EMPURRÃO
Torcida mineira faz barulho na arquibancada e vive final feliz
Na tentativa de embalar jogadores, público presente gritou bastante e conviveu com agonia nas penalidades
Aqui não! No Mineirão, não! É no sofrimento, é no drama, mas o Gigante da Pampulha está blindado a maus agouros. Da festa à agonia, da incerteza à explosão de alegria. Os quase 58 mil torcedores que assistiram as oitavas de final do Brasil contra o Chile vão guardar para sempre o dia que a caminhada do hexa quase batia na trave.
“O jogo mostrou a cara do Brasil. Contra tudo, com raça, sem essa de política, no bico da chuteira”, resumiu o torcedor Fábio Denardi, ainda se recuperando de quase três horas de pura emoção.
Não era possível, não pode ser desta vez. A torcida brasileira não iria superar um ponto final da Copa em casa logo no primeiro adversário de mata-mata. Parecia tudo programado. Do lado de fora, desde as primeiras horas da manhã, a cidade foi tomada pela confiança verde e amarela.
As torcidas de São Paulo, Fortaleza e Brasília já tinham feito a parte delas, mas a de BH era diferenciada. Antes do jogo, o repertório de músicas parecia farto. Ensaiadas ao longo da caminhada para o estádio, as canções, no entanto, não foram assim tão sincronizadas pela arquibancada.
A seleção já entrou em campo com o grito de o “campeão voltou”. No aguardando momento do Hino Nacional, a torcida manteve a vibração mesmo após o término dos acordes.
Como o Brasil começou bem mais aguerrido, a torcida foi no embalo e até tirou onda com o famoso cântico “chi, chi, chi, lê, lê,lê” dos adversários.
Explosão no gol de David Luiz, mas o empate chileno também não esfriou a torcida, que abafou a comemoração do adversário. Da virada do primeiro para o segundo tempo, a torcida brasileira voltou mais fria e calada, fruto da tensão que a partida se desenhava.
O gol anulado de Hulk deixou os brasileiros enfurecidos com o árbitro inglês Howard Webb, vaiado a cada marcação contrária.
“Levanta, levanta”, gritaram, buscando passar o incentivo aos jogadores. Só o time que não correspondia em campo, restando apenas vaiar a posse de bola adversária.
E que fim de tempo normal foi aquele? A torcida gritava “Brasil, Brasil”, mas o time não correspondia e deixava o time chileno avançar perigosamente. Houve quem temeu pelo pior naquele momento.
Mas todos acreditavam. O “eu acredito” ecoou novamente no Mineirão. Aos atleticanos no estádio, veio logo a lembrança do tempo extra e das penalidades na final da Libertadores, 11 meses atrás.
E que bola foi aquela no travessão de Julio Cesar no último minuto da prorrogação? “Que isso, cara!”, soltou o torcedor. Na hora das penalidades, só restava cada um se pegar à sua fé. Julio Cesar catava os pênaltis, mas os jogadores brasileiros não abriam vantagem, desperdiçando as cobranças. Será? Não desta vez.
No último disparo, a bola de Zara bateu caprichosamente na trave, a mesma que já tinha salvo o Brasil do pior e que, agora, mantém o time na rota do hexa.