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Eleições em BH: João Vítor Xavier e Kalil concentram 56% do tempo de rádio e TV
Estimativa foi feita com base no cenário atual da disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte e nas regras de distribuição do TSE
16/09/20 - 06h00
Se o cenário que começa a se desenhar na eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte se confirmar, dois dos pré-candidatos que agora se apresentam para a disputa estarão mais presentes que os demais nas casas dos eleitores por meio do rádio e da televisão a partir de 9 de outubro, quando começa o horário eleitoral gratuito: o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania) e o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD).
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só vai divulgar a distribuição oficial do tempo após o fim do prazo para registro de candidaturas, em 26 de setembro. Mas, segundo uma estimativa feita pela reportagem de O TEMPO, juntos, Xavier e Kalil somam 56,2% de toda a propaganda eleitoral gratuita destinada aos candidatos majoritários.
Serão 20 minutos diários de propaganda gratuita, sempre divididos em dois blocos de dez minutos, que vão ao ar às 13h e às 20h30 na televisão e às 7h e às 12h no rádio.
Alianças
João Vítor Xavier é o pré-candidato com mais tempo de horário eleitoral. Ele terá direito a seis minutos e oito segundos dos 20 minutos diários distribuídos nos dois blocos.
A maior parte do tempo o atual deputado estadual conquistou devido às alianças que fechou com DEM, PSL, PSB, PL e PTB, já que, sozinho, o Cidadania, seu partido, tem apenas 26 segundos. O PMN apoia a chapa, mas não tem tempo a somar.
Alexandre Kalil (PSD) vem em seguida, com cinco minutos e sete segundos. O atual prefeito da capital conseguiu o apoio de MDB, PP, PDT, PV e Rede, que não acrescenta tempo ao total porque não superou a cláusula de barreira nas eleições de 2018. O PDT encaminhou apoio a Kalil, mas deixou a oficialização para esta quarta-feira (16), o último dia do prazo.
Excluídos
Quatro pré-candidatos não terão direito ao horário eleitoral porque seus partidos não superaram a cláusula de barreira em 2018. O deputado estadual Bruno Engler (PRTB) é um deles. Sua campanha tentou apoio do PSL, que terá um minuto e 51 segundos, mas perdeu a briga para João Vítor Xavier.
Os outros candidatos sem acesso ao tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV são Wanderson Rocha (PSTU), Marilia Garcia Domingues (PCO) e Cabo Xavier (PMB).
Análise
Cientista político e professor do Ibmec, Adriano Cerqueira defende que o tempo de propaganda gratuita ainda é relevante, mesmo diante da predominância da internet e das redes sociais. “O fato é que a dependência para a vitória de uma campanha em relação à propaganda gratuita é menor que no passado. Mas, se for uma boa campanha e, principalmente, muito bem articulada com as redes sociais, pode ajudar”, diz.
Ele menciona o caso do presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018 mesmo tendo apenas oito segundos de propaganda. “Se ele tivesse mais tempo de rádio e TV, talvez sua vitória fosse ainda mais expressiva”, acredita.
Há ainda o fato de BH ter jornalismo local tanto na televisão quanto no rádio, o que atrai audiência e potencializa a exposição nesses meios. “Foi bom para o João Vítor ter mais tempo que o atual prefeito. Agora, vai depender da qualidade da campanha dele e dessa articulação nas redes sociais”, avalia Cerqueira.
Entenda
O tempo de propaganda eleitoral é distribuído da seguinte forma: 10% são divididos igualmente entre todos os partidos com candidato a prefeito. Os 90% restantes são distribuídos de acordo com o número de deputados federais que cada partido elegeu no pleito de 2018.
São 20 minutos diários em dois blocos para os candidatos a prefeito no rádio (7h e 12h) e na TV (13h e 20h30) – aberta e em canais do poder público, como a TV Câmara.
Além dos dois blocos, há inserções de 30 e 60 segundos durante o dia, totalizando 42 minutos divididos entre os candidatos à prefeitura. Essas inserções não foram incluídas na conta feita pela reportagem.