Eleições em BH: Em igreja, Engler critica tese do ‘abuso de poder religioso'

O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Bruno Engler (PRTB) participou na manhã desta terça-feira (27) de um culto na igreja Batista Getsêmani, no bairro Dona Clara, ao lado da coronel Cláudia Romualdo, vice na chapa que foi indeferida pela Justiça eleitoral. A celebração religiosa contou com o pastor presidente da igreja Jorge Linhares e com Silas Malafaia, além de líderes do Conselho de Pastores de Minas Gerais.

Do lado de fora, havia diversos cabos eleitorais de candidatos à Câmara Municipal da cidade. No início da pregação, Jorge Linhares disse que a “política deve dar muito dinheiro” pelo número de pessoas nas proximidades da igreja e que, para ele, o político, por exemplo, deveria receber R$ 1.000. “A política não pode dividir, não pode causar inimigos. O político, se te ajuda, depois ele joga na cara. Deus não, faz e não te joga na cara”, completou.

Já Silas Malafaia, durante a fala, criticou os “esquerdopatas”, como se referiu e disse que continuaria a falar em seus cultos sobre o posicionamento político dele. Ele disse não ter “medo de ministros, Supremo e presidente”, além de criticar a indicação de Kassio Nunes ao STF.

Bolsonarista, Bruno Engler disse que se Malafaia ficou insatisfeito com a indicação, é um direito dele de se manifestar, mas que isso não o tornaria um inimigo do presidente Jair Bolsonaro. Perguntado sobre a opinião pessoal em relação ao nome escolhido pelo presidente, o candidato à PBH disse que foi pego de surpresa e que não era o nome esperado, mas que confia nas decisões tomadas pelo chefe do Executivo nacional. 

Sobre as declarações contra a esquerda nas igrejas, Bruno Engler afirmou que o líder religioso deve ter a “liberdade de falar com o seu público”. “É preciso dizer que nós votemos em candidatos que de fato respeitem os valores cristãos. Isso aí não é como o STF quer colocar como abuso do poder religioso. O cristão ele tem que votar de acordo com os seus valores, os seus valores condizem com a sua fé, então acho que foi isso que o pastor Silas defendeu, contrário a uma expectativa de censura que já vai começar no STF mais uma tentativa de censurar, mais um cala boca e dizer que é abuso de poder religioso, que pastor não pode falar de política, o que é algo completamente absurdo. A gente não pode tirar a liberdade das pessoas por serem lideranças religiosas de abordarem esse tema que pertencem a todos os cidadãos”, declarou.

Em agosto deste ano, após Edson Fachin, presidente do Supremo Tribunal Federal, levantar a tese de que o abuso do poder religioso poderia levar à perda do mandato, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divergiu e rejeitou a proposta. Até o momento, não há discussões nesse sentido no STF.

Agenda

Nesta terça-feira, além de entrevistas para a imprensa, Bruno Engler fará uma transmissão ao vivo com o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. O postulante ao Executivo da capital mineira avaliou o antigo responsável pelo MEC como “uma figura que marcou a política nesse governo pelo posicionamento à direita, pela coragem, uma pessoa que não se deixou intimidar, que sempre falou o que pensava”. “Por causa disso enfrentou até problemas porque falou o que pensava do nosso Supremo Tribunal Federal e não se acovardou em momento nenhum. Estar debatendo com ele sobre os rumos da política, sobre os rumos da educação, sobre as políticas educacionais que ele desenvolvia e que a gente pode trazer para o município porque continuam agora com o ministro Milton eu acho que vai ser uma grande oportunidade de debatermos o futuro da educação em Minas Gerais, no Brasil e em Belo Horizonte e é um apoio extraordinário para a nossa campanha”, disse Engler.

Entre as propostas de Weintraub que o candidato quer aplicar em Belo Horizonte durante uma possível gestão estão as escolas cívico-militares e o programa nacional de alfabetização.