Plano de governo
Bolsonaro propõe projeto idêntico ao do petista Suplicy e ataca esquerda
Para candidato do PSL, criminalidade cresceu em Estados brasileiros governados por partidas de esquerda; Bolsonaro defende também armas a população
14/08/18 - 17h39
O candidato a presidente pelo PSL, Jair Bolsonaro, diz em seu plano de governo que criará uma renda mínima para todas as famílias brasileiras. Uma espécie de “Bolsa Família” para todos. No plano de governo do candidato, há também diversos ataques aos governos de esquerda.
Curiosamente, a proposta da renda mínima é parecida com uma lei sancionada por Luiz Inácio Lula da Silva em 2004: a renda básica de cidadania – proposta do petista Eduardo Suplicy, candidato ao Senado Federal por São Paulo.
Na lei de 2004, o artigo 1º diz que o benefício deve ser oferecido “não importando condição socioeconômica” do brasileiro.
Já no plano de governo, Bolsonaro diz: “Acima do valor da Bolsa Família, pretendemos instituir uma renda mínima para todas as famílias brasileiras. Todas essas ideias, inclusive o Bolsa Família, são inspiradas em pensadores liberais, como Milton Friedman, que defendia o Imposto de Renda Negativo”, diz trecho do programa do candidato Bolsonaro.
Bolsonaro não deu detalhes sobre o projeto de renda mínima. Sobre o assunto, o candidato do PSL utilizou oito linhas. O plano de governo de Bolsonaro pode ser acessado no site do candidato.
Eduardo Suplicy, que atualmente é vereador na capital paulista, disse ao O TEMPO que “economistas, especialmente nos últimos três séculos, defendem a renda mínima […] Já é lei aprovada pelos partidos no Senado em dezembro 2002 e na Câmara dos Deputados em dezembro de 2003”, disse.
Para Bolsonaro se aprofundar no assunto, Suplicy indica leitura de “Renda de Cidadania – A saída é pela porta”, publicado pelo petista em 2013. Ele garante que Bolsonaro vai repensar a questão da pena de morte para bandidos ao ler a publicação, que defende a ascensão do cidadão por meio da renda mínima.
Foro de São Paulo
No plano de governo de Bolsonaro, o Foro de São Paulo - organização internacional criada em 1990 por líderes esquerdistas para analisar propostas para contornar o neoliberalismo na América Latina nos anos 1990 – é duramente criticado.
Para o militar da reserva, “coincidentemente, onde participantes do Foro de São Paulo governam, sobe a criminalidade”, diz.
Ao lado da frase há um mapa do Brasil com símbolo foice e martelo (referência ao comunismo) e as estrelas vermelhas nos Estados do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Acre e Bahia.
“As Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] participaram do Foro de São Paulo, fundado pelo PT e pelo ditador cubano [Fidel Castro]. A verdade é que o número de homicídios no Brasil passou a crescer de forma consistente a partir do 1º Foro de SP, no início dos anos 1990. Houve até ‘bolsa crack’ em cidades administradas pela esquerda, como por exemplo, em São Paulo”, afirma o presidenciável.
Drogas e armas
O candidato também associa em trechos do programa de governo o avanço das drogas aos governos de esquerda. “Aliás, o avanço das drogas e da esquerda são prevalentes nas regiões mais violentas do mundo: Honduras, Nicarágua, El Salvador, México e Venezuela (onde há forte restrição à população ter armas)”, diz trecho do documento.
Bolsonaro, que defende abertamente armar a população brasileira, faz comparação com outros países. “EUA, Áustria, Alemanha, Suécia, Noruega, Finlândia, Israel, Suíça, Canadá, etc, são países onde existe uma arma de fogo na maioria dos lares. Coincidentemente, o índice de homicídios por armas de fogo é muito menor que no Brasil. No Canadá são 600 homicídios por ano! Em Israel 110 e Suíça 40!”, diz na proposta.
O plano de governo de Bolsonaro tem 81 páginas e é intitulado "O caminho da prosperidade".