Esotérico

Celebrações do Dia de Finados

Programação para você honrar amigos e familiares no próximo dia 2


Publicado em 26 de outubro de 2021 | 03:00
 
 
 
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A morte nunca esteve tão próxima de nós desde que a pandemia começou. Despedidas sem rostos, sem o último beijo, o aperto de mão. Ritos de despedida em suspenso. A celebração de Finados deste ano ganha uma conotação diferente com a queda do número de pessoas contaminadas e o avanço da vacinação. O Esotérico ouviu os representantes de diferentes tradições religiosas para saber como eles celebram a data. 

“Reverenciamos nossos ancestrais, pois graças a eles recebemos a vida neste mundo. 

Na ampla igualdade universal somos a continuidade dos nossos ancestrais e, por isso, reverentemente, lhes prestamos agradecimentos”, ensina Mokugen Roshi, abade do Templo Zen das Alterosas. 

Na tradição zen-budista, “cultuar respeitosamente os antepassados é premissa importante para a prosperidade da família e para a vida longa das gerações posteriores. Tudo no mundo está interligado, e nossos antepassados também são parte de nós. Quando rogamos pela transcendência da alma dos entes queridos, também nos purificamos interiormente porque, originalmente, todos nós fazemos parte da mente universal única”, revela o monge. 

“Durante a cerimônia, os familiares se encaminham de mãos postas até o altar e solenemente oferecem incenso, enviam muita luz e oram pela completa libertação das almas de seus entes falecidos que eventualmente estejam em estado de sofrimento. Há a leitura dos nomes dos ancestrais falecidos. Rogamos encarecidamente para que suas almas completem a sabedoria no outro mundo, sejam completamente salvas, agraciadas e coroadas com plenitude, pureza e paz eterna”, explica ele. 

No Islã, há seis crenças básicas, sendo uma delas a vida após a morte, e isso significa que depois da morte cada um terá uma “nova vida”. “Mas vale lembrar que isso não quer dizer reencarnação, a pessoa não volta mais a este mundo, porém, após a morte, a pessoa tem um julgamento perante Deus e, a partir disso, vai ao paraíso ou ao inferno”, esclarece Wasim Ahmad Zafar, presidente da Associação Ahmadia do Islã no Brasil. 

Ele explica que o morto também precisa elevar seu espírito, “ou seja, se ele for ao inferno, tem que progredir espiritualmente ali, podendo entrar no paraíso, onde também há ‘degraus’, e ele pode evoluir após melhorar sua alma. Nesse sentido, é muito importante que nós visitemos o cemitério e oremos para os mortos, tanto no Dia de Finados quanto em qualquer outro dia”. 

Nessa data, ressalta Zafar, “cada um pode ver o fim do homem, pois esse mundo não é um lugar permanente e, assim, pode corrigir seus erros e evitar os pecados. Este deve ser o principal motivo da visita aos cemitérios. Levar flores, comida ou qualquer outra coisa para os mortos não é ensinamento do Islã, pois não leva nenhum benefício aos mortos. No lugar disso, deve-se dar comida ou ajudar alguém necessitado em nome da pessoa que morreu. Essa atitude agrada a Deus”.    

A Seicho-No-Ie do Brasil comemora o Dia de Finados fazendo a leitura coletiva da Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade para render tributo de gratidão e manifestar amor aos antepassados que continuam vivos no plano espiritual. “A cerimônia é de alegria porque reverenciamos com amor nossos entes queridos. Montamos um altar com frutas, legumes, flores, água, incenso e vela. Incentivamos que os familiares visitem, lavem os túmulos e coloquem flores em gratidão às almas”, explica Fátima Araujo Oliveto, supervisora responsável pela região BH/Caiçara da Seicho-No-Ie. 

Judeus e espíritas não comemoram data 

 Os judeus não têm um dia de finados no calendário gregoriano nem no judaico. “Durante quatro festas judaicas, Iom Kipur e as três festas de peregrinação (Pessach, Shavuot e Sucot), em determinado momento no final da reza da manhã é realizado um serviço religioso entre 10 e 15 minutos em memória dos parentes falecidos”, explica Leonardo Alanati, rabino e coach. 

Em certas épocas, especialmente no começo do ano judaico, existe o costume de visitar o túmulo de parentes falecidos. “O judaísmo enfatiza a vida e nos orienta a dedicar nossas energias aos vivos e a melhorar o mundo no qual vivemos, por isso não dedica um dia inteiro aos mortos”, finaliza o rabino. 

A doutrina espírita vê a morte de forma muito natural, sem dogmas ou rituais. “Em nosso cotidiano fazemos orações e preces para aqueles que partiram. Para homenagear o ente querido, não é preciso necessariamente ir a cemitérios”, comenta Alisson Pontes de Souza, presidente da União Espírita Mineira. 

O que sensibiliza o espírito, emenda o dirigente, “não é propriamente a visita à sepultura, mas a lembrança fraterna e a prece sincera daquele que ficou na Terra, o que pode ser feito a qualquer momento e em qualquer lugar. O Dia de Finados para os desencarnados não é mais importante do que outros dias”. (AED) 

Gratidão e boas lembranças 

Para os messiânicos, o Dia de Finados é uma data muito especial. “Independentemente do nível espiritual em que estejam, todos os ancestrais recebem permissão para vir até os descendentes. Nós, os descendentes, agradecemos a Deus a existência de todos eles e rogamos por sua elevação espiritual, por meio das orações, da dedicação sincera à salvação de pessoas e construção do paraíso terrestre, por meio da oferta de flores e saborosas iguarias”. “Dessa forma, envoltos pela luz de Deus, os antepassados retornam ao mundo espiritual em um nível diferente daquele em que se encontravam”, explica Wany Cristina de Oliveira, ministra responsável pela Igreja Messiânica de Belo Horizonte. 

“Desde o século IV a Igreja Católica já reservava uma data para rezar para os mortos, mas somente no século XIII ela oficializou o dia 2 de novembro para se reverenciarem os mortos”, relembra o padre Renato Alves Oliveira, doutor em teologia pela Pontifícia Universidade de Roma e professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 

Para os católicos, a data não é de tristeza. “Aqueles que já passaram por nossas vidas não são esquecidos, permanecem vivos em nossa memória. O tempo atenua a dor, mas não apaga sua memória. Para a fé cristã, a resposta à morte é dada pela ressurreição”, explica o religioso. (AED) 

SERVIÇO 

Templo Zen das Alterosas - Cerimônia no dia 2 de novembro, às 10h. Os interessados devem se inscrever antecipadamente. Rua Itaparica, 245, Serra. (31) 99841-2205 

 Seicho-No-Ie - Cerimônia no dia 2 de novembro, na rua Coronel Antônio Junqueira, 130, Santo André. (31) 3411-7411. Haverá transmissão da cerimônia no YouTube da Seicho-No-Ie do Brasil a partir das 8h30 

 Igreja Messiânica - O culto presencial acontece no dia 2 de novembro, às 11h, na rua Ouro Preto, 756, Barro Preto. Haverá transmissão ao vivo, às 9h, do ritual que acontecerá no Solo Sagrado, pelo canal da Igreja Messiânica Mundial do Brasil no YouTube. 

 Igreja Católica - Acesse o site para conferir o horário da missa em sua paróquia.  www.arquidiocesebh.org.br 

 

 

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