Há poucas semanas, uma declaração de Fernanda Lima repercutiu nas redes sociais e nos portais de famosos e celebridades. Em entrevista ao “Surubaum”, podcast apresentado pelo casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, a apresentadora fez algumas revelações sobre a vida a dois com o marido Rodrigo Hilbert. Em certo momento do programa, Fernanda contou os muitos compromissos profissionais estão deixando o casal com pouco tempo para transar.

“Não está fácil na minha casa. A vida vai ficando muito corrida, cada vez mais”, comentou. “Eu disse: ‘A gente precisa, né?’. E ele: ‘É, um pouquinho’. Então falei: ‘Não, um pouquinho, não’. E ele: 'Mas para quem não tem nada, um pouquinho já está bom’”, revelou, aos risos. Bastou o depoimento cair na internet para provocar memes diversos. Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert reagiram com bom humor. O casal, inclusive, publicou um vídeo nas redes sociais brincando com a situação.

Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso também já falaram abertamente sobre a queda na frequência sexual dentro do relacionamento. Eles são pais de três filhos – Titi, de 11 anos, Bless, de 9 e Zyan, de 4 – e estão juntos há 15 anos. Também durante o podcast “Surubaum”, Ewbank tratou o tema sem tabus. Com muita naturalidade, a apresentadora admitiu que, devido ao cotidano atribulado, muitas vezes sente preguiça de fazer sexo com o marido. O depoimento também ganhou as manchetes dos portais.

Para o psicólogo e especialista em terapia sexual, Rodrigo Torres, tamanha ressonância – e até espanto – diante das palavras de Fernanda e Giovanna acontece muito em função da idealização do sexo, da performance e da frequência ideal com que os casais devem se relacionar.

É como se as pessoas olhassem para Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert e pensassem: “Se são bonitos, famosos, felizes e ricos, devem ter uma vida sexual agitada e perfeita”. Entretanto, parafraseando Shakespeare, há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nosso vão julgamento alheio.

“Essa crença popular de que ‘casais normais’ fazem sexo todos os dias ou com muita frequência vem muito da falta de educação sexual. Quando não falamos de sexualidade nas escolas, nas igrejas, nos ambientes públicos e familiares, tabus como esse acabam se perpetuando”, afirma Torres.

A psicóloga clínica, especialista em sexologia e educação sexual, Renata Lanza, propõe um raciocínio no mesmo sentido. “Não é sobre frequência, o importante é entender por quê o casal parou de desejar, e o quê exatamente eles pararam de desejar. Cada casal vai ter suas razões”, salienta. Renata pondera que comunicação assertiva, compreensão mútua e parceria são peças-chaves para que o casal entenda o que está acontecendo da melhor forma possível.

Sem estresse

Períodos sem ou com baixa frequência de relações sexuais devem ser vistas com naturalidade. Não há dados que comprovem a frequência sexual ideal. A libido e o desejo de homens e mulheres são influenciados por questões variadas nas mais diversas fases da vida.

Contextos sociais, culturais e religiosos, conflitos entre os casais, problemas financeiros, ansiedade, transtornos físicos e mentais, além de questões biológicas. “Não existe uma frequência ideal, é muito complicado delimitar. Além disso, o sexo e o desejo mudam ao longo dos anos. É preciso saber lidar com isso”, aponta Rodrigo Torres.

Por outro lado, a falta de sexo pode ser, de fato, um problema que gera sofrimento, mal-estar, angústia e separações, em casos mais extremos. Nessas situações, Renata Lanza sugere o apoio de especialistas, mas também faz um alerta: “Terapia sexual de casal pode ajudar bastante para que o casal possa entender o que pode ser feito dentro do seu contexto. Mas saibam: falta de desejo não necessariamente significa falta de amor, por isso é tão importante que o casal consiga se comunicar de forma saudável e positiva”.

“Muitas vezes o trabalho que a gente vai fazer é de psicoeducação, uma adequação para o casal voltar a se encontrar mais sexualmente”, acrescenta o psicólogo e especialista em terapia sexual, Rodrigo Torres.

“Sexo não é obrigação”

Quando o assunto é sexo, é fundamental evitar que a rotina cansativa e os problemas que envolvem toda relação conjugal devore o desejo, mas essa não é tarefa das mais fáceis. É preciso criar um clima em que as pessoas envolvidas se sintam atraídas pelo outro, sem comportamentos forçados ou automatizados. 

Existe um mito de que o desejo precisa sempre vir de forma espontânea, e isso não é sempre possível de se sustentar ao longo dos anos. É o que ressalta a psicóloga clínica, especialista em sexologia e educação sexual, Renata Lanza: “Ficar esperando que o desejo surja espontaneamente quando estamos engolidos pela rotina cansativa pode ser muito ruim para o casal, pois dificilmente ele surgirá assim. Precisamos ter mais proatividade e intencionalidade para resgatar o vínculo, e a conexão erótica”.

A psicóloga enfatiza que os casais precisam entender o que é prazer, desejo e intimidade, ao mesmo tempo em que questionar mitos, tabus e crenças distorcidas é fundamental. “Sexo precisa ser prazeroso, não pode ser entendido como obrigação”, conclui Renata Lanza.