Você já ouviu por aí que comer de forma saudável é caro? Essa é uma das ideias mais comuns que circulam entre corredores de supermercados e filas de sacolões. Mas será que essa afirmação é realmente verdadeira?
Com o aumento da inflação e o preço elevado de diversos itens alimentares, muitos consumidores buscam alternativas mais baratas e, nesse processo, acabam substituindo alimentos naturais e nutritivos por produtos ultraprocessados que, embora mais baratos, têm baixo valor nutricional.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o consumo desses alimentos industrializados cresce a cada ano no Brasil, contribuindo diretamente para o aumento de doenças e comprometendo o bem-estar da população.
O Ministério da Saúde (MS), por meio do Guia Alimentar para a População Brasileira, destaca que a alimentação saudável é uma das principais estratégias para prevenir doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Essas condições estão diretamente associadas ao consumo excessivo de ultraprocessados e à má qualidade da alimentação cotidiana.
Importância da alimentação saudável
Paula Borges Magalhães, nutricionista graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em nutrição esportiva, emagrecimento e obesidade pela UniBH, reforça que uma alimentação saudável é fundamental para a manutenção da saúde, prevenção de doenças e melhora da qualidade de vida.
"Uma alimentação equilibrada fornece ao organismo os nutrientes necessários para que ele funcione bem, fortalecendo o sistema imunológico, regulando o metabolismo e prevenindo doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e até alguns tipos de câncer. Além disso, comer bem também impacta diretamente no bem-estar emocional, na disposição e na produtividade no dia a dia", pontua a nutricionista.
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Mitos e verdades sobre alimentação saudável e de baixo custo
1. Comer de maneira saudável é caro
Esse é um dos grandes mitos quando o assunto é alimentação saudável. A verdade é que muitos dos alimentos mais nutritivos, como feijão, ovos, legumes da estação e frutas regionais têm preços acessíveis.
"Muitas pessoas falam que se alimentar de maneira saudável é caro, mas isso acontece, principalmente, por conta das modas alimentares atuais, como o excesso de suplementos, produtos industrializados rotulados como fit ou proteicos, que não são necessários para todo mundo. É totalmente possível se alimentar bem investindo em alimentos básicos, acessíveis e naturais. O segredo está na escolha de alimentos in natura ou minimamente processados, que são mais baratos, nutritivos e sustentáveis", explica Paula Magalhães.
2. Preciso comprar produtos fitness para uma alimentação saudável
Mito. "Muita gente acredita que só quem compra suplementos, lanches proteicos, farinhas especiais ou superalimentos consegue ter uma boa alimentação, contudo, isso não é correto. A verdade é que estes produtos são opcionais, não essenciais. E lembrando que, na maioria das vezes, são modismos", destaca a especialista que também atua no Hospital das Clínicas da UFMG.
3. Alimentos saudáveis são sempre mais caros do que os ultraprocessados
Mito. A nutricionista ressalta que, embora alguns alimentos ultraprocessados sejam baratos, eles possuem calorias vazias, ou seja, um valor calórico alto com quase nenhum nutriente. "A verdade é que os alimentos in natura possuem alta densidade nutricional e muitas vezes quando se coloca na ponta do lápis, acabam sendo mais baratos."
4. A organização é um aliado na hora de se alimentar de maneira saudável
Verdade. A especialista reforça que o planejamento é essencial e não fica para trás na hora de se alimentar de maneira saudável e econômica, uma vez que essa ação ajuda no bolso do consumidor.
"Fazer lista de compras, priorizar alimentos da safra e evitar o desperdício são estratégias importantes para manter uma alimentação saudável e econômica. É muito importante se organizar antes de fazer ir ao mercado ou feira pensando efetivamente o que será consumido no período considerado, já que os alimentos in natura perdem com facilidade, já que estes não possuem conservantes".
5. Preparar as próprias refeições em casa ajuda na alimentação saudável
Verdade. O ato de cozinhar as próprias refeições reduz custos e melhora a qualidade da alimentação. "Dá para fazer marmitas, porções congeladas e evitar desperdícios, além de aumentar a durabilidade das comidas preparadas", afirma Paula Magalhães.
Dica da especialista: organizar um cardápio semanal, aproveitar os alimentos por completo e evitar desperdícios são estratégias que fazem a diferença no prato e no bolso.
Saiba como aproveitar melhor os alimentos e reduzir desperdícios
Para diminuir o desperdício é importante utilizar integralmente os ingredientes, aproveitando cascas, talos e folhas em preparações como caldos, bolos e sopas.
Outro ponto importante é o armazenamento correto dos alimentos. Guardar frutas maduras na geladeira, congelar sobras em porções pequenas e organizar os itens por validade são atitudes que evitam perdas.
Reaproveitar alimentos não é só economia, é também um hábito sustentável. Com pequenas mudanças, é possível gastar menos e ainda variar o cardápio de forma criativa. Cada ingrediente aproveitado é uma escolha mais consciente no dia a dia.
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Alimentos que parecem saudáveis, mas não são
Segundo o Ministério da Saúde, alguns alimentos passam a falsa sensação de que são saudáveis:
- Embutidos (como presunto e peito de peru);
- Biscoitos e/ou bolachas integrais;
- Barra de cereal;
- Sopa instantânea;
- Pão de forma light;
- Suco de caixinha;
- Chocolate diet;
- Pipoca para micro-ondas;
- Farinha láctea.
Comer bem não precisa ser complicado nem caro. Com planejamento, informação e criatividade, é possível cuidar da saúde sem pesar no bolso.
* Estagiário sob supervisão de Atualidades