Sabatina Sempre Editora
Anastasia sobe tom de críticas ao PT e se descola de Aécio
“O candidato sou eu”, reiterou o senador, demonstrando incômodo com as perguntas sobre a participação do seu principal padrinho político em sua administração, caso seja eleito
27/08/18 - 21h30
O candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais, senador Antonio Anastasia, fez questão de descolar o seu nome de tradicionais figuras tucanas e disse, por diversas vezes, que não está envolvido em casos de corrupção, durante sabatina realizada ontem pela Sempre Editora. Normalmente sempre polido em suas declarações e sem se envolver diretamente em polêmicas, o político elevou o tom ao criticar a gestão de Fernando Pimentel (PT). Ele, no entanto, não citou o petista nominalmente.
Durante a entrevista, Anastasia se mostrou visivelmente incomodado ao ser questionado, por três vezes, sobre a situação do seu principal padrinho político, senador Aécio Neves (PSDB), que é réu em processos de corrupção no âmbito da operação Lava Jato. Ele disse que o assunto a ser discutido deveria ser a sua candidatura. “O candidato sou eu. Meu histórico, conhecimento e responsabilidade. O objetivo aqui é discutir minhas propostas porque o candidato ao governo sou eu”, disparou.
Ao ser indagado sobre se quadros históricos do PSDB que hoje estão envolvidos em polêmicas vão compor a sua equipe de governo, se for eleito, o candidato procurou deixar claro que vai ter total autonomia sobre a sua gestão. Ele também disse que por conta da atual situação do Estado, a administração precisa ter gestores técnicos. A resposta foi uma tentativa clara de demonstrar que Aécio e nomes tucanos não vão interferir em seu governo, a exemplo do que ocorreu entre 2010 e 2014.
“O governo será montando exclusivamente sob a minha exclusiva responsabilidade. Alguns dos nomes tiveram participação, fizeram seu trabalho, mas a situação de Minas é tão ruim que teremos que fazer uma revolução heterodoxa para superar essa crise. Vamos fazer uma administração diferente daquela que fizemos no passado. Vai ser uma administração inovadora em todos os sentidos, com pessoas técnicas para resgatar as condições do Estado”, afirmou Anastasia.
O tucano também frisou, por diversas vezes, sua experiência em gestão pública e lembrou que não é réu em casos de corrupção, em uma clara referência a Pimentel, que responde a processos no âmbito da operação Acrônimo. O candidato do PSDB ainda defendeu que investigações, como a Lava Jato, ocorram, mas ressaltou que é preciso ter uma apuração ampla em que os envolvidos tenham direito a defesa e que não se tenha espetacularização dos fatos. Anastasia é alvo de inquérito que investiga suposta realização de caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. “Já se tem esse inquérito há dois anos e não vai para lugar algum, não se provou nada”, disse o senador.
Petistas
Anastasia criticou ontem mais duramente a gestão de Fernando Pimentel ao comparar o seu governo com o do petista. O tucano não citou o nome do atual governador e preferiu usar pronomes como “ele” e dele”. Explorando o mote que tem pautado sua campanha eleitoral, o candidato também garantiu que não vai fazer promessas e que o compromisso que firmou com os mineiros foi de fazer o Estado funcionar novamente.
Segundo ele, para isso é preciso pagar o salário do funcionalismo público em dia e regularizar os repasses constitucionais para as prefeituras. “Nada, como obras e investimentos, poderá ser feito antes de equilibrar as contas”, declarou, ressaltando que o déficit das contas públicas do Estado pode chegar a R$ 30 bilhões e não a R$ 5,6 bilhões em 2019, como divulgado pelo Executivo mineiro.
Presidenciável tucano
O senador Antonio Anastasia disse que está confiante que o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, vai alavancar nas pesquisas eleitorais. Segundo o tucano, os números do ex-governador de São Paulo tendem a aumentar após o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, a partir de 31 de agosto.
Alinhamento com a União
Por diversas vezes, durante a entrevista, Anastasia declarou que é importante um alinhamento do governo federal com os Estados. De acordo com o tucano, projetos importantes, como mudanças na Lei Kandir, podem ser alcançados se Alckmin for eleito. O candidato tucano ao Palácio do Planalto deve voltar a Minas na próxima semana.
Continuidade de ações
O candidato do PSDB afirmou que diferentemente da gestão de Fernando Pimentel (PT), se eleito, todos os bons programas criados pelo petista vão ser mantidos: “Isso é o contrário do atual governo, que tem mania de extinguir tudo que fizemos. Muitos dos nossos programas lamentavelmente estão extintos ou sucateados”.
Estatais serão mantidas
O tucano declarou durante a sabatina que não pretende vender empresas estatais. Ele declarou que manteria as companhias, mas que as utilizaria em prol de alavancar investimentos em busca de recursos para o Estado. Ele ainda se disse contra a venda de 49% das ações da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig).
Assista à sabatina com o candidato tucano ao governo de Minas: