Uma pequena história pode ajudar a entender a importância da celebração budista chamada “transmissão do buda da medicina”, que será ministrada pelo médico tibetano Amchi Lobsang Rabjee, professor na Universidade de Medicina Tibetana de Jigmey. 

“Quando o buda Shakyamuni (o buda histórico) estava para alcançar o paranirvana (libertação definitiva do ciclo de renascimento ‘saṃsāra’ e do carma), Manjushri e Vajrapani perguntaram a ele: ‘Você vai alcançar o paranirvana. Como os bodhisattvas (seres iluminados) futuros e todos aqueles que quiserem ajudar as pessoas poderão de fato ajudar? Porque eles serão afligidos por muitas doenças tanto no corpo quanto na mente. Como essas pessoas e bodhisattvas poderão praticar para evitar que as doenças se manifestem e, dessa forma, possam ajudar cada vez mais pessoas?’”. 

E termina: “Então, o buda Shakyamuni disse: ‘Não se preocupe, eu me manifestarei na forma do buda da medicina para que vocês possam se conectar comigo e para que possam eliminar as causas e as condições que fazem surgir e que sustentam a doença e para que tenham a capacidade de eliminá-las de todos os seres que por elas sejam atingidos’”. 

Rabjee conta que a medicina tradicional tibetana trata a cura do corpo, da mente e das emoções de forma holística, ou integral. Ela foca as causas da doença. “A mente é o fator primordial tanto para o equilíbrio quanto para o desequilíbrio, para estarmos saudáveis ou doentes”. 

Portanto, de onde surge a doença? “Primeiramente, do desequilíbrio mental, pois é daí que surgem as emoções aflitivas e que terminam por gerar o desequilíbrio dos três humores que regem a parte física no corpo. A doença surge ainda da ignorância, do não reconhecimento da realidade, da natureza da nossa mente, tal qual ela é. Uma vez que a mente recupera o equilíbrio, o corpo também consegue se equilibrar”, ensina o médico. 

Ele reforça que, primeiramente, é feita uma avaliação do estado de equilíbrio e desequilíbrio mental e da parte física do indivíduo. “Isso porque a doença pode ser oriunda de um mero desequilíbrio dos humores (físico), mas normalmente o desequilíbrio dos humores tem como gatilho um desequilíbrio na mente, com base nas emoções aflitivas”. 

Para a medicina tibetana, os elementos água, fogo, terra, vento e espaço estão no ambiente externo, dentro do nosso corpo e na mente. “Em nosso corpo eles constituem os humores que são responsáveis por várias funções, como movimentos, fluidos, calor interno e assim por diante. Quando esses elementos estão em equilíbrio, os humores e nosso corpo estarão em equilíbrio, e o desequilíbrio leva ao surgimento das doenças. Então, verificamos o nível de desequilíbrio entre os elementos, o que está acima, o que está abaixo, qual deles está diferente para que possamos trazê-los a um equilíbrio básico. Uma vez que equilibramos os elementos, equilibramos também os humores”, observa Rabjee. 

Tradução: Sérgio de Senna Correa 

AGENDA: Amchi Lobsang Rabjee dará consultas em medicina ou astrologia tibetana nos próximos dias 24 e 25, das 10h às 18h. No dia 27, acontece o curso “O impacto das emoções na nossa saúde” e, nos dias 28 e 29, haverá a transmissão do poder do buda da medicina. Informações e inscrições: https://tulkulobsangbrasil.org/agenda/ e pelo WhatsApp: (31) 98530-9104, com Janaína. 

Leitura do pulso mostra os humores 

A leitura do pulso é um método de diagnóstico fundamental, em que o médico consegue detectar desequilíbrios e patologias. “Essa é uma leitura importante porque as pessoas não são iguais. O pulso vai mostrar como o corpo se encontra naquele momento. Um médico tibetano verifica a natureza do corpo por meio do pulso, olhando, primeiramente, como está a relação entre os três humores – vento, bile e fleuma – e se eles se encontram harmonizados ou desarmonizados”, ensina o médico Amchi Lobsang Rabjee. 

Por meio da leitura do pulso, o médico consegue verificar como o sangue flui pelo corpo, se existe algum problema com os órgãos internos, como o coração e o fígado. “Ele vai conseguir perceber a situação física do corpo, se está em harmonia ou desarmonia, os humores, e avaliar, por meio da corrente sanguínea, como os órgãos internos se encontram”, diz o médico. (AED) 

 Lançamentos 

“Ilíada & Odisseia: Reflexões sobre as Obras-Primas de Homero”, Clóvis de Barros Filho, Citadel Grupo Editorial, 288 páginas, R$ 64,90. 

O autor explora as lições atemporais presentes nas aventuras de heróis como Aquiles e Odisseu em reflexões sobre coragem, honra e sentido da vida, conectando as narrativas à realidade contemporânea. 

“O Peregrino”, John Bunyan, Edipro, 176 páginas, R$ 29,90. 

O livro é um clássico de 1678 que atravessa os séculos sem envelhecer. Na história, cada personagem, lugar ou situação representa aspectos da fé, das provações ou das virtudes cristãs. 

“Felicidade em ação”, Adam Adatto Sandel, editora Best-Seller, 294 páginas, R$ 69. 

 A obra oferece uma alternativa surpreendente para uma questão milenar: a imersão em uma atividade com valor intrínseco, ou seja, que não dependa de uma recompensa ou de um sucesso que a justifique.