Na ressaca do 65º Grammy, o discurso de vitória do britânico Harry Styles, vencedor do prêmio de álbum do ano por “Harry's House”, segue ecoando e atraindo críticas – sobretudo entre os fãs de Beyoncé. Ocorre que a artista, que – nesta edição, se tornou a artista mais condecorada da história do Grammy – concorria com Styles na categoria, mas ela, mais uma vez, acabou não levando a estatueta, considerada uma das mais importantes da cerimônia.

Toda a polêmica em torno da disputa pelo prêmio de melhor álbum se tornou mais tensa após o discurso do ex-One Direction, que, sensivelmente surpreso, parece não ter escolhido as melhores palavras na hora de receber a prêmio.

“Isso é muito, muito gentil. Estou tão, tão grato… Estou tão… Isso não acontece com pessoas como eu com muita frequência. E isso é tão, tão legal. Muito, muito obrigado”, disse o músico, que concorria com pesos pesados da indústria fonográfica, como ABBA, Adele, Bad Bunny, Brandi Carlile, Coldplay, Lizzo, Kendrick Lamar e Beyoncé.

Nascido e criado no norte da Inglaterra e tendo alcançado fama em 2010, após participar do concurso de talentos “The X Factor”, liderado por Simon Cowel – em que terminou em terceiro lugar com a boy band One Direction –, Styles conquistou, em sua carreira solo, uma série de Grammys, além de ter emplacado álbuns e singles nas paradas da Billboard. 

Com esse histórico, a frase “isso não acontece com pessoas como eu com muita frequência” soou, no mínimo, controversa. Para muita gente, o discurso ecoou como uma falta de senso e um exemplo do chamado privilégio branco. Entre os fãs dele, contudo, houve quem ressaltasse que a frase pode estar relacionada à origem humilde de Styles, que já trabalhou como atendente em uma padaria.

Vale registrar: embora seja a maior vencedor do Grammy e apareça empatada com seu marido, Jay-Z, somando o maior número de indicações, com 88 citações, Beyoncé perdeu na categoria de álbum do ano quatro vezes, sempre para artistas brancos – Taylor Swift, Beck, Adele e agora Styles.

Além disso, uma mulher negra não ganha nesta categoria desde Lauryn Hill, que recebeu o prêmio por seu álbum de estreia, “The Miseducation of Lauryn Hill” em 1999. O último negro a ganhar o prêmio foi Jon Batiste, no ano passado, pelo álbum “We Are".

Quem decide

A Recording Academy, responsável pelo Grammy, possui mais de 12 mil membros votantes. Atualmente, a entidade passa por uma campanha para diversificar seu quadro de integrantes.

(Com Agências)