primeira vez em novembro de 1884.

A história gira em torno do casal Vilela e Rita, que vive um romance escondido com Camilo, amigo de infância de Vilela. Rita, supersticiosa, costuma recorrer às revelações de uma cartomante. Quando Camilo começa a receber cartas anônimas sobre a relação extraconjugal, a relação entre o trio ganha contornos de mistério e reviravoltas.

Apresentada pela primeira vez em setembro do ano passado em Salamanca, na Espanha, e, no Brasil, no início de fevereiro também no La Movida, “A Cartomante” tem adaptação, direção e atuação de Alexandra, que começa como narradora para depois assumir o papel de um dos personagens. A influência de Machado de Assis foi natural, como conta a atriz: “Acho o conto sensacional, muito teatral e com tamanho perfeito para microteatro. Outro fator é que Machado talvez seja o nome da literatura brasileira mais conhecido no exterior”.

Sobre o processo de transposição de uma obra literária para os palcos do teatro, sobretudo para um modelo alternativo no país, Alexandra diz que, após o convite do La Movida, coube a ela traduzir o texto que havia criado em espanhol. “Foi um processo muito interessante. O microteatro não permite sobra, é uma construção de texto bem enxuta, com informações realmente necessárias para a história”, comenta a realizadora.

Formato

Alexandra Plubins, que já atuou em filmes, como “Tim Maia” e a cinebiografia de Erasmo Carlos “Minha Fama de Mau”, e também em novelas, comemora a possibilidade de experimentar o microteatro no Brasil, especialmente na capital mineira, onde ela começou no teatro aos 11 anos.

Ela salienta que a proposta prima pela atenção tanto da informação quanto da emoção e faz uso de todos os ingredientes de uma produção teatral, como iluminação, cenário e trilha sonora quando convém. O que sai do padrão, segundo a atriz, é o tempo de duração, o espaço cênico e o público reduzido. “É importante deixar claro que não é porque dura menos tempo que há menos cuidado na realização da montagem”, destaca.

A característica intimista é celebrada pela atriz: “O público tem um contato muito de perto com o ator e com a obra. A reação é imediata, é uma experiência incrível. Em 15 minutos pode acontecer muita coisa”.

Agenda

O quê. “A Cartomante”.
Quando. Sexta (14), às 21h, 21h40 e 22h20.
Onde. Microteatro La Movida (rua Marechal Deodoro, 308, Floresta).
Ingressos. R$ 10.