Podcast 'Palavra Alada' coloca a Semana de 22 em repasse

Quando idealizou o projeto multiplataforma Palavra Alada, voltado para a literatura brasileira, a diretora, roteirista e produtora Flávia Guayer já de pronto tinha em mente a Semana de Arte Moderna de 1922  -  movimento artístico e literário que inaugurou o modernismo brasileiro -  como o tema do programa-piloto. "Isso já estava traçado praticamente desde o início", conta ela, que, no entanto, no percurso, se deparou com um obstáculo e tanto: a pandemia do novo coronavírus. Ano passado, na TV Escola, uma série audiovisual homônima foi lançada  - os episódios estão disponíveis na íntegra no canal da TV Escola no YouTube e na plataforma Tamanduá Edu. Mas a estreia da iniciativa   no formato de podcast justamente quando o Brasil festeja o centenário do movimento foi nada mais que uma coincidência - das mais felizes.  "A gente chegou junto, na verdade", brinda Flávia, sobre o programa que estreia neste domingo (13) nas principais plataformas de áudio e no canal da  “Palavra Alada” no YouTube. 

O podcast tem apresentação da atriz Drica Moraes e curadoria do escritor, poeta e acadêmico Antônio Carlos Secchin. Pensado para o público em geral e, em particular, para aqueles que farão as provas do ENEM, o podcast veio da percepção de Flávia para o poder deste formato. "Vimos que era uma mídia que estava se expandindo, que tinha um alcance grande, que era muito usada pelos jovens e que dava essa abertura para o ouvinte estar conectado com os assuntos que interessa mesmo fazendo outras tarefas, seja uma faxina, andar de bicicleta ou indo para a escola. Uma mídia que se encaixa bem com os tempos modernos e que também dá uma liberdade para abordar o assunto dessa primeira fase do modernismo (de 1922 a 1930) ou das outras fases da literatura brasileira de uma maneira mais ampla".

O roteiro do primeiro episódio divide-se em duas partes. Na primeira, Drica apresenta um panorama geral de como surgiu o modernismo no Brasil, tendo como marco inaugural a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Na segunda, a apresentadora convida Antônio Carlos Secchin para um bate-papo informal aprofundando fatos e curiosidades do período. A previsão é que sejam lançados mais dois episódios, que correspondem às duas fases seguintes do movimento (entre 1930 e 1960), ainda neste ano.

Confira, a seguir, outros trechos da entrevista

Por que a opção pelo formato podcast?
É uma mídia desafiadora enquanto narrativa, e era um formato novo para toda a equipe, uma estreia para a gente. A princípio, era um programa para a TV, e mesmo aí a gente já via que seria impossível esgotar o assunto. Na verdade, nunca vai dar. Não seria possível falar de todos os aspectos que a gente queria no tempo que a gente tinha para a TV. E a ideia do podcast foi despontando também em sintonia com o que os tempos atuais vinham trazendo. Ao fim, um diálogo entre a nossa intuição, desejo, proposta e objetivo e uma conversa com o que nossos tempos vêm trazendo como proposta de mídia. E ainda porque a gente tem muito a ideia, a intenção de poder difundir conhecimento de uma maneira consistente, mas, ao mesmo tempo, de uma forma agradável, nessa proposta de educação com entretenimento, para todos, de maneira democrática.

O que motivou a escolha de Drica Moraes para a apresentação? Ela seguirá nos próximos episódios?
Sim, a ideia é ela seguir no projeto, que abraçou desde o início, deu muita força desde o príncípio. A Drica, eu já conhecia de longa data, mas é primeira vez que trabalhamos juntas e acho a presença dela muito pertinente, independentemente da admiração que tenho por ela, tanto como artista quanto  como pessoa. Porque é uma atriz que tem um leque excepcional de possibilidades de interpretação, e, além disso, eu acho que pode conversar com gerações muito diversas. Tem um lugar da mãe, tem o lugar de ser uma pessoa que conversa de maneira despojada, aberta, direta, espontânea. E ao mesmo tempo é uma pessoa sofisticada, tem uma linguagem sofisticada e popular, é interessante para tratar de um assunto que pode ser denso e complexo como a literatura. Um assunto que pede uma concentração, um foco. Mas também adequada para fazer isso de de uma forma leve, bem humorada e divertida, que é o que a gente está tentando fazer.

Já pensam nos outros episódios quando esta série sobre a Semana de 22 terminar?
A ideia inicial seriam 17 episódios de TV para falar das 17 fases da literatura brasileira, e como piloto, para fechar as ideias, a gente já tinha escolhido falar sobre o modernismo, o que já daria 3 episódios, porque tem a primeira, segunda e terceira fases. Já temos os episódios sobre a 2ª e a 3ª fase do modernismo bem encaminhados, esperamos lançar ainda este ano e, idealmente, fazer a série completa, que traria a público um arco da nossa literatura no tempo, vindo desde os precursores portugueses até a literatura contemporânea.

Lançamento do podcast “Palavra Alada”

Neste domingo, dia 13
Onde ouvir: Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e Google Podcasts
YouTube: Palavra Alada Modernismo