Análise

Crime em Patrocínio deve prejudicar debate eleitoral, dizem especialistas

De acordo com cientistas políticos, o assassinato do pré-candidato a vereador Cassio Remis (PSDB) deve intimidar demais candidatos a apresentarem suas propostas

Por Sávio Gabriel
Publicado em 25 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Na avaliação de especialistas, o crime ocorrido em Patrocínio evidencia o clima de intolerância política que paira sobre o cenário brasileiro nos últimos anos. Além disso, eles apontam que a morte do pré-candidato a vereador pode prejudicar o debate eleitoral na cidade, servindo como um fato intimidador para que outros candidatos apresentem suas propostas para a população.

“Mesmo que o crime não seja político, o momento é político e a suspeita está rondando. Isso acirra os ânimos, aumenta a raiva o ódio e o medo. Alguns candidatos podem ficar constrangidos em colocar sua opinião de forma clara para a população e o debate político fica mais comprometido ainda”, avaliou a cientista política Mariela Rocha, que também é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas.

Segundo a especialista, nos últimos anos houve uma demonização da política e dos atores políticos, o que acirrou os ânimos em âmbito nacional. “Esse ambiente é muito propício para a ampliação da violência. Se diminui a tolerância, destrói o debate político e se desconsidera seus adversários, sem escutá-los. É um caldeirão de pólvora”, analisou.

Mestre em comunicação política pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e professor da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Manoel Assad Espíndola reforça que o episódio certamente trará impactos na disputa eleitoral na cidade. “Influencia e talvez coloca um pouco de medo naqueles (candidatos) que vão concorrer. É natural que eles fiquem mais inseguros e preocupados com algum tipo de denúncia e com o que pode acontecer depois”, explicou, acrescentando que a população brasileira vive um momento de descrédito nas instituições.

“As pessoas acham que o cara que matou pode sair impune e depois vir matá-los. Tudo isso vai povoar a mente tanto dos eleitores quanto dos oponentes políticos. Isso já foi muito forte na política do interior em outros tempos, em que a gente tinha um coronelismo mais atuante, mas que a gente sabe ainda acontece. Com menos frequência, mas acontece”, complementou.

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