Andrea Beltrão (“A Viagem” e “Era Uma Vez”), Luís Gustavo (“O Salvador da Pátria” e “Ti Ti Ti”), Lima Duarte e Maitê Proença (ambos em “O Salvador da Pátria” e “Da Cor do Pecado”) estão no ar em duas novelas. Maurício Mattar (“A Viagem”, “O Salvador da Pátria” e “Topíssima) emplacou três, enquanto Rafael Cardoso está nas quatro tramas da Globo (“Ti Ti Ti”, “A Vida da Gente”, “Salve-se Quem Puder” e “Império”).

Mas ninguém supera Suzy Rêgo, única atriz brasileira que estrela, simultaneamente, cinco reprises e em três emissoras diferentes. A carioca é a Carmem de “A Viagem”, a Alice de “O Salvador da Pátria”, a Heloísa de “Era uma Vez” (as três no Canal Viva), é ainda a Malva de “Floribella”, na Band, e a Beatriz Bolgari de “Império”, que acaba de voltar na Globo. Suzy é só alegria com essa “overdose”, no bom sentido, na televisão, que ela prefere chamar de “Festival Suzy Rêgo”. 

Nas redes sociais, a atriz até brincou com o fato de ser penta. “Com 32 anos de profissão e trabalhos realizados em várias emissoras, eu já esperava por isso. Torci muito por essas reprises e, sinceramente, quero é mais! Espero que o SBT reprise ‘Amor e Ódio’. O público agradece. Iniciei essa onda de ser ‘penta’ nos meus posts; esse feito merece ser celebrado. É uma deferência e tanto. Rumo ao hexa!”, comemora. 

 
O mais interessante é que, por se tratar de trabalhos das mais variadas épocas, é notório como cada novela e, sobretudo, como cada personagem é completamente diferente do outro, e todos continuam atemporais. Inclusive, “O Salvador da Pátria”, trama exibida em 1989 e que tinha como protagonista Lima Duarte no papel do inesquecível Sassá Mutema, marcou a estreia de Suzy Rêgo na telinha. A artista tem gratas recordações daquele período, em que viveu Alice Sintra, que, nas suas palavras, “é uma divertida adolescente, rica, bem-nascida, curiosa, sonhadora e provocadora, mas é inexperiente e anseia por viver uma grande paixão”. A personagem era filha de Marina (Betty Faria), uma mulher forte e com capacidade de liderança, e foi um dos destaques da trama de Lauro César Muniz. 
 
“Lembro-me de minha entrega total, estudava muito, passava o dia dentro do estúdio para assistir às cenas dos colegas, aprender com a equipe técnica, com os diretores, com a produção. Meus mestres foram meus companheiros de trabalho. Meu interesse despertou a simpatia dos colegas que me davam lições da profissão. E as viagens eram uma festa”, recorda. 
 
Já Beatriz Bolgari, de “Império”, chegou para coroar a maturidade cênica, segundo Suzy Rêgo. Esse papel provocou debates na época em que a trama de Aguinaldo Silva foi ao ar pela primeira vez, em 2014/2015. “É uma personagem polêmica, mulher segura, leal ao amor sólido pelo marido, que desde o início do relacionamento revela ser bissexual e que se mantém discreto. A trajetória da personagem é impactante, ao ter que conviver com a exposição de sua vida afetiva e descobrir a homofobia do filho. Um trabalho desafiador e apaixonante, que me presenteou com a inesquecível parceria de sucesso com meu amado José Mayer”, ressalta. 

 
Suzy faz questão de enfatizar que, sendo a intérprete de Beatriz, a defende com o respeito que nutre por suas personagens, mas que não consegue se colocar no lugar dela na vida real e evita qualquer tipo de comparação entre atriz e personagem. “O texto do Aguinaldo Silva sempre me fez vibrar de felicidade. E isenção de julgamento. Fiz Beatriz com muita paixão, com muito amor. E muito empenho, estudo, pesquisas, composição em conjunto com meu núcleo e com a direção. Beatriz ganhou cenas de evidente protagonismo, e agradeço a cada uma delas. Beatriz é Beatriz. Eu sou eu. Eu a respeito muito, então evito me comparar”, avalia a carioca, que tem conseguido rever essas produções e tem recebido muito carinho do público e de todas as idades. “Os projetos são de 1989 a 2014, a repercussão tem sido espetacular. Muitos assistem pela primeira vez e elogiam. Muitos comemoram por rever trabalhos que atenuam a saudade de suas novelas favoritas”, acrescenta. 
 
Amada 
Mas, dentre todos os trabalhos que Suzy Rêgo fez ao longo dessas pouco mais de três décadas de carreira, é a Carmem, de “A Viagem”, a personagem mais amada pelos espectadores. Para a atriz, o fato de ela ser leal, aguerrida, trabalhadora e amiga de fé e ainda estar envolvida em um dos grandes mistérios da trama – o do mascarado, que na verdade é Adonay (Breno Moroni), que foi noivo de Carmem – é um elemento que explica um pouco esse carinho, sem contar a própria qualidade da novela.

 
“‘A Viagem’, de 1994, adaptada por Solange Castro Neves, é uma refação da novela de Ivani Ribeiro, sucesso absoluto. E foi a maior audiência no horário das 19h, é histórico. A narrativa espiritualista da trama diz respeito a questões que provocam reflexões em todos: vida, morte, mediunidade, reencarnação, enfim, temas intrigantes e polêmicos sobre a espiritualidade. E tem os ingredientes preferidos de folhetim: amor, suspense, humor, conflitos, encontros e desencontros”, expõe Suzy, que tem aproveitado a quarentena para participar de lives corporativas, ações virtuais, como mestre de cerimônias, podcasts, além de leituras de livros infantis, textos teatrais e geração de conteúdo. Com relação aos projetos futuros, ela tem apenas um único desejo: ser vacinada. “Saúde em primeiro lugar”. 
 
Símbolo de beleza 
 
Aos 54 anos, Suzy Rêgo é ainda sinônimo de beleza e de autoestima. A atriz, que foi Miss Pernambuco e chegou a ficar em segundo lugar no concurso de Miss Brasil, em 1984, trabalhou como modelo até que finalmente engatilhou trabalhos como atriz. “Desde criança soube que o palco é meu universo. Nem nasci, eu estreei!”, vibra.
 
A artista revela que sempre usou a boa aparência a seu favor e jamais a hiperdimensionou. “Sou interessada, tenho vontade de aprender sempre, com os colegas, com as pessoas. Minha vaidade maior é pelas personagens, por contar boas histórias”, frisa. Suzy também virou uma referência quando o assunto é silhueta livre e feliz e, recentemente, estrelou a campanha de lançamento da coleção outono/inverno de uma grife paulista. “Meu corpo é perfeito e saudável. Sou grata a ele pela potência, vigor, desempenho e pela beleza de ser mutante. O manequim oscila de acordo com os hábitos, tenho ciência disso. Repito incansavelmente que sou adepta da saúde física e mental. Incentivo a busca de melhorias, de algo que cause felicidade. De treinos, tratamentos a procedimentos cirúrgicos. Com tolerância e bom senso”, destaca.