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Foto: (Quando o idoso escolhe sua forma de viver / Reprodução)

Aos 94 anos, dona Odineia Marques escolheu viver numa instituição de longa permanência, no bairro Belvedere, região Centro-Sul de Belo Horizonte

Quando o idoso escolhe sua forma de viver

Com parentes atribulados e histórico de solidão em casa, muitas pessoas experientes optam por viver em casas especializadas

Por Cristiana Andrade, Maria Irenilda, Milena Geovana e Queila Ariadne Publicado em 18 de abril de 2024 | 08h01

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Para surpresa de muitas pessoas, há muitos idosos que decidem como querem viver a partir de determinado momento da vida. E a escolha deve ser respeitada. 

Aos 94 anos, dona Odineia Marques estabeleceu um critério para ir para uma casa de idosos: ficar perto da amiga de infância, a Lourdinha. Diante disso, escolheu a Belvedere Sênior, uma casa no bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. 

Dona Odineia tem três filhos: uma mulher e dois homens, todos casados. Eles fazem visitas periódicas, saem para passear, almoçam juntos e, de vez em quando, viajam. Exatamente como fazemos ao longo da nossa vida adulta com nossos pais – o que muda é o endereço.

“Eu preferia estar com a família, e acho que todos preferiam, mas a família não está apta para mim, porque a família hoje tem que sair para trabalhar. Todo mundo sai para trabalhar, e o velho fica sozinho em casa, o que é dez vezes pior do que ficar aqui, onde tem companhia. E sempre falei isto com meus filhos: não é que vocês não queiram ficar comigo nem eu com vocês, mas cada um tem que procurar o lugar certo para ficar”, comenta Odineia.
 

Resistência


Na visão do médico psiquiatra Carlos Augusto Mariquito Filho, há ainda muita resistência da sociedade a acreditar que, ao levar seu ente querido para uma instituição, não está abandonando a pessoa ou a isolando da família. 

“O que ocorre é exatamente o contrário. Você insere e inclui o idoso num convívio social. Ele vai sair do quarto, vai ter um espaço, uma rotina com outros idosos. E essa socialização é extremamente importante, porque o idoso que fica sozinho em casa muitas vezes desenvolve depressão, que pode até ser confundida com demência”, diz.

O psiquiatra Carlos Augusto Mariquito Filho, dono da B Sênior Belvedere, diz que é preciso quebrar preconceitos: O psiquiatra Carlos Mariquito Filho, do Belvedere Sênior, garante que idosos sentem-se incluídos no ambiente - Foto: Rodney Costa/O Tempo


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Visitamos Instituições de Longa Permanência para Idosos de diferentes perfis em Belo Horizonte. Em todas há equipes completas, com médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas. A média de valor é de R$ 4.000/mês. Nas ILPIs de alto padrão, a suíte dupla, mais barata, custa R$ 9.500; e o quarto individual, R$ 14,5 mil. Os valores incluem moradia, todas as refeições, cuidados e atividades diários. Exceto medicamentos.

Esta matéria integra o especial "Tempo de Envelhecer:quando viramos pais de nossos pais", da Mais Conteúdo, de O TEMPO. O episódio 4 do podcast, com mais personagens e outras análises de especialistas, você ouve abaixo:

 

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