“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. O que, na música, o poeta Vinicius de Moraes chamou de desencontro, na vida real casais mostram que nem mesmo os rumos diferentes que a vida toma, seja por ciúmes ou pela distância física, são suficientes para apagar o sentimento de uma história de amor vivida no passado. O TEMPO encontrou eternos apaixonados para compartilhar suas histórias às vésperas do Dia dos Namorados.


O primeiro namoro entre o aposentado Paulo Schettini, 67, e a dona de casa Nadir, 64, que começou quando eles eram adolescentes, em Muriaé – cidade da Zona da Mata mineira –, não resistiu à distância quando ela teve que se mudar para estudar em Manhuaçu – a cerca de 200 km de onde moravam.


Afastados, Paulo chegou a ficar noivo, enquanto Nadir apenas namorou. O reencontro aconteceu cerca de dez anos mais tarde, em Belo Horizonte. Antes disso, eles contam que recebiam notícias um do outro através de amigos em comum, mas a aproximação não passava disso. “Por uma amiga, ela pediu que me entregasse o endereço dela, porém, eu estava viajando a trabalho. Assim que voltei e recebi o recado, fui até a casa dela, e recomeçamos o namoro. Hoje estamos casados há 38 anos. O amor sobrevive a tudo e a qualquer intempérie, desde que haja respeito e carinho”, diz o aposentado.


Primeiro e ÚNICO. Bastou uma troca de olhares para que a auxiliar de enfermagem Maria Lúcia Galvão, 55, e o engenheiro hospitalar Olavo da Silva, 56, se apaixonassem quando jovens. “Tinha ido me encontrar com uma amiga no local em que começaria a trabalhar, e, na recepção, tinha uma pessoa tão especial que, na hora que a gente se viu, não conseguíamos parar de rir um para o outro, sem nem nos conhecermos”, relata Maria Lúcia.


Dessa forma começou a troca de olhares do casal, que, por dois anos, namorou escondido. “Ele ligava para o meu setor só para ouvir a minha voz, até me apelidou de `rouquinha´. Depois fui transferida e terminei o relacionamento porque eu era muito ciumenta e imatura. Revoltada, me casei no ano seguinte com outra pessoa, o oposto dele”, lembra.


Maria Lúcia conta que ficou casada por dez anos, teve dois filhos, e Olavo também ficou noivo mas, no dia do casamento, desistiu. Separados, cada um sofria à sua maneira. “No dia do casamento dele, chorei o dia inteiro, e minha sogra conta que, quando terminamos, ele emagreceu tanto que quase morreu”.


O reencontro aconteceu uma década depois e pegou Maria Lúcia de surpresa. “Fiquei dez anos esperando por um telefonema, e ele foi pessoalmente ao meu trabalho entregar o convite de formatura. Conversamos, e ele disse que a única barreira para que pudéssemos voltar era o anel no meu dedo”, disse.


No dia seguinte, a auxiliar entrou com o processo de separação, e, enquanto isso, eles namoraram escondido por um ano. “No dia que consegui me separar, saí de casa com poucas coisas, passei na casa dele e disse: É agora ou nunca!”, lembra.


Com a emoção de uma adolescente apaixonada, Maria Lúcia conta que as alianças para comemorar os 25 anos de casados já estão compradas. “O verdadeiro amor o tempo não consegue apagar. A gente ama só uma vez na vida e só uma pessoa”, conta.