BRASÍLIA - Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertaram sobre a necessidade de mudanças no rumo do governo para evitar uma derrota em 2026.
Durante debate para eleição à presidência nacional do PT, na última terça-feira (17), Rui Falcão afirmou que o partido está "às vésperas de uma batalha decisiva: as eleições em 2026".
"Um de nós comandará coletivamente nossa preparação para o embate de reeleger o presidente Lula. Caberá às novas direções ajustarem nossa linha política, nosso fortalecimento organizativo e articulação com aliados do campo popular, numa campanha polarizada", disse.
O deputado federal, que já presidiu o PT três vezes, advertiu que "há ilusões entre nós pelo fato de as pesquisas ainda demonstrarem o presidente Lula liderando”.
“Com tudo o que já fizemos, nossa popularidade está muito baixa, e isso nos preocupa. É preciso haver uma mudança de rota. É preciso acabar com a modorra e o alheamento”, destacou.
Para a eleição no PT, que acontece no dia 6 de julho, foram lançadas quatro candidaturas: a de Edinho Silva, da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil; de Romênio Pereira, do Movimento PT; de Walter Pomar, da Articulação de Esquerda, e Rui Falcão, que não pertence a nenhuma corrente. No centro da disputa, estão as articulações para eleições de 2026.
No debate, Romênio Pereira, atual secretário de Relações Internacionais do PT, cobrou mudanças no governo diante da alta taxa de reprovação a Lula. “Ou o governo muda ou o povo muda de governo”, disse ele.
O candidato à presidência do PT Valter Pomar também concordou. “Precisa ter mudança na linha política do governo e na linha do partido”, afirmou. “Estamos perdendo apoio em nossa base social e eleitoral, como confirmam todas as pesquisas”, acrescentou.
Preferido pelo presidente Lula, Edinho Silva minimizou as críticas e defendeu a gestão do petista. “Isso está sendo recortado para usarem contra nós”. Segundo ele, o governo é refém do Congresso movido por emendas. “Não estamos vivendo mais num regime presidencialista”. “Mesmo numa coalizão, estamos vendo a dificuldade do presidente Lula para governar.”
'Se eu for candidato, é para ganhar as eleições', diz Lula
Em entrevista na última semana, o presidente Lula não confirmou se será candidato em 2026, mas afirmou que, se for o candidato, será para ganhar. As declarações foram dadas ao podcast “Mano a Mano”, apresentado pelo rapper Mano Brown e pela jornalista Semayat Oliveira.
“Eu não sou um candidato meu. Eu, se estiver no momento eleitoral, com a saúde que estou hoje, com a vontade que estou hoje e com a disposição que tenho, eu serei candidato para ganhar as eleições. Que a extrema-direita está procurando adversário, está procurando. Eu vejo todo dia nome, todo dia. Não tem problema. Pode procurar candidato que eles quiserem. Se eu for candidato, é para ganhar as eleições”, afirmou, no episódio veiculado na quinta-feira (19).
Lula também comentou sobre as pesquisas que apontam uma queda na avaliação de seu governo e responsabilizou a comunicação no Palácio do Planalto. “A pesquisa é uma fotografia do momento que você faz a pesquisa. (...) Esse é o ano da colheita, da gente entregar. Estou convencido de que vamos entregar mais coisa do que o povo jamais imaginou que a gente fosse entregar do ponto de vista de benefício para sociedade. Tenho certeza que a gente vai melhorar na pesquisa”.
“A gente não comunicou corretamente. As pessoas não sabem das coisas que fizemos. Então, não tem por que as pessoas aprovarem o governo", afirmou, durante a entrevista.
Disputa no PT impacta eleição em 2026
O próximo presidente do PT será responsável, entre outras atribuições, pelas articulações para eleições de 2026 e o controle do caixa da legenda. Atualmente, o partido é comandado interinamente pelo senador Humberto Costa (PE), que assumiu, em março, após Gleisi Hoffmann deixar o cargo para assumir a Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula.
Rui Falcão espera contar com o apoio de mais de 70 parlamentares e disputa diretamente com Edinho, o que pode levar a eleição para um segundo turno. Apesar de ser o preferido de Lula, o ex-prefeito de Araraquara tem enfrentado resistência dentro da ala que integra. Mas, segundo aliados, já tem votos que lhe garantiriam vitória em primeiro turno.
Falcão foi um dos coordenadores da campanha de Lula à Presidência em 2022, ao lado do ex-prefeito de Araraquara e do atual ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira. Ele também já foi presidente do partido, em 2017, antecedendo Gleisi Hoffmann.