Disputa

Eleições em BH: Capital tem recorde de nomes na disputa pela prefeitura

Convenções chegam a 16 postulantes, maior número desde a redemocratização

Por Thaís Mota
Publicado em 17 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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As convenções partidárias encerradas ontem definiram 16 pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte. Se todos eles efetivamente registrarem suas chapas, a capital mineira terá um recorde de postulantes ao Executivo municipal desde a redemocratização. Até a noite de ontem, apenas Rodrigo Paiva (Novo) havia oficializado sua candidatura na Justiça Eleitoral, mas o prazo para registro vai até 26 de setembro.

Os últimos nomes confirmados para a disputa foram os de Luisa Barreto (PSDB) e de seu vice, Juvenal Araújo (PSDB), do deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania) e do vice Leonardo Bortoletto (DEM), de Wadson Ribeiro e Katia Vergilio, com chapa pura do PCdoB, e de Cabo Xavier, que vai disputar as eleições pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB) e ainda não havia definido o nome de seu vice. Todos eles realizaram convenções ontem.

Até este ano, o maior número de candidatos concorrendo à prefeitura da capital havia sido registrado em 1988, com 12 candidatos. Em 1985,  ano da primeira eleição após o fim da ditadura militar no Brasil, e em 2016, a capital teve 11 nomes disputando o cargo em cada uma delas. Uma das principais explicações para isso é o fim das coligações para a eleição proporcional, que passa a valer a partir deste ano. 

"O fim das coligações proporcionais está gerando um nível de incerteza muito grande dos partidos políticos. E essa incerteza está fazendo com que todo mundo acredite na ideia de que, para aumentar a chance de o partido aparecer e ter relevância no Legislativo, é importante que a legenda tenha um candidato disputando a prefeitura”, explica o cientista político e professor da UFMG Felipe Nunes.

A mesma realidade tem sido verificada em outras capitais, caso de São Paulo e Rio, que têm apresentado um grande número de candidaturas. Mas, para além do impacto da mudança na legislação, Nunes destaca o fato de que todas essas capitais têm eleição em dois turnos, o que geralmente já garante um maior número de concorrentes.

“Eleições de dois turnos tendem a ter mais candidaturas no primeiro. Isso porque, como há sempre a possibilidade de chegar ao segundo turno, a lógica é que a fragmentação partidária tende a aumentar o número de candidatos na primeira rodada, já que, em tese, todo mundo tem chance de disputar a segunda rodada”, completou o professor.

Além do Cabo Xavier (PMB), outro postulante ao cargo de prefeito de BH ainda não anunciou o vice: Igor Timo (Podemos).  Isso acontece porque, apesar do fim do prazo para realização das convenções, os nomes dos vices podem ser definidos até o final do período de registro das candidaturas, que termina em 26 de setembro.

 

Até o fim da noite desta quarta-feira, também não havia sido definido se o Avante vai compor com alguma das legendas com candidatura majoritária.

Caciques divergem sobre cenário

Não há consenso entre caciques partidários sobre se é positivo ou negativo o recorde de nomes na disputa pela prefeitura. Na avaliação da presidente do diretório municipal do Cidadania, a ex-deputada Luzia Ferreira, um número elevado de candidatos amplia o debate público e contribui para o fortalecimento da democracia.

“O eleitor tem mais alternativas. E considerando que temos uma eleição em dois turnos, isso se torna ainda mais relevante, já que o eleitor pode fazer uma escolha no primeiro turno e, no segundo, em função dos dois candidatos que passarem, reavaliar sua posição”, disse.

Já o presidente estadual do PSDB, deputado federal Paulo Abi-Ackel, vê como negativo o fato de haver 16 pré-candidatos. “É uma consequência do caos partidário do Brasil hoje. Essa quantidade de partidos é algo muito prejudicial para a qualidade da representação popular”, afirmou. Hoje, o país tem 33 legendas – oito delas foram criadas nos últimos dez anos.

Para o tucano, o fim das coligações proporcionais só impulsionou o número de candidaturas majoritárias, mas esse aumento de pleiteantes teve início quando o Supremo Tribunal Federal adiou a cláusula de barreira de 1995 para 2006.

‘Eleitor se confunde’, diz analista 

O cientista político Felipe Nunes, da UFMG, avalia que a proliferação de candidaturas é positiva para o jogo democrático. No entanto, ele ressalta que, do ponto de vista do eleitor, um número maior de candidaturas tende a favorecer os nomes à reeleição ou os candidatos mais conhecidos. 

“Mais candidaturas têm mais discussão, mais gente pensando diferente. Então, sob o ponto de vista da democracia, não tem mal. O que há é uma maior confusão do eleitor, como quando você vai a um restaurante e tem tanta opção que prefere aquela que você sempre pede”. 

 

 

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