Eleições em BH

Eleitorado majoritariamente de direita em BH é desafio para crescimento de Áurea

Segundo pesquisa DataTempo/Quaest, 40% dos eleitores em BH dizem que seu posicionamento ideológico hoje é de direita

Por Thaís Mota
Publicado em 16 de outubro de 2020 | 15:30
 
 
 
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Uma pesquisa recente realizada pela DataTempo/Quaest apontou que o eleitorado de Belo Horizonte é majoritariamente de direita. Esses números se revelam um desafio para o crescimento de candidaturas de esquerda, como é o caso da Frente de Esquerda BH em Movimento, coligação formada pelo PSOL, UP e PCB e que tem Áurea Carolina (PSOL) como candidata à prefeita da capital mineira.

Segundo os dados do levantamento, 40% dos eleitores em BH dizem que seu posicionamento ideológico hoje é de direita. Já os que se colocam à esquerda são 25%, assim como os que se dizem de centro. Os que não sabem ou não responderam são 10% dos entrevistados pela pesquisa na capital. 

Para Áurea Carolina isso é reflexo de um movimento mundial de tendência à direita e que pode mudar, conforme o resultado das eleições nos Estados Unidos. “Eu acho que esse crescimento da direita, sendo um fenômeno mundial, tem também os seus limites. Nós veremos agora os resultados das eleições nos Estados Unidos, eu estou muito esperançosa de que o Trump seja derrotado ali porque isso tem um efeito importante sobre a América Latina e a realidade brasileira”, disse.

Mas, ela reconhece também que há um desafio de crescimento de sua candidatura diante desse cenário e afirma que tem trabalhado em uma rede de multiplicadores para tornar sua candidatura mais conhecida. “Nós não podemos fazer grandes atividades presenciais, por conta da pandemia, então a gente vai no miudinho. A gente tem uma rede com apoiadores distribuídos em toda a cidade que estão fazendo essa conversa próxima com parentes, colegas de trabalho, vizinhos, e é assim que a gente pode crescer”, destacou.

Em paralelo a esse trabalho, ela destacou sua atuação também nas redes sociais. Entre todos os candidatos à frente nas pesquisas de intenção de votos em BH, Áurea tem uma das maiores presenças nas redes sociais e também entre os três primeiros no Índice de Popularidade Digital (IPD), que mede o tanto que o candidato é conhecido na internet. “A gente tem trabalhado muito nas redes sociais também com formas de engajamento e eu acho que a gente tem sim um espaço. E a gente busca sair dessa polarização. Então, a gente está trabalhando com um engajamento que busca transcender, uma pegada vira-voto como foi o segundo turno de 2018”, explicou. 

Frente de esquerda

Apesar de ter a única candidatura de esquerda entre as quatro primeiras colocadas nas pesquisas de intenção de votos, Áurea se ressente de não ter conseguido consolidar uma frente ampla de esquerda em BH. Em sua avaliação, em uma composição maior, a esquerda teria mais competitividade para chegar ao segundo turno na capital mineira. 

Entretanto, outros partidos do mesmo campo optaram por candidaturas próprias, caso do PT e PCdoB, e outras siglas identificadas com a esquerda, como PSTU e PCO. “Essa dispersão entre candidaturas de esquerda pode nos custar não ter votos suficientes para não chegar na segunda posição. Apesar disso, eu confio na nossa possibilidade de crescimento. Esse desafio não é impedimento”.

Mas, ela disse que respeita a decisão das legendas e que essa escolha também é parte de uma tentativa de preservação institucional dos próprios partidos“. As mudanças nas regras eleitorais têm um impacto enorme sobre os partidos. Então eles precisam sobreviver, e o raciocínio de preservação institucional muitas vezes acaba prevalecendo, o que é uma coisa complexa. Então, assim, fazer uma boa votação, eleger parlamentares acaba sendo importante para vencer a cláusula de barreira na próxima eleição nacional”. 

No entanto, ela ressaltou que o compromisso de sua candidatura vai além dessa preservação institucional e que a intenção é que o campo progressista ocupe cada vez mais espaços de poder. “O que nos move nesse momento é olhar para além das necessidades institucionais de cada partido, o que a gente está olhando é que se a gente não tiver uma ‘consertação’ de esquerda que se confirme também no momento eleitoral, não será suficiente”.

Ela disse ainda que a esquerda atua conjuntamente fazendo oposição ao que chama de ‘bolsonarismo’ na Câmara de BH, Assembleia Legislativa e Congresso Nacional, mas defende que precisa também de um respaldo nas urnas. “A gente precisa ter força eleitoral também pra tirar de vez esses bolsonaristas dos espaços de poder. Cada uma de nós que entra, é menos um desses autoritários obscurantistas ocupando espaço de decisão. Porque a postura deles é excludente. Se fosse só uma questão de diversidade, tudo bem, mas não é. A presença deles é nociva para a cidadania e a democracia brasileira”, concluiu. 

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