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Universidades mineiras abrem as portas para a comunidade

População economiza com ações e alunos colocam em prática o que aprendem em sala de aula

Mariela Guimarães/O Tempo

Ir à universidade sempre esteve nos planos da recepcionista Luciana Barbosa, 25. Atualmente, ela frequenta uma faculdade, mas o motivo não é o estudo. “Eu queria fazer odontologia, mas hoje venho pelo desenvolvimento do meu filho Benjamim”, conta. O bebê, de 10 meses, é atendido por uma equipe multidisciplinar do Somos 21, um projeto da Estácio criado para oferecer acompanhamento gratuito a crianças com síndrome de Down. Esse é apenas um exemplo dos diversos serviços que as instituições de ensino superior oferecem à comunidade.

De procedimentos de estética a consultas médicas, as universidades abrem as portas para a sociedade que, muitas vezes, sequer sabe desse mundo de possibilidades. “Quando o Benjamim nasceu, fiz a ficha no posto de saúde para ter direito a sessões pelo governo, mas demorou quatro meses para ele ser chamado. Aqui no programa Somos 21 ele tem todos os tratamentos que precisa, de graça. Sinceramente, eu não teria condições financeiras para fazer fora”, desabafa.

A ideia do projeto veio do professor de fisioterapia da Estácio, Fabiano Carvalho, e da mulher dele, Rosiane Rodrigues, que é professora de enfermagem da mesma instituição. “Somos pais do Theo, que tem trissomia 21. Mesmo sendo os dois da área da saúde, tivemos muitas dúvidas. Decidimos que poderíamos fazer alguma coisa para ajudar os pais e melhorar o desenvolvimento das crianças. A Estácio aceitou o projeto, que conta com a integração dos cursos de nutrição, enfermagem, fisioterapia, psicologia e assessoria jurídica sobre os direitos desse público”, explica Carvalho.

O programa funciona na Clínica Integrada de Saúde do campus da Estácio Floresta e é aberto a qualquer pessoa. As famílias podem agendar uma consulta para triagem. Depois, a criança é direcionada aos tratamentos, de acordo com as necessidades. “As crianças recebem o acompanhamento, os pais têm orientação de profissionais capacitados e os nossos alunos ganham uma experiência ímpar, pois estamos formando profissionais capazes de entender melhor a trissonomia 21”, destaca o professor.

Apoio

Foi em uma faculdade que a auxiliar de serviços gerais Sara Ribeiro da Silva encontrou as portas abertas para a reabilitação do irmão cadeirante Silvio da Silva, 57. “Procurei várias academias, mas era difícil, pois elas não tinham acessibilidade ou profissionais que pudessem ficar por conta dele na piscina. Até que encontramos a PUC”, relata Sara. Duas vezes por semana, eles saem de Ibirité, na região metropolitana, e vão para o Coração Eucarístico, na região Noroeste, para Silvio passar meia hora na piscina. “É maravilhoso”, conta.

O projeto, idealizado pela professora de educação física Cláudia Barsand, atende pessoas com deficiência física, visual, auditiva, múltipla e intelectual. “Não é só natação, é promoção de qualidade de vida. Começamos só com alunos de educação física, mas outros cursos como psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia foram chegando. É um ponto de vista multidisciplinar. Todos entram na piscina, depois temos grupos de discussão sobre o desenvolvimento dos alunos”, explica.

“Estamos contribuindo para formar profissionais com um olhar humanizado, capazes de lidar com esse público de pessoas com deficiência”, destaca. O projeto é gratuito e funciona no complexo esportivo do campus do Coração Eucarístico. “Temos uma fila de espera grande, mas todos são bem vindos. Podem fazer a inscrição e aguardar”, afirma Cláudia.

Núcleo de orientação atende diversas áreas

As faculdades de direito oferecem assessoria jurídica gratuita. Os alunos aprendem com a prática e os clientes economizam em honorários. A comerciante Creusa Oliveira teve um problema no trânsito e buscou ajuda no Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) da Estácio. “Eu procurei a faculdade até por questões financeiras. Acredito que os alunos são bons”, disse.

Para a estudante de direito Maria Gabriela Soares, essa é uma oportunidade de aprender com a realidade. “Esse contato nos traz a diversidade dos casos com os quais lidaremos depois de formar”, comenta.

Cada universidade tem critérios particulares de agendamento, mas praticamente todas possuem um núcleo de orientação nas mais variadas áreas do direito, como família, defesa do consumidor e imobiliário.

Segundo a coordenadora do NPJ da Estácio, Sara Benevides, os ganhos vão além dos clientes e alunos. “Temos convênio com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e atuamos como conciliadores. Resolvemos alguns conflitos antes mesmo de se tornarem uma ação judicial, o que desafoga a Justiça”, explica Sara.

Autoestima não tem preço

Em tempos de crise, economia é palavra de ordem. Na UNA Barreiro é possível pagar R$ 10 por procedimentos como corte de cabelo e massagens. “Qualquer pessoa pode fazer inscrição no site da universidade, e chamamos de acordo com a demanda”, explica a coordenadora do curso de estética e cosmética da UNA Barreiro, Ana Amélia Viana. “O fato de elas estarem aprendendo não é problema, pois são muito competentes”, conta a cliente Camilla Grichtolich.

Expediente

Diretor Executivo: Heron Guimarães | Secretaria de Redação: Murilo Rocha e Renata Nunnes | Chefe de Reportagem: Flaviane Paixão | Edição Portal O TEMPO: Cândido Henrique| Edição de texto: Karlon Aredes | Reportagem: Queila Ariadne | Imagens: Mariela Guimarães | Infografias: Denver Braga | Vídeo: Paulo Duarte e Sidnei Mesquita |
Data de Publicação: 21/4/2019 |