Gabriel Varandas, um garoto paraibano, adorava jogar futebol. Aos 8 anos, começou a ter dor de cabeça, desmaiou durante uma partida, fez exames e descobriu que tinha um tumor benigno no cérebro. A operação foi um sucesso. Após alguns dias em casa, teve dores e voltou ao hospital: estava com meningite bacteriana. No total foram 50 dias de internação, sendo 37 na UTI. O menino foi desenganado pelos médicos, mas seus pais nunca desistiram, rezaram com fervor e acreditaram em um milagre. Que aconteceu.
Primeiro, essa história ganhou um livro, “O Menino que Queria Jogar Futebol: Uma História de Fé e Superação”, de Phelipe Caldas, e, no próximo dia 5, o filme “Inexplicável”, dirigido por Fabrício Bittar, entra em cartaz nos cinemas de todo o país, trazendo reflexões sobre família, amor e fé. No elenco, Leticia Spiller, Eriberto Leão e Miguel Venerabile, que vive o garoto Gabriel.
Eriberto Leão interpreta o pai de Gabriel, Marcus, um homem cético, o oposto de sua esposa, Yanna (Leticia Spiller), que leva no coração a fé de uma mãe que confia na graça divina. O neuropediatra Christian é vivido por André Ramiro.
“Esse filme é muito especial, pois sua história me marcou profundamente. Foi incrível reunir um elenco e uma equipe tão comprometidos com o projeto. Compartilhar isso com o público é um momento muito especial para mim e para toda a equipe. Acredito que esse filme vai tocar e ajudar muitas pessoas”, diz o diretor Fabrício Bittar.
Ele conta que seu maior desafio foi administrar o tempo. “No cinema, estamos sempre correndo, mas esse filme exigia um cuidado especial para permitir que os atores se concentrassem e entregassem toda a emoção necessária à história. Felizmente, a integração entre a equipe foi tão forte que conseguimos superar todos os desafios juntos”.
O diretor diz acreditar no poder da fé. “Ela tem o poder de dar sentido para as coisas. Como falamos no filme, não acreditar é tão louco quanto acreditar. O filme mostra que todo mundo pode passar por momentos terríveis e que é aí que a fé e a união entre as pessoas ajudam a encontrar força para seguir em frente. Boa parte das coisas da vida é inexplicável, e não ter respostas pode ser enlouquecedor para quem não acredita em nada”.
Gabriel Montenegro Varandas está hoje com 19 anos e relembra que, quando era mais novo, não tinha a dimensão de tudo por que havia passado. “Pensava que era normal passar por um problema e se recuperar do jeito que aconteceu comigo. Com o passar do tempo, tive consciência do que tinha passado e percebi que é realmente inacreditável que eu tenha recuperado todas as minhas funções. Aconteceu comigo, mas pode servir de inspiração para outras pessoas acreditarem, terem fé de que é possível reverter uma situação em que tudo podia dar errado”.
Leticia Spiller confessa que se emocionou ao ler o roteiro. “O filme vai tocar muitas pessoas, pois traz uma lição muito bonita, tocante de fé e de muito amor. Conhecemos toda a família do Gabriel e foi um momento muito emocionante”.
‘Fé é acreditar no que não se pode ver’
Pergunto para Leticia Spiller se, como mãe, ela teria a mesma fé que Yanna, a mãe de Gabriel, teve. “Fé é algo único e especial. Acho que, em determinadas situações, nos conectamos realmente com algo divino. Acredito que existe alguma força maior, algo que está presente na natureza, nas coisas simples da vida. E essa força se mostra presente na nossa vida constantemente”, diz.
E completa: “O que ela viveu, como diz o título, é inexplicável. Não tem ciência, não tem fórmula matemática, não tem receita que explique. E a fé é acreditar naquilo que não conseguimos ver. Como mãe, estamos sempre nos apegando à fé. Não digo nem em relação à religião, mas ao fato de que queremos o melhor para nossos filhos, que desejamos que eles sejam felizes, tenham saúde e estejam protegidos. Diria que isso também é fé, o pedir para o astral, para o universo”.
Leticia comenta que o trabalho demandou grande carga emotiva. “Uma imagem muito forte foi ver o filho na cama do hospital e sem ter a garantia de que ele sairia de lá. Tem outro momento impactante, que não posso dar spoiler, que é quando os pais precisam tomar uma decisão muito importante e que poderia não dar certo. Eles apostam tudo nessa decisão e, inexplicavelmente, dá certo. Essa cena me tocou bastante mesmo”. (AED)
Pai de Gabriel dá seu depoimento
Marcus Varandas Filho, empresário e mentor, é o pai de Gabriel Varandas. Ele conta que o filho estava com 8 anos quando tudo aconteceu. “Gabriel teve várias complicações, saiu do hospital praticamente em estado vegetativo, e seu processo de recuperação foi muito difícil e doloroso. Ele só voltou a andar depois de algum tempo e, então, retomou o futebol, mesmo com o prognóstico de que não voltaria a mexer o lado esquerdo do corpo. Hoje, está totalmente saudável, faz faculdade de administração de empresas, dirige, leva uma vida normal”.
O empresário considera que a cura do filho foi um milagre. “Não tenho a menor dúvida sobre isso. Sempre falo que, quando os médicos dizem que é milagre, não tem como a gente contestar. Deus curou Gabriel”.
Ao contrário do personagem de Marcus do filme, o pai do Gabriel se diz um homem de fé. “Na verdade, eu acreditei na cura do Gabriel desde o início; era um católico não praticante, mas não descrente. Não me lembrava como rezava o terço e, assim como retratado no filme, fui à internet para pesquisar como eu poderia rezar”, comenta Varandas.
O casal sabia que o caso de Gabriel poderia inspirar outras pessoas. “Sabemos como nossa fé e persistência influenciaram os médicos a não desistir do nosso filho. Hoje continuamos dando nosso testemunho. O filme foi um grande presente e uma obra planejada por Deus. Entendemos que fazemos parte de um plano de Deus e que nossa missão é ajudar outras pessoas e inspirá-las”, finaliza Marcus. (AED)
Parte da renda do filme será doada ao Graacc, hospital referência no tratamento de casos de alta complexidade de câncer infantojuvenil .